A nova época
Equipas reforçaram-se com atletas de valor, os treinadores têm experiência cabal da nossa Liga e aperfeiçoam métodos de jogo
S ÃO muitas as esperanças num resultado positivo e, para isso, só na Liga principal deveremos ter mais de uma centena de jogadores estrangeiros. Em termos de treinadores, mantém-se a aposta em portugueses de quem se aguardam bons resultados. Treinadores nacionais no estrangeiro, em grandes equipas, também deixam a sua marca de grande qualidade e organização. Naturalmente, a imprensa, em função da proximidade com algumas cores clubísticas, não se cansa de elogiar os primeiros treinos, por vezes com híper valorizações repentinas (o que pode ser um excesso precoce) que destacam aspetos banais, nos quais afirmam vislumbrar genialidades. Os jogos confirmarão ou não! As redes sociais também não param de elogiar e criticar, sem medir o exagero, e até comentam as decisões de cada SAD no momento e sem dar tempo ao tempo. Mas é sempre assim o início de cada época. Para além dos craques que se vão destacar, há outros que certamente não conseguirão brilhar tanto quanto esperavam, porque os jogos é que criam os mitos e os talentos. Fala-se muito das transferências, incluindo os respetivos valores. Um dos temas em destaque, este mês, teve a ver com a saída de Francisco Conceição para o Ajax, que bateu a cláusula de rescisão: 5 milhões de euros (para muitos comentadores, para um jovem de 19 anos que está a começar a sua carreira, o valor da transferência e o salário elevado são apenas pormenores!). Recordemos o que outra grande referência do FC do Porto (Domingos Paciência) comentou sobre tema afim: ter o filho no plantel é situação complexa. Comentar de fora essa situação é fácil a quem não tem essa função, contudo o treinador tem de tomar decisões que, em função do resultado final, ou é elogiado ou muito criticado. São sempre os resultados que ditam os sucessos ou insucessos. E se até ao momento os êxitos têm sido uma realidade, nos momentos mais difíceis serão sempre argumento fácil de crítica negativa. O jovem Francisco Conceição, nos inícios de uma carreira que se espera brilhante, fez a melhor opção. Não só porque passou a ter salário muito mais elevado, como vai ter mais oportunidades de desenvolvimento como jogador. A sua transferência vai obrigá-lo a trabalhar ainda mais. Num ambiente diferente e num clube que tem fama e proveito de formar jogadores com grande qualidade. Durante 5 anos Francisco vai ter de trabalhar muito para atingir os patamares mais elevados no futebol. Essa saída, e logo para o Ajax, é também uma prova essencial para conquistar confiança, autonomia e competência, num clube muito exigente, mas que cria muitas oportunidades de desenvolvimento. A relação emocional com o novo treinador ajuda a um distanciamento afetivo que, no FC Porto, seria sempre uma carga adicional para alguns, especialmente em exibições e resultados mais complexos. Há ainda um tempo para concluir a fase de formação e isso precisa de reforço da sua autoestima. Os cinco milhões foram desvalorizados, talvez com intenção de crítica indireta porquanto, pelo seu tempo na equipa principal, ainda há percurso a completar. É ele que tem de superar as dificuldades, para avançar com a sua velocidade, criatividade, dribles, assistências e remates para golo, atingindo uma evolução que se aguarda naturalmente. No futebol, como noutras atividades, o valor é fruto de muito trabalho, de esforço, de aperfeiçoamento constante e de uma raça que é herança de família. O pai, para além do trabalho que integrou neste ano e meio, certamente que confia na capacidade de evolução do filho, que estará mais livre em termos emocionais para se tornar um jogador de enorme qualidade. A saída para o Ajax é, em si mesma, uma garantia de confiança e um desafio que vale a pena superar. Assim como Vitinha e Fábio Vieira foram transferidos por valores elevados (a importância das cláusulas de rescisão), com mais presenças e experiência na equipa, tendo desempenhos decisivos que atraíram grandes clubes internacionais e com muitas posses para os contratarem. Esse será sempre e cada vez mais o destino do FC Porto: formar e descobrir talentos, trabalhá-los, definir cláusulas de rescisão adequadas para continuar a conseguir transferências valiosas e manter um futuro de trabalho mas essencialmente de competência. A época não começou e o universo Porto deve manter-se sempre coeso, pois os adversários não vestem de azul e branco, embora tentem elogiar com intenção de dividir. Afinal quem é o Campeão? Finalmente, as equipas da Liga começam com 17 treinadores nacionais (embora 1 desses treinadores não tenha apresentado as habilitações adequadas, o que se lamenta) e apenas 1 estrangeiro. São atribuídas aos treinadores capacidades e metodologias de eleição, com implantação muito rápida, em função dos jogadores contratados para esse fim. Como estratégia comunicacional, os adeptos e comentadores puxam a brasa à sua sardinha, destacam as aquisições fantásticas, como se essa eventual pressão fosse imprescindível. A questão dos investimentos em jogadores de valor comercial elevado implica saúde financeira, criando algumas barreiras ao desenvolvimento dos mais jovens. Na época passada, como vem sendo hábito, as nossas equipas conseguiram resultados positivos mas há sempre aquela barreira, em determinado período das competições internacionais, em que surgem impossibilidades e erros de arbitragem que têm os seus efeitos. Porém, já vimos o FC Porto e outros, nos últimos anos, conseguir percursos imprevisíveis pela sua competência. Acreditamos que o controlo da segurança nos estádios permite não só melhor qualidade de jogo como também melhor ambiente competitivo. As equipas reforçaram-se com atletas de valor, os treinadores têm experiência cabal da nossa Liga e aperfeiçoam métodos de jogo. O campeão vai defender o título e poderá iniciar a época já com um troféu.
