Tudo o que precisa de saber para compreender os Jogos Paralímpicos
Os Jogos Paralímpicos 2024 começam 4.ª feira, dia 28 de agosto, e Portugal participa com 27 atletas em 10 modalidades

Guia: Tudo o que precisa de saber para compreender os Jogos Paralímpicos

MODALIDADES25.08.202410:00

Existem 22 modalidades no programa paralímpico e salvo o boccia e o goalball, que são exclusivas do evento, todas as outras são familiares aos adeptos do desporto. Só que com regras e especificidades próprias

Atletismo - Atletas com deficiência motora, visual ou intelectual

Classes nas provas de pista (T)

T11 a T13: Deficientes visuais

Todos os atletas da classe desportiva 11 correm com um parceiro de competição (atleta-guia) e com os olhos vendados.

T20: Deficientes intelectuais

T31 a T38: Deficientes motores (paralisia cerebral)

Os atletas das classes desportivas 31 a 34 competem em cadeira de rodas, enquanto os atletas das classes desportivas 35 a 38 competem de pé.

T41 a T46: Atletas com um ou mais membros amputados

T51 a T58: Deficiência motora

As classes desportivas do grupo 50 só incluem atletas que competem em cadeira de rodas, com sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações.

Classes nas provas técnicas (F)

F11 a F13: deficientes visuais

F20: deficientes intelectuais

F31 a F38: Deficientes motores (paralisia cerebral)

Os atletas das classes desportivas 31 a 34 competem em cadeira de rodas, enquanto os 35 a 38 competem de pé

F40: Atletas com nanismo

F41 a F46: Atletas com um ou mais membros amputados

F51 a F57: Deficiência motora

As classes desportivas do grupo 50 só incluem atletas que competem em cadeira de rodas. Destinam-se a aletas com sequelas de poliomielite, lesões medulares e amputações. Nestas classes, os atletas competem em cadeira de rodas

Atletismo

O número da classe é antecedido pela letra T (Track) nas provas de pista, e pela letra F (Field) nas provas técnicas; em relação ao programa olímpico, não se realizam as provas de obstáculos e barreiras.

Badminton - Os atletas são divididos em seis classes (duas em cadeira de rodas e quatro em pé), com as regras do badminton seguidas, exceto por pequenas modificações. Todos os eventos usam um formato de melhor de três jogos, cada um com 21 pontos. A altura da rede é a mesma para todas as classes.

Roma1960, os primeiros passos

A 9.ª edição dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville é considerada a primeira edição dos Jogos Paralímpicos, realiza-se de 18 a 25 de setembro em Roma, Itália, seis dias após a Cerimónia de Encerramento dos Jogos Olímpicos

Basquetebol em cadeira de rodas - atletas com deficiência motora

É considerada por muitos como a modalidade rainha entre os desportos coletivos, o basquetebol é disputado num recinto com tabelas e bola de tamanhos iguais aos usados pelos atletas regulares.

A cada atleta, consoante o seu grau de deficiência, é atribuído uma classe desportiva (pontuação), que varia entre 1 e 4,5.

Cada equipa inclui cinco jogadores em campo e sete suplentes.

De forma a garantir a lealdade do jogo cada equipa de cinco jogadores só pode ter no campo de jogo, em simultâneo, um máximo de 14 pontos.

Cidade do México1968/Tel Aviv

Por razões técnicas, os Jogos Paralímpicos são transferidos da Cidade do México (onde os Jogos Olímpicos foram realizados) para Tel Aviv. São realizados de 4 a 13 de novembro, atraindo 750 atletas de 29 nações. O basquetebol feminino em cadeira de rodas faz sua estreia paralímpica, além de um evento de destaque nos Jogos Paralímpicos atualmente: a corrida de 100m em cadeira de rodas

Boccia - atletas com deficiência motora (paralisia cerebral em cadeira de rodas, ou doenças neuromusculares)

O boccia disputa-se num pavilhão com marcações próprias e envolve 13 bolas: seis de cor azul, seis de cor vermelha e uma bola branca, o alvo (também denominada como jack). O é colocar o maior número de bolas de cor próximo da bola alvo.

As bolas podem ser atiradas com a mão, pé, uma calha ou um ponteiro. Estes dois últimos são dispositivos para atletas com uma deficiência que lhes afete os quatro membros.

No boccia, designado pelas iniciais BC, os atletas são divididos em quatro classes, numeradas de um a quatro. As classes um e dois são destinadas a atletas que jogam com a mão ou com o pé, a três agrupa os atletas que jogam com calhas, e a quatro os praticantes que sofrem de doenças neuromusculares.

