A Seleção depois de Santos
Não é obrigatório escolher um grande nome, os jogadores são convencidos pela ideia
F ERNANDO Santos e José Mourinho. O primeiro é homem discreto, gestor de egos e monocórdico, o outro uma espécie de rockstar, que cria soundbytes e talvez, apenas talvez, ainda seja capaz de recuperar o dom de hipnotizar jogadores a ponto de acreditarem que são os melhores do mundo. Esse Special One revolucionário no banco e fora dele, sobretudo o dos tempos de FC Porto e Chelsea, é um dos melhores da História e seria quase criminoso negar-lhe a Seleção se assim o desejasse. Só que o confronto com Guardiola mudou-o. Tornou-se o rosto assumido do anti-futebol e do resultadismo, além de, reafirmo, há muito não conseguir extrair o mesmo tipo de resposta dos que treina, que antes também protegia (ao absorver as críticas que lhes eram dirigidas) e agora ele próprio entrega à imprensa com declarações acusatórias.
Antes de se escolher o nome, é importante, mais uma vez, decidir o caminho. Perceber qual o estilo que se quer seguir, tendo em conta o perfil dos melhores jogadores. Terá sido o que aconteceu? Se foi, não percebo por que razão se colocam no mesmo saco nomes como Mourinho, Lage ou Rui Jorge, mesmo que no último caso seja numa situação de transição até que o selecionador definitivo possa assumir. Não deveriam interino e escolhido ter desde logo perfis semelhantes? Para mim, sim. E não se trata de dizer se Portugal deve jogar em 4x4x2, 4x3x3 ou 3x4x3, já que sabemos que o desenho não define o modelo. É uma questão de filosofia: passa o futuro por uma equipa de ataque que encaixe nos criativos que temos ou, pelo contrário, não há nada de mal em sentirmo-nos pequenos perante as maiores potências? Essa é a primeira questão a ter de ser respondida. Mais, não é obrigatório um grande nome! Os jogadores são convencidos pelas boas ideias. Se for um grande nome com uma boa ideia, melhor!