A hora de Schmidt
Se eliminar o Marselha, treinador deixará de ter os adeptos a querer vê-lo, por agora, pelas costas
A vitória do Sporting em Famalicão como que arrumou as contas do título. Só um verdadeiro milagre permitirá ao Benfica manter as insígnias de campeão. Os encarnados ficaram a sete pontos do primeiro lugar, que na prática são oito, pois em caso de igualdade pontual no final do campeonato o desempate far-se-á pela diferença de golos e aí os leões têm mais 15, número realisticamente irrecuperável em cinco jornadas.
Já eliminado da Taça de Portugal e com o segundo lugar seguro - 11 pontos de avanço sobre FC Porto e SC Braga -, o Benfica tem a vantagem de poder dedicar-se a 100 por cento à Liga Europa. Roger Schmidt venceu e convenceu na época transata. Impressionou tudo e todos, tanto que logo renovou contrato e foi mesmo apelidado de novo Eriksson. Um ano volvido, tudo mudou. A conquista da Supertaça rapidamente foi esquecida, as críticas sucederam-se e os assobios voltaram a ecoar na Luz. Mesmo em noite de vitória. Como com o Marselha.
O futebol, contudo, é momento e hoje tudo mudar. O Benfica joga cartada importante em França e o treinador pode ganhar novo fôlego. A Liga Europa não é a Champions, mas para os adeptos não há grande diferença. Há 10 anos que nenhum clube português atinge as meias-finais de uma prova europeia e o Benfica foi o último a consegui-lo. Repetir a presença, já se percebeu, será sempre um feito. A nação encarnada voltará a sonhar com uma conquista europeia e o alemão, aposto, deixará de ter grande maioria a querer vê-lo pelas costas. Pelo menos, por agora. Chegou, pois, a hora de Schmidt.
O alemão, aos poucos, dá sinais de começar a perceber a realidade portuguesa e a dimensão do clube. O jogo com o Moreirense é um excelente exemplo. Depois de ter sido eliminado da Taça pelo Sporting e ter visto o título começar a esfumar-se com a derrota em Alvalade, Schmidt, mesmo dizendo-se surpreendido, percebeu de imediato o significado da contestação no final do jogo com o Marselha e respondeu com sete nomes: Samuel Soares, Tomás Araújo, Florentino, João Neves, Tiago Gouveia, António Silva e Diogo Spencer. Todos portugueses e produtos da formação - pode, até, acrescentar-se o brasileiro Morato, que chegou ao Seixal com 18 anos. É um bom indicador. Falta, claro, voltar a festejar. Já hoje.