Espaço Universidade NBA draft-2020: Aposta nos talentos internacionais (artigo de Eduardo Monteiro, 65)
A época desportiva (2019-2020) da National Basketball Association (NBA) esteve suspensa durante 5 meses por motivos que todos conhecemos (pandemia), o que levou a que os últimos encontros da fase regular da competição e os playoffs fossem efectuados nos meses de Julho, Agosto e Setembro, através de um sistema competitivo inovador, sem espectadores, que obrigou à concentração isolada das equipas (bolha) na Disney World na cidade de Orlando, no estado da Florida. A organização da competição nestes moldes gerou importantes receitas televisivas que vieram desanuviar a actual situação financeira das equipas e da própria NBA.
Por outro lado, a competição universitária foi interrompida e as populares fases regionais e o Final Four da NCAA (March Madness) não se realizaram. Quer dizer, a pandemia obrigou à suspensão total das actividades escolares pelo que nem sequer se colocou a hipótese de adiamento da prova nacional. O ano de 2020 é para esquecer em termos académicos, desportivos e financeiros atendendo a que as receitas de bilheteira e das transmissões televisivas são fundamentais para a manutenção do programa de apoio a estudantes/atletas através da atribuição de bolsas de estudo a muitos milhares de jovens desportistas.
Tudo isto, fez com que o Draft da NBA, quer dizer, o recrutamento de talentos tivesse sido transferido para Novembro para haver uma perfeita conciliação com o início do novo ano lectivo universitário e a respectiva calendarização desportiva, assim como a data prevista para o início da competição da NBA, de forma a que as diversas equipas pudessem realizar os testes de avaliação aos diferentes candidatos ao Draft e, igualmente, cumprir a fase preparatória da nova época desportiva.
Entretanto, o Draft-2020, efectuado pela primeira vez por via digital, decorreu com ampla cobertura da comunicação social, como é habitual, através da eleição de 60 jovens talentos oriundos não só das universidades norte americanas, mas também dos talentos internacionais de outros continentes que quiseram tentar a sua sorte neste processo de recrutamento e rejuvenescimento das 30 equipas da NBA. Atendendo a que o número de jogadores internacionais a jogar na NBA tem aumentado significativamente na última década, ultrapassando com alguma frequência a centena de praticantes, as equipas do basquetebol profissional norte americano estão cada vez mais atentas ao aparecimento de novos talentos nas outras regiões continentais. Assim, entre os 60 jovens talentos eleitos 13 são de outros países, quer dizer que cerca de 22% dos eleitos são atletas estrangeiros.
LISTAGEM DOS JOGADORES INTERNACIONAIS ELEITOS
Os 13 jogadores internacionais originários de 10 países: França (2), Israel (2), Nigéria (2), Sérvia, Austrália, Argentina, República Checa, Jamaica, Montenegro e Itália, foram selecionados 7 na primeira volta e 6 na segunda ronda.
1ª VOLTA (posições do 1º ao 30º eleito)
-7º Killian Hayes (França) Base (19 anos, 1,93 m, 97 Kg) Detroit Pistons. Equipas: Cholet (liga francesa) e Ratiopharm Ulm (liga alemã).
-9º Deni Avdija (Israel) Extremo (20 anos, 2,06 m, 102 Kg) Washington Wizards. Equipa: Maccabi Tel Aviv (liga israelita).
-17º Aleksej Pokusevski (Sérvia) Extremo (19 anos; 2,11 m, 97 Kg) Oklahoma City Thunder. Equipa: Olympiacos Pireu (liga grega).
-18º Josh Green (Austrália) Base (20 anos, 1,96 m, 91 Kg) Dallas Mavericks. Equipa: Universidade do Arizona (NCAA).
-20º Precious Achiuwa (Nigéria) Extremo (21 anos, 2,03 m, 102 Kg) Miami Heat. Equipa: Universidade de Memphis (NCAA).
-23º Leandro Bolmaro (Argentina) Base (20 anos, 2,01 m, 91 Kg) Timberwolves. Equipa: FC Barcelona (liga espanhola).
-27º Udoka Azubuike (Nigéria) Poste (21 anos, 2,13 m, 122 Kg) Utah Jazz. Equipa: Universidade de Kansas (NCAA).
2ª VOLTA (posições do 31º ao 60º eleito)
-34º Theo Maledon (França) Base (19 anos, 1,96 m, 80 Kg) OKC Thunder. Equipa: ASVEL (liga francesa);
-37º Vit Krejci (República Checa) Base (20 anos, 2,01 m) Washington Wizards. Equipa: Casademont Saragoza (liga espanhola).
-42º Nick Richards (Jamaica) Poste (23 anos, 2,11 m, 111 Kg) Charlote Hornets. Equipa: Universidade de Kentucky (NCAA).
-44º Marko Simonovic (Montenegro) Poste (21 anos, 2,11 m, 100 Kg) Chicago Bulls. Equipa: KK Mega Bemax (liga sérvia).
-47º YAM MADAR (Israel) Base (20 anos, 1,90 m, 82 Kg) Boston Celtics. Equipa: Hapoel Tel Aviv (liga israelita).
-48º Nico Mannion (Itália) Base (19 anos, 1,88 m, 86 Kg) Golden State Warriors. Equipa: Universidade do Arizona (NCAA).
Se analisarmos o percurso desportivo destes jovens atletas internacionais verificamos que 5 (italiano, australiano, jamaicano e os 2 nigerianos) aproveitaram o sistema de atribuição de bolsas de estudo aos estudantes/ atletas pelas universidades dos USA e, deste modo, juntaram o útil ao agradável (formação académica e especialização desportiva). Os restantes 8 (sérvio, argentino, checo, montenegrino, 2 israelitas e 2 franceses) enveredaram pelo profissionalismo nas equipas que participam nas diferentes ligas europeias. Percursos diferentes em função da realidade sócio económica dos países de origem e dos apoios disponibilizados pelas instituições locais e universidades norte americanas.
Eduardo Monteiro é ex-treinador do SL Benfica e das Seleções Nacionais