Uma missão (aparentemente) impossível de cada vez. Depois de derrotar a Noruega, na sua própria casa, no dia em que se bateu o recorde de assistência de um jogo de andebol no país; após empatar com a candidata Suécia, contra quem tinha perdido sete dos oito jogos já disputados; nesta sexta-feira, os Heróis do Mar vão precisar de se superar novamente para conseguir algo que nunca foi feito pela Seleção: ganhar à Espanha num jogo oficial. E colocar um ponto final nesse registo de sete derrotas em sete jogos, assegura desde logo um novo feito histórico, uma vez que o triunfo vale o apuramento para os quartos de final, o que significará alcançar o melhor resultado de sempre em Mundiais, batendo o 10.º de 2021, no Egipto. Do outro lado, Portugal vai apanhar uma equipa em clara renovação, com sete jogadores sub-23, que começam agora a ganhar o seu espaço na seleção principal, depois de anos de sucesso na formação. Mas Luís Frade, pivô português que partilha o balneário com vários daqueles atletas no Barcelona, alerta para a muita qualidade que continua a existir do outro lado. «Temos de esperar um jogo muito complicado. Uma equipa dura, que muda sistema defensivo muitas vezes ao longo do jogo, não perde bolas e tem um talento individual incrível», nota, em conversa com A BOLA, desvalorizando a questão da renovação geracional. «Os resultados falam por si. Foram buscar [empataram] um jogo com a Suécia quando estavam a perder por sete na 2.ª parte. Mesmo em renovação, é uma equipa de topo mundial, que todos têm de ter muito em conta», defende. O jogador de 26 anos sublinha, por isso, que Portugal tem de encarar o jogo com a maior seriedade, sem qualquer tipo de facilitismo. «Já de experiências passadas sabemos que não podemos relaxar Temos de estar preparados para defrontar uma super-Espanha, que é forte em termos mentais, físicos, táticos. É muito completa», elogia. Já quanto ao historial negativo de Portugal frente aos espanhóis, Frade desvaloriza. «As vitórias no passado não vão jogar a favor deles. São jogos e realidades completamente diferentes. Cada história é uma história e esperemos que desta vez sorria a Portugal. Não só porque nunca ganhámos, mas também porque queremos passar em primeiro», enaltece. «Nada vinga aquelas derrotas» Se o andebol sénior português tem más recordações de jogos contra a Espanha, Miguel Oliveira, universal de 21 anos que está agora a dar os primeiros passos nos Heróis do Mar, tendo-se estreado na Seleção AA neste Mundial, também não os pode ‘ver à frente’. Afinal, o jogador do FC Porto já perdeu duas finais de Europeus de sub-20 frente aos Hispanos, em 2022 e 2024, naquelas que considera as derrotas mais difíceis da ainda curta carreira. «Principalmente o último, doeu muito. Na duas vezes, ganhámos-lhes em fases anteriores e depois perdemos a final, que é o jogo mais importante. Foram as derrotas mais duras que já sofri», revela Oliveira, com desejo de ajudar Portugal a conseguir um resultado diferente agora, ainda que lamente: «Nada vinga aquelas derrotas». Dessas experiências, Miguel Oliveira conhece bem os jogadores que agora estão a entrar na seleção espanhola. Ele, Diogo Rêma e Ricardo Brandão estiveram nas duas finais, enquanto Kiko e Martim Costa, João Gomes e André Sousa, participaram na primeira. E há algo que para o jogador é óbvio. «A seleção espanhola está a fazer uma renovação, mas não é mais frágil. Têm muita experiência e aquilo que mais os caracteriza é que nunca desistem, como provaram como a Suécia. Nunca se pode menosprezar. Temos de ir com a máxima força até ao fim, até porque neste momento todos os golos podem contar», recorda. O atleta que na época passada jogou nos espanhóis do Ademar León por empréstimo do FC Porto antevê por isso equilíbrio, entre duas equipas com um estilo de jogo semelhante. «Em termos físicos, eles não são tão fortes como a Noruega ou a Suécia, tal como nós. Mas não conseguindo ganhar na força, as equipas têm de ganhar na inteligência. É isso que nós tentamos fazer e foi a Espanha que começou a conseguir ter sucesso ao mais alto nível dessa forma», elogia, antevendo, por isso, um «duelo de andebol cerebral».Mais cerebral, ou mais físico, importante é tirar esta Espanha que há demasiado tempo está encravada na garganta do andebol luso. Está na hora!