Vítor Bruno foi sacrificado no FC Porto, como cordeiro e para remissão de pecados, alguns dele, seguramente mais de quem o escolheu para treinar o FC Porto. A aurora da anunciada imaculada nova era, embora de outra obscura tenha nascido, trouxe um sol radioso ao Dragão. Houve promessas cumpridas de transparência, cantadas por quem durante anos e anos, talvez 42, disso pouco se importou, houve esforço reconhecido para recuperar financeiramente clube e SAD que caminhavam para o abismo, há nova e moderna comunicação. E ainda prevalece a sensação de recuperação de um clube para a modernidade, apesar de alguns deslizes — que se podem compreender no calor de uma noite — da língua e de comportamento, em túnel de balneário. Das loas ao antigo presidente, como se nem um pingo de responsabilidade tivesse no que tanto se criticou antes do dia das eleições, vale pouco falar. Os primeiros tempos de André Villas-Boas nunca seriam fáceis e, no entanto, este novo FC Porto já fez caminho, para lá dos gabinetes. Conquistou uma Supertaça, foi eliminado na Taça da Liga e na Taça de Portugal, luta por continuar na Liga Europa, está a quatro pontos do líder Sporting no campeonato, com menos um que o Benfica, e, como tal, ainda com esperança justificada de chegar ao primeiro lugar. É pouco, pelo visto, para os adeptos e para o presidente, que acabou de despedir o treinador, mesmo que o anterior tenha deixado a equipa, na última época, a 18 pontos do campeão e no terceiro lugar. Qualquer escolha do treinador é decisiva para um clube. Que ninguém se deixe enganar pela pompa e circunstância de anúncios de projetos. E, se considerou que errou da primeira vez, mais importante será não errar agora. O FC Porto estará a negociar a contratação de Martín Anselmi, 39 anos, com trabalho elogiado no México, sem alguma experiência na Europa e, provavelmente, com desconhecimento da realidade portuguesa. Chegando é, no mínimo, mais um risco que Villas-Boas vai correr. A dimensão desse risco poderá ser maior ou menor se o presidente do FC Porto for capaz de reconhecer, publicamente, que está em desvantagem em relação aos restantes candidatos ao título, pela circunstância da dificuldade financeira que herdou. Estaria, no fundo, a fazer como Ruben Amorim no Manchester United, quando anunciou que a tempestade se aproximava. Vítor Bruno não teve essa possibilidade quando o presidente, logo em setembro, falou do compromisso de vencer todas as competições e da ambição de ganhar a Liga Europa. A tempestade abateu-se sobre o FC Porto, desconhecendo-se se será passageira e trará um novo sol radioso ou terá proporções bíblicas e recuperará o escuro de noites quentes. A derrota do Benfica na Champions O Benfica perdeu com o Barcelona na Liga dos Campeões de forma dramática, prejudicado por um erro da equipa de arbitragem mesmo no fim. Só pode agarrar-se ao futebol que produziu para seguir em frente e para reforçar a convicção de que está no caminho certo. Não será fácil.