É uma modalidade exclusiva dos Jogos Paralímpicos, podendo ser disputado individualmente, em pares ou por equipas de três elementos, divida por sexos

Canoagem - atletas com deficiência motora.

Os atletas competem em caiaques (K) ou canoas (V) e são divididos em três categorias, consoante os movimentos que conseguem efetuar com o tronco, sendo o número mais baixo o de maior severidade.

O ciclismo está dividido em duas variantes: estrada e pista, nas quais são permitidas alterações às bicicletas para facilitar os atletas com uma deficiência específica

Ciclismo - atletas com deficiência motora e deficiência visual

1. Os atletas com deficiências motoras competem em classes de bicicletas manuais, triciclos ou bicicletas convencionais.

Bicicleta Manual (H): H1-3 competem em posição reclinada e H5 sentam-se sobre os joelhos

Triciclo (T): T1 é atribuída a atletas com limitações da coordenação ou perda de potência muscular mais significativas do que as dos atletas que competem na classe desportiva T2.

Bicicleta (C): C1 é atribuída a atletas com a limitação da atividade mais severa, enquanto a classe desportiva C5 inclui atletas que satisfaçam os critérios de deficiência mínimos.

2.        Os atletas com deficiência visual competem em tandem com um parceiro de competição (piloto) normovisual.

Classe T: os ciclistas correm em tandem com um ciclista visual que se senta à frente

Equestre
A equitação paralímpica inclui apenas a disciplina de Ensino (dressage) e é um desporto para atletas com deficiência motora ou visual, divididos em quatro classes (graus), de I a IV.

As habilidades funcionais de cada cavaleiro definem o enquadramento em uma das quatro classificações:

Graus I e II: Para atletas em cadeiras de rodas com pouco equilíbrio do tronco e/ou debilitação de funções em todos os quatro membros e pouco, ou nenhum equilíbrio do tronco e bom funcionamento dos membros superiores.

Grau III: Para atletas capazes de caminhar sem suporte, com moderada debilitação unilateral. Atletas que têm total perda de vista em ambos olhos.

Grau IV: Para atletas com um ou mais membros ou algum grau de deficiência visual.

Heidelberg 1972

984 atletas de 43 países, todos em cadeira de rodas, competem. Dois marcos significativos ocorrem nos Jogos Paralímpicos de 1972: a campanha dos amputados pelo direito de participação e a reunião entre chefes de delegação e treinadores para discutir a implementação das regras para cada evento e abre as portas para os futuros sistemas de classificação de deficiência em cada modalidade

Esgrima em cadeira de rodas
Desporto destinado a atletas em cadeiras de rodas, que estão fixadas ao chão para permitir estabilidade e liberdade de movimentos na parte superior do corpo do atirador.

Os atiradores estão ligados a uma caixa eletrónica que contabiliza os toques válidos.

Classes

Categoria A: Os esgrimistas têm bom controlo do tronco, o que lhes permite o movimento para a frente e para os lados, quando atacam o oponente ou quando se esquivam de um ataque. Além disso, o braço armado é totalmente funcional.

Categoria B: Os esgrimistas têm controlo do tronco pior do que o descrito na categoria A e um braço armado funcional, ou têm controlo do tronco normal e funcionalidade do braço armado minimamente diminuída.

Todos os esgrimistas em cadeira de rodas têm deficiências nas pernas ou pés que os impedem de competir de pé contra esgrimistas não deficientes.

Toronto 1976

Participam 1.657 atletas, incluindo 253 mulheres, representando 40 países. Pela primeira vez na história, amputados (261) e atletas com deficiência visual (187) competem nos Jogos. O canadiano Arnie Boldt, 18 anos, amputado acima da perna, apresenta um desempenho impressionante no salto em altura masculino, ultrapassando 1,86 metros e ganha o ouro

FUTEBOL 5 - atletas com deficiência visual
O desporto é praticado por atletas com deficiência visual, que são divididos em três classes, que começam sempre com a letra B (do termo Blind, cego em inglês).

Todos os jogadores são obrigados a jogar com os olhos vendados.

O jogo é praticado com uma bola que incorpora um guizo no seu interior. O guarda-redes pode ser normovisual ou amblíope.

Nos Jogos Arnhem 1980 competem pela primeira vez pessoas com paralisia cerebral (125). O voleibol sentado, praticado exclusivamente por amputados, faz a estreia paralímpica

GOALBALL - atletas com deficiência visual

A modalidade disputa-se num campo de 18 metros de comprimento por nove de largura, com marcações específicas através de linhas com relevo. Em cada topo do campo estão colocadas balizas de nove metros de comprimento e 1,30 metros de altura.

