Miguel Oliveira: «Darei o meu melhor em Portimão»
Miguel Oliveira
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Miguel Oliveira: «Darei o meu melhor em Portimão»

MOTO GP14.03.202408:00

O piloto português da Trackhouse Aprilia diz que não se compromete com resultados no GP e Portugal (22-24 de março), apenas com a responsabilidade de competir perante os seus fãs. Terceira e última parte da entrevista a A ABOLA

A prioridade, este momento, de Miguel Oliveira é otimizar o rendimento de uma máquina que diz ter sido mais bem-nascida. «No ano passado estava muito confiante porque tinha uma moto da temporada anterior e à partida dar-me-ia uma certa vantagem em termos de afinação, porque já sabia mais ou menos o que é que funcionava, mas não veio a revelar-se assim. E esta época tenho uma moto de fábrica, ou seja, armas iguais aos adversários da Aprilia Racing [equipa de fábrica do construtor de Noale, no Veneto], mas que ainda precisa de ser bem, bem afinada. Portanto, são temporadas diferentes, e diria, incomparáveis, e desafios diferentes».

E pensando-se que essa afinação poderia depender de um piloto talentoso e experiente… «Não, oxalá dependesse…» Então, o que passa por Miguel Oliveira no desenvolvimento da competitividade da moto? «O meu papel é dizer o que preciso e o que quero que a mota faça, e ainda não faz, e depois os engenheiros têm de ir ao encontro dos meus pedidos», explica, de uma forma mais esclarecedora, todavia, do que o ponto atual de desenvolvimento da Aprilia #88? «Ainda lhe falta…  A nossa mota teve uma mudança significativa. O conceito de aerodinâmica é muito diferente, temos muita carga aerodinâmica e temos de jogar bem com essa carga, e simplesmente, ainda não está bem afinada. O Aleix [Espargaró, que foi 8.º classificado na corrida no Catar], com o seu estilo peculiar de guiar conseguiu compensar algumas das coisas que a mota não faz tão bem, mas em corrida as dificuldades são menos disfarçáveis».

Já sobre o nível de competitividade do MotoGP, o piloto de Almada é muito mais perentório. «Estamos a viver os anos mais competitivos de sempre do MotoGP! Até na era em que o [Marc] Marquez dominava, a classe não era tão competitiva como é agora. Estamos todos separados por… nada! Antes havia, talvez, quatro ou cinco pilotos candidatos à vitória, hoje, à partida, a cada fim de semana, há dez ou 12 que podem ganhar a corrida. Isso faz uma diferença muito, muito grande. Portanto, temos de continuar, corrida a corrida, a partir pedra, para estarmos o mais preparados possível para conquistar essas milésimas».

Milésimas que ainda são centésimas, ou mais. «É verdade, no Catar fomos algumas centésimas mais lentos em cada setor da pista do que a principal concorrência, e todas juntas é o nosso atraso, para já…»

E o que será uma boa temporada em 2024 para Miguel Oliveira? «Voltar aos pódios e às vitórias. 2023 foi um ano com bastante azar à mistura. Problemas técnicos, lesões. Por isso, fazer melhor não será difícil. E é desejável. Este ano gostaria de voltar a pisar o pódio», afirma.

Mal percebe que a pergunta seguinte se refere ao incontornável tema do momento, o Grande Prémio de Portugal, Miguel Oliveira suspira pela inevitabilidade, e por saber que toda a gente dele espera um grande resultado. E solta um espontâneo «claro!» e incontida gargalhada que denuncia o reconhecimento da pressão que carrega sempre que compete no seu país. Pelo fervor dos fãs em querer vê-lo vencer a sua corrida, muitos previstos milhares, ao vivo, no circuito do Portimão. «Não há muito a prometer. O que as pessoas podem esperar é o meu melhor, como dou sempre. O ano passado disse a mesma coisa. Darei, sempre, o meu melhor. Se o melhor for lutar pelo top-10, top-5, o pódio ou a vitória… Vou fazê-lo».

E detalha: «Previ que lutar pelo top-10 era bom resultado no GP [do Qatar] e não me enganei por muito. Portimão é um circuito em que passamos mais tempo inclinados na moto, que creio que pode ser benéfico considerando o desempenho da mota neste momento e com algumas alterações que temos em mente fazer. Mas terei de deixar que o fim de semana o vá revelando aos poucos, e depois logo se verá».

Preparado, portanto. Porque quanto ao estado de corpo e alma não há margem para dúvidas: «Sim, sim, em forma. Finalmente, 100% em forma!»