Wimbledon, o novo jardim de Carlos Alcaraz

Ténis Wimbledon, o novo jardim de Carlos Alcaraz

TÉNIS16.07.202322:47

Há quatro edições consecutivas (2018, 2019. 2021, 2022), 2.194 dias, que Novak Djokovic era imbatível em Wimbledon. E nas últimas 11 ganhara o major britânico por sete vezes (2011, 2014, 2015) em 11 finais (2013). Além do mais estava embalado, afinal esta época já arrecadara os títulos nos Open da Austrália e França.

Assim, quando no primeiro set, apesar de não jogar ao seu melhor, não perdeu muito tempo para despachar a jovem estrela Carlos Alcaraz por 1-6 provocando-lhe sucessivos erros, houve logo quem pensasse que o sérvio, de 36 anos, iria igualar o recorde masculino do torneio pertença do retirado Roger Federer.

E que o embate entre o n.º 2 do ranking ATP e o espanhol n.º 1 serviria também para mostrar que, na realidade, o líder deveria ser outro.

Engano! Afinando o serviço supersónico e uma capacidade de resposta eficaz e veloz à conhecida arte de Djoko, técnica e psicológica, assim como aproveitando (e provocando) erros pouco habituais do sérvio, Alcaraz acabou por vencer a mais mítica etapa do circuito na relva, para a qual tivera tão pouco tempo para se preparar – foi o seu quarto torneio com este piso -, mas que ronda após ronda afirmara estar ali para ganhar.

Ao fim de 4.42 horas o murciano cumpriu o que prometera pelos parciais de 1/6, 7/6 (6), 6/1, 3/6 e 6/4 fazendo a box onde se encontrava toda a família, incluindo os três irmãos, explodir de alegria e emoção e deixando o Rei de Espanha Filipe VI de sorriso rasgado a aplaudi-lo. Afinal apostara bem na presença, como fizera 15 anos antes, quando, na final de 2008, Rafael Nadal impediu Roger Federer do sexto cetro seguido.

Mas, na tarde de hoje, Novak conheceu uma realidade a que não estava muito habituado. Que alguém, em set após set, lhe quebrasse o serviço. Logo a ele que nos 103 jogos anteriores apenas permitira que tal acontecesse por três vezes.

Mas foi no tie-break do segundo set, 7/6 (6), que o homem que detém 23 títulos do Grand Slam começou a sentir que a jornada iria ser longa, não evitando que o espanhol começasse a equilibrar o marcador e acabasse por vencer. Há mais de um ano, desde Roland Garros 2022, que Djokovic não abria mão de um tie-break.

O êxito galvanizou Alcaraz e este quis ir buscar ainda mais energia nas bancadas com gestos de celebração e pedidos de apoio. Usou toda essa energia para dominar por completo o terceiro set (6-1), quebrando uma vez mais o serviço do adversário e dando um passo enorme para o título.

Se o encontro foi o terceiro mais longo da história de Wimbledon, Carlitos tornou-se ainda no terceiro mais novo (20 anos e 72 dias) de sempre a erguer o troféu em prata que passará a ter o seu nome ao lado dos outros vencedores, mas a que só tem direito a uma réplica pois o original mantém-se no museu do The All England Lawn Tennis Club.

Mais jovens só mesmo o alemão Boris Becker em 1985 (17 anos, 227 dias) e o sueco Bjorn Borg. Este em duas ocasiões: 1976 (18 anos e 226 dias) e 1977 (20 anos e 27 dias), no início de numa sequência de cinco conquistas seguidas. Feito que apenas Federer conseguiu igualar (2003-2007).

Alcaraz, que soma o segundo grand slam em menos de um ano depois de ter ganho o Open dos Estados Unidos em 2022, título que deverá defender, é ainda o terceiro espanhol a conquistar Wimblendon no sector masculino depois de Manuel Santana (1966) e Rafa Nadal (2008 e 2010), este já na era open, que começou em 1968. Nas duas anteriores presenças o melhor que conseguira havia sido chegar à quarta ronda. Agora, tem o mundo da relva (e não só) a seus pés.