Ténis: «Valeu a vontade de ganhar, o espírito de sacrifício e a determinação»
Satisfação de Rui Machado, selecionador nacional, depois das vitórias de Nuno Borges e João Sousa, à moda de top-50, que deixam Portugal a um ponto de ganhar à Áustria e lutar pelo acesso às Finals da Taça Davis
Portugal volta a estar perto de chegar à discussão do acesso às Finals na Taça Davis, após terminar a jornada inaugural esta sexta-feira a vencer a Áustria por 2-0. Com Nuno Borges e João Sousa conquistarem os dois primeiros pontos da eliminatória disputada no Multiversum Schwechat, diante de três mil lugares ruidosos, o selecionador nacional Rui Machado sabe que, este sábado, dia de todas as decisões, o par pode ser primordial. E apesar dos nomes de Francisco Cabral e João Sousa terem sido os anunciados aquando do sorteio, na passada quinta-feira, o antigo internacional reconhecer estar tudo em aberto.
«Amanhã [sábado] vamos ver como acordam os nossos jogadores e tomaremos decisão sobre quem jogará o par», assumiu Machado a A BOLA. Especialista de pares, Cabral é o número um nacional na variante, 54.º do ranking mundial, detém dois títulos ATP em duplas – Estoril Open ao lado de Nuno Borges e Gstaad com Tomislav Brkic, ambos em 2022 -, e parece inequívoco que vai ser chamado à liça.
A estratégia de chamar Sousa para o embate com Alexander Erler/Lucas Miedler em vez de qualquer um dos outros elementos, nomeadamente Borges com quem ganhou ainda uma dezena de troféus do escalão challenger, prende-se com o facto de o maiato, em caso do par não correr de feição, ter de voltar ao court meia horas depois para o duelo de singulares entre números um com Sebastian Ofner.
Apesar de, ultimamente, as mazelas nas costas terem orientado a carreira para um match point final, João Sousa evidenciou que os oito anos passado no top-100 do circuito mundial pesam e, por isso, é sempre um jogador a ter em conta apesar do 289.º posto que ocupa agora no ranking ATP ser bem distante do 28.º no qual figurou. A vitória desta sexta-feira diante de Ofner (59.º) é disso exemplo. A forma como inverteu um parcial de 5/7 para ganhar ao fim de 2.24 horas com 6/3 e 7/6 (7-1) refletem o savoir faire do vimaranense que nunca virou a cara a qualquer uma das 33 nomeações que teve na Taça Davis.
«Isto é Taça Davis, o ambiente é muito especial. Foi um dia bom para nós, está 2-0, mas a eliminatória ainda não acabou. Os nossos jogadores vão lutar até ao final e nós vamos dar o nosso melhor», garantiu Sousa nas entrevistas rápidas no court. Rui Machado que fora seu companheiro de Seleção tantos anos também não poupou elogios ao tenista de 34 anos.
«Isto é Taça Davis, o ambiente é muito especial. Foi um dia bom para nós, está 2-0, mas a eliminatória ainda não acabou. Os nossos jogadores vão lutar até ao final e nós vamos dar o nosso melhor»
«O João teve uma partida muito difícil, em que esteve sempre por cima no terceiro set, depois de ter virado o resultado. Soube mais uma vez mostrar o seu calibre e soube esperar pelas oportunidades. Aproveitou-as quando surgiram para vencer o tie-break. Foi um dia que correu muito bem, com dois encontros muito bem disputados em três ‘sets’, calharam os dois cair para o nosso lado. Valeu a vontade de ganhar, o espírito de sacrifício, a determinação com que entrámos e preparámos esta eliminatória», ressalvou o selecionador nacional a A BOLA, orgulhoso, do colega/pupilo que salