A vitória de Rui Vitória

OPINIÃO30.08.201804:00

A distância entre o sucesso e o insucesso mede-se muitas vezes pela sorte e pelo mérito. Na última jornada da Liga 2017/2018 o Sporting tinha tudo na mão para segurar o segundo lugar e a consequente participação em duas pré-eliminatórias de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, mas a derrota na Madeira frente ao Marítimo (1-2) e o triunfo encarnado em casa frente ao Moreirense (1-0, golo de Jonas) alterou a ordem das coisas. Tivessem as águias terminado em terceiro e provavelmente não teriam passado por um verão tão calmo, pois a imagem de insucesso ficou colada a Rui Vitória - perda do penta e pior participação de sempre na Liga dos Campeões. A sorte teve aqui um papel relevante.

 Mas a tranquilidade e o tempo que os encarnados tiveram para preparar a nova época não foram sinónimo de uma equipa em alta no final de agosto, a nível de soluções para cada posição. Basta analisar o onze que começou o encontro decisivo de ontem em Salónica: só um dos nove reforços foi titular (o guarda-redes, Vlachodimos); o meio-campo teve um jovem da formação (Gedson) e no ataque esteve a quarta opção para o lugar de ponta de lança (Seferovic), após a permanência de Jonas e as aquisições de Castillo e Facundo Ferreyra.

O mérito da passagem à fase de grupos da Champions e a consequente entrada de €43 milhões nos cofres da Luz é, pois, de Rui Vitória: numa equipa na qual os pontas de lança não estão a fazer praticamente a diferença, seja por ausência (Jonas e Castillo, lesionados) ou por inação (Ferreyra), o técnico encontrou soluções alternativas. Como diz o povo: caçou com gato.

Surgirá agora oportunidade para o Benfica se redimir da mancha que foi a Champions de 2017/2018. A boa notícia é esta: só pode ser melhor. Porque pior é impossível.