Duas equipas de três elementos (com um máximo de três suplentes) disputam uma bola, cujo interior inclui placas metálicas para produzir sons, com o objetivo de a introduzir na baliza contrária através de lançamentos manuais.

Nesta modalidade, os atletas deficientes visuais das classes B1, B2 e B3, competem juntos e independente do nível de perda visual, utilizam uma venda durante as competições para que todos possam competir em condições de igualdade.

Nova Iorque 1984

Portugal estreia-se nos Jogos Paralímpicos e conquista quatro medalhas de ouro, três no atletismo - António Carlos Martins (2) e Reinaldo José Pereira - e uma no Boccia, em equipas mistas

JUDO - atletas com deficiência visual
Combates de cinco minutos, num tatami (tapete), que inclui uma zona de delimitação com relevo ou com diferença térmica.

Os judocas têm como objetivo conseguir um Ippon (10 pontos), se nenhum dos atletas conseguir nos cinco minutos de combate, o vencedor será aquele que mais pontos somar.

Além das categorias por peso, os judocas são divididos em três classes, de acordo com o grau da deficiência visual. Todas começam com a letra B (Blind, cego em inglês): B1, B2 e B3.

NATAÇÃO – Atletas deficiências visuais e motoras
Os nadadores com deficiências locomotoras são agrupados nos diversos estilos (livres, costas, bruços, mariposa e estilos) de acordo com as suas capacidades funcionais através de avaliações, nomeadamente, da força muscular, coordenação e limitação de movimentos.

Os nadadores não podem usar aparelhos de assistência ou próteses.

O número da classe é antecedido pela letra S (Swimming), podendo em alguns casos ser utilizadas letras relativas aos estilos das provas SM (Swimming Medley) e Swimming Breaststroke (SB).

S1 a S10 / SB1 a SB9 / SM1 a SM10 – nadadores com limitações físico-motoras

S11, SB11, SM11 S12, SB12, SM12 S13, SB13, SM13 – nadadores com deficiência visual

S14, SB14, SM14 – nadadores com deficiência intelectual

POWERLIFTING - a atletas com deficiência motora

Atletas levantam a barra com halteres deitados de barriga para cima, até esta ficar imóvel o mais alto possível num período de dois minutos.

Seul 1988

Pela primeira vez na história, os Jogos Paralímpicos são realizados no mesmo local dos Jogos Olímpicos de Seul, na República da Coreia

RÂGUEBI EM CADEIRA DE RODAS - por atletas com deficiência motora, incluindo tetraplégicos

O râguebi é praticado por atletas com deficiência motora, incluindo desportistas tetraplégicos, num pavilhão com as dimensões oficiais para um campo de basquetebol (28mx15m).

Em cada topo está colocada uma zona de ensaio delimitada por dois cones com uma distância de oito metros entre si. As equipas podem ser mistas.

O jogo é dividido em quatro períodos de oito minutos, com intervalos de um minuto nos primeiros e terceiro períodos.

Em Seul 1988, o norte-americano Dennis Oehler faz história ao tornar-se o primeiro amputado de uma perna a correr 100m em menos de 12 segundos; conquistou a medalha de ouro com o tempo de 11,73 segundos

Remo - deficiência motora ou deficiência visual

O remo é disputado por atletas com deficiência motora ou deficiência visual.

A modalidade, que se disputa em quatro categorias de embarcações, rege-se pelas regras do remo regular e tem três classes para cada uma das deficiências.

Nos Jogos Paralímpicos Barcelona 1992 é incluído o ténis em cadeira de rodas como uma das 15 modalidades do programa desportivo; Foram estabelecidos 279 recordes mundiais, incluindo Heinz Frei (Suíça) na maratona em cadeira de rodas em 1.30 horas

TAEKWONDO- atletas com deficiência visual, intelectual, e motora

Este desporto está aberto a atletas com deficiência visual, intelectual, e motora, agrupados em várias categorias, conforme o peso e classes, de acordo com a sua funcionalidade.

Disputa-se nas variantes Kyorugi (luta combinada) e Poomsae (combinação de execuções alternadas de técnicas de defesa e ataque).

