EDITORIAL Águia mole
Vem aí teste decisivo na Champions para o Benfica mostrar nova velocidade
Vai o Benfica precisar de compreender porque estão, provavelmente, mais olhos postos sobre a equipa de Roger Schmidt do que sobre qualquer outra. Das candidatas aos títulos do futebol nacional, é a equipa das águias que volta a gerar, à partida, maior expectativa, não apenas por ser a campeã nacional, mas também por se ter reforçado como se reforçou.
É natural, assim, que se centre sobre a equipa do Benfica atenção mais generalizada e é natural que o sentido crítico seja proporcional ao nível de exigência colocado, aliás, pelo próprio clube e pelos próprios adeptos.
Daí as dúvidas que parecem, aqui e ali, ir-se instalando em redor de uma equipa que, pese a boa série de vitórias em todos os jogos nacionais (com o impacto de dois sucessos sobre o FC Porto) desde a derrota na primeira jornada da Liga, no Bessa, é visível não estar ainda a rolar à velocidade que lhe vimos na maior parte da última época, e deixou, para já, imagem insuficiente na Liga dos Campeões, ao registar duas derrotas nos dois jogos já cumpridos.
A estreia na Taça de Portugal neste final de semana não causou qualquer sobressalto às águias, mas creio ter voltado a confirmar como esta segunda versão do Benfica de Roger Schmidt ainda parece jogar a baixas velocidades e sem a mesma capacidade de pressionar suficientemente alto o adversário de modo a recuperar tão rapidamente a bola como mostrou consegui-lo a primeira versão, quando chegava a ser capaz de posicionar, no ataque à recuperação da bola, sete jogadores no último terço ofensivo, deixando apenas Otamendi, António Silva e um dos médios defensivos mais junto à linha do meio campo. Claro que fazê-lo exige grande frescura e disponibilidade física. Mas exige também melhor organização.
Vem aí decisivo teste na Champions, com a Real Sociedad, e sabe-se como os encarnados vivem habitualmente rodeados de atmosfera de impaciência, própria, aliás, de quase todos os grandes clubes. Mas há impaciência e há a expectativa criada por reforços que custam muitos milhões de euros, como custou o até agora tão infeliz Arthur Cabral, que, nos Açores, por pouco voltava a não conseguir marcar. O problema, porém, não deve estar (ainda) em Cabral, que não fez pré-temporada na Luz e justifica o indispensável tempo de adaptação. O problema, entre os adeptos, estará no trauma que, sobretudo nos últimos cinco anos, foram sucessivamente deixando na águia contratações falhadas ou relativamente falhadas (e todas caras ou relativamente caras) como Raúl de Tomás, Pedrinho, Everton Cebolinha, Julian Weigl, Luca Waldschmidt, Roman Yaremchuk ou Soualiho Meité. Traumas assim não são fáceis de apagar!...
MORREU a maior lenda do futebol inglês e uma das maiores figuras de toda a história do futebol mundial. Mas Sir Bobby Charlton representava muito mais do que isso. Era um dos grandes do jogo, mas também um dos grandes como figura pública do desporto. Talvez o exemplo por excelência de um cavalheiro do futebol.
Homem de imagem extraordinariamente elegante, gentil e delicada, será hoje muito mais recordado pela figura distinta que, durante anos, vimos sentada nas bancadas do mítico estádio de Old Trafford, do seu Manchester United, do que propriamente pela grande habilidade e inteligência com que jogou futebol e ganhou a notoriedade dada a qualquer um dos maiores de sempre.
Nunca o vi jogar. Mas mesmo os que, como eu, não puderam admirá-lo no campo, aprenderam a admirá-lo fora dele, pela história que construiu, mas também por essa imagem que sempre soube passar de ser um dos mais reconhecidos e notáveis cavalheiros do futebol.
Amigo e grande admirador do nosso Eusébio, construiu com ele significativa relação de proximidade que os levou, inúmeras vezes, já sem uma bola e um campo, a partilharem diferentes emoções da vida. Eusébio já partiu há um par de anos. Sir Bobby Charlton partiu ontem. Ambos lendas. Ambos imortais. Fica o profundo respeito e a enorme admiração.