Jogo FC Porto - Mónaco, de apresentação para a época 2022/23, no Estádio do Dragão
APRESENTAÇÃO NO DRAGÃO
U MA festa à campeão. O FC Porto entrou com estratégias e organizações definidas, sempre com grande intensidade e uma estrutura já a funcionar com eficácia. Meio-campo poderoso e Pepê em patamar elevado, fazendo a ligação por todo o campo. Uribe uma fortificação inultrapassável, as dinâmicas atacantes muito fortes e os avançados sempre em trocas de posição. A defender e a atacar, os azuis e brancos já estão prontos para arrancar na máxima força. Com o tempo, as substituições acrescentaram poder, objetividade, velocidade e garantem confiança. A inclusão dos novos jogadores foi tão natural quanto certeira e provaram que já jogam à Porto. Equipa unida, com excelentes aquisições que deram a impressão de jogar juntos desde sempre. Sérgio Conceição voltou a demonstrar como se constrói equipa com várias soluções. Os novos jogadores revelaram a razão das suas escolhas. O resultado foi 2-1 a favor dos dragões, mas nunca esteve em causa a vitória (Taremi e Galeno, os autores dos golos). Aplauso para o regresso de Marcano após um afastamento prolongado por lesão. A equipa mantém a sua arma mais poderosa: união.
REMATE FINAL
Por sanção do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, o Estádio do Dragão foi interditado por dois jogos. Se for mantida a decisão, o jogo com o Sporting (terceira jornada) será disputado em casa emprestada. O FC Porto pode recorrer da decisão para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD). Começar dessa forma uma competição é sinal de lentidão precisa das penalizações, tanto mais que seria sempre sinal de eficácia tentar concluir os processos na própria época. Começar desse modo é sempre acrescentar polémicas que se poderiam e deveriam evitar. Coincidência ou precisão? Afinal nada muda nas estratégias habituais, contudo o FC Porto lutará sempre contra todas as prepotências, em função da sua ancestral herança do Norte.
O presidente do Braga apresentou propostas para mudar os quadros competitivos, defeitos a corrigir, a enorme diferença pontual entre o primeiro e o quinto classificados, o reduzido tempo útil de jogo, horários dos jogos, redução de clubes (aceita até aos 14), definição das exigências para integrar a Liga Portugal. Concluiu que o futebol nacional tem de ser analisado para definir metas. Porém, não esquecer que quem venceu com alargada diferença pontual na época passada, com 3 títulos em 5 épocas, foi Sérgio Conceição e o FC Porto, com as regras em vigor, porque olhou sempre para a vitória independentemente das condições, dos erros de arbitragem, das falhas de golos fáceis e do formato dos quadros competitivos. Falar é mais fácil do que fazer.
Pedro Pablo Pichardo conquistou recentemente o título de campeão do mundo de triplo salto, com 17,95 metros, naquela que foi a melhor marca mundial do ano.
Após o jogo do Sevilha em Alvalade contra o Sporting, Julen Lopetegui afirmou também: «Sérgio Conceição é uma lenda do FC Porto. Tem feito um trabalho extraordinário, conseguiu muitos títulos e uma identidade própria na equipa e tem um mérito enorme no FC Porto. Penso que todos os portistas estarão muito contentes.»