O americano Tony Volpentest, amputado das duas pernas e braços, correu com próteses nos 100 metros e colocou o recorde olímpico em 11,36 s em Atlanta1996

Tony Volpentest

 Nos Jogos Sydeny2000, a Espanha perdeu a medalha de ouro no basquetebol para deficiência intelectual depois de ser descoberto que jogadores fingiam ter deficiência intelectual quando, na verdade, não tinham

TÉNIS EM CADEIRA DE RODAS - atletas com deficiência motora

O desporto é praticado por atletas com deficiência motora, nas variantes de singulares e pares, masculinos e femininos. Existe uma classe especial destinada a tetraplégicos e para atletas paraplégicos com disfunção ou amputação nos membros superiores.

No ténis paralímpico as regras permitem que a bola toque duas vezes no campo do adversário.

Cada confronto é composto por três ‘sets’, com seis jogos cada.

TÉNIS DE MESA - atletas com deficiência intelectual ou deficiência motora

O desporto é disputado por atletas com deficiência intelectual ou deficiência motora.

Os atletas com deficiência motora competem em classes entre um e 10. Os atletas das classes uma a cinco competem em cadeira de rodas, os entre as classes seis e 10 competem de pé.

Os atletas com deficiência intelectual competem na classe 11.

Cada partida de ténis de mesa é composta por cinco ‘sets’, estando 11 pontos em disputa em cada um dos jogos.

Em Pequim2008, são acreditados 5.800 jornalistas, os Jogos Paralímpicos são transmitidos em 80 países para 3,8 mil milhões de telespectadores

TIRO- deficiência visual ou deficiência motora

O tiro é disputado em pé, cadeira de rodas ou deitado.

Classe SH1 (do termo inglês Shooting): Os atletas atiram com pistola ou carabina. Não precisam de suporte de tiro, porque têm os braços afetados pela deficiência em grau menor e conseguem apoiar suficientemente a arma.

Classe SH2: Destinada a atiradores com uma deficiência mais severa nos membros superiores, que os obriga a usar suporte de tiro. Ao contrário da classe SH1, os atletas só usam carabina.

Classe SH3: Destinada a atletas com deficiência visual.

TIRO COM ARCO - atletas com deficiência motoras

A variante paralímpica de tiro com arco é praticada por atletas com deficiência motoras, existindo três classes desportivas.

O alvo tem um diâmetro de 122 centímetros e está a uma distância dos atiradores, que poderão estar em pé ou em cadeira de rodas, de 70 metros.

Os atletas do tiro com arco são divididos em três categorias. Em duas delas os atletas competem em cadeira de rodas e numa terceira competem de pé.

TRIATLO - deficientes visuais ou motores

Os atletas competem 750 metros de natação, 20 quilómetros de bicicleta e 5 quilómetros de corrida e são divididos em seis categorias:

TRI 1: paraplégicos, tetraplégicos e bi amputados que utilizam a handcycle e cadeiras de rodas

TRI 2: severo comprometimento de pernas que usam próteses

TRI 3: Les autres, que podem ser atletas com esclerose múltipla, paralisia cerebral, distrofia muscular, entre outros

TRI 4: comprometimento dos braços.

TRI 5: comprometimento moderado da perna.

TRI 6: cegos ou de baixa visão, que são auxiliados por guias na corrida e no ciclismo e na natação.

Londres 2012

Em Londres, em 2012, o sul-africano Pistorius tornou-se no primeiro atleta paralímpico a correr ao lado de nuns Jogos Olímpicos. Sem pernas, corria com próteses de fibra de carbono, o que lhe valeu a alcunha de 'Blade Runner'

VOLEIBOL SENTADO - deficientes motores

As diferenças entre o voleibol sentado e o regular referem-se às dimensões do campo, que no caso de atletas paralímpicos é de 10 metros de comprimento por seis metros de largura, e à altura da rede: 1,15 metros para atletas masculinos e 1,05 metros para femininos.

Cada equipa é constituída por seis elementos, mais seis suplentes e não há distinção de classes desportivas.

Os jogadores do voleibol sentado são classificados em duas classes: deficiente e minimamente deficiente. Na primeira, estão aqueles com amputações e com problemas locomotores mais acentuados. Na mínima elegibilidade, os atletas têm deficiências quase impercetíveis, como problemas de articulação leves ou pequenas amputações nos membros. Cada equipe só pode contar dois jogadores da classe minimamente deficiente, e os dois não podem estar em quadra ao mesmo tempo. Ou seja, enquanto um deles joga, o outro fica no banco de reservas.

 O termo Jogos Paralímpicos só foi utilizado oficialmente e aprovado pelo COI a partir dos Jogos de 1984. De 1960 a 1980, o evento era oficialmente designado como 'Jogos Internacionais de Stoke Mandeville'

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