‘Vox pop’

OPINIÃO26.10.201804:00

1. Os vox pop no final dos jogos dos grandes são já um clássico televisivo. Assim aconteceu mais uma vez ontem, após o Sporting-Arsenal. No final, um ror de críticas a José Peseiro pela forma como abordou o jogo e como montou a equipa. Tudo bem que o futebol leonino não foi particularmente atraente e de remates enquadrados dos leões à baliza adversária... zero. Mas lembram-se do resultado da última visita duma equipa inglesa de valor similar ao Arsenal a Portugal? Pois. FC Porto, 0 - Liverpool, 5.

2. A tradução literal de vox pop  é simples: voz do povo. Sousa Cintra há muito que é milionário, mas sempre teve a voz do povo. Mas às vezes é conveniente ter mais cuidado. Fragilizar ainda mais o treinador e dizer que foi um amigo que o ajudou a construir o plantel lembra a pouca gente. Ou melhor, só mesmo a Sousa Cintra.

3. A vox pop  ficou dividida com o desempenho do Benfica em Amesterdão. Uns acharam que os encarnados podiam ter feito um bocadinho mais, outros que o resultado acabou por ser inglório. Unânime é que Rui Vitória não fez grande coisa para ganhar o jogo.

4. Uma grande parte da vox pop leonina já condenou José Peseiro. E o povo é quem mais ordena.  A frase, retirada da célebre ‘Grândola Vila Morena’ de Zeca Afonso’ ficou nos murais do país no pós-25 de Abril e na memória coletiva para a eternidade. Mas o Sporting saiu de uma revolução ditada, justamente, pelo seu povo, quando tirou da cadeira do poder Bruno de Carvalho e colocou Frederico Varandas. Será que precisa de outra tão depressa?

5. A vox pop no pós-revolução também garantia que «o povo unido jamais será vencido». Também esta frase ficou eternizada pelos muros que falaram durante anos a fio, até para muitos daqueles que não tiveram oportunidade de experienciar estas vivências ou eram muito pequenos quando estas ocorreram. A frase, na maioria das ocasiões, é verdadeira. Será que em Alvalade a leram?