«Vou escrever um livro e o título será... o golo que falta»

Andebol «Vou escrever um livro e o título será... o golo que falta»

ANDEBOL01.08.202103:32

Paulo Jorge Pereira não escondeu alguma tristeza com a derrota com o Japão e a consequente eliminação de Portugal no torneio olímpico de andebol. O selecionador foi inclusive algo crítico com a forma como a participação portuguesa foi preparada.

«Frustração não, apenas sinto-me um pouco triste. Já o disse antes em tom de brincadeira, mas um objetivo que eu tenho é daqui a uns anos escrever um livro e o título será o golo que falta. Como sabem em Portugal o desporto importa pouco. Organizamos pouco para competir com equipas de altíssimo nível, que se preparam para estas competições e o que levo daqui é um sentimento de tristeza por sentir que podemos fazer mais do que isto, se planificarmos melhor as coisas. Se nos pusermos ao nível deles. Faltou desde o início a questão da adaptação às oito horas de diferença. Quem vive isto sabe o que estou a dizer, quem nunca viveu não sabe. Quem vai só de Espanha para Portugal ou de Portugal para Espanha não sabe o que é isto, mas vivemos sempre em défice e sabia desde o início, desde que vi a série, que ter este jogo com o Japão às 9h00 ia ser uma condicionante enorme, por isso é que naquele jogo com a Suécia fizemos tudo por tudo para pelo menos ganhar um ponto. Aí até esse golo faltou, com esse golo já estávamos praticamente apurados. Ao longo destes dois últimos anos conseguimos alertar toda a gente que Portugal pode fazer bem, mas é muito difícil ao mesmo tempo competir com seleções que investem bem mais do que nós.»

Portugal deixa o Japão sem qualquer medalha no andebol, mas o técnico garante que é possível fazer melhor do que fez em Tóquio, mesmo que tenha sido a primeira participação de uma seleção de andebol nos Jogos: «Nós temos de fazer muito melhor do que isto desde o início, insisto. Sinto-me orgulhoso sempre, mas acho que nós, enquanto equipa e enquanto país, podemos fazer muito mais do que o que fazemos. Há muita gente que passa e trabalha muito para poder trazer comida para a mesa, mas também há muita gente que pode fazer muito mais e não faz. Quem? Muita gente. Falo de um contexto muito geral, por isso uma palavra de apreço para aqueles que fazem com que Portugal seja cada vez melhor todos os dias e nós, tendo de aprender e melhorar sempre coisas enquanto indivíduos, sinto que nos últimos dois anos fizemos por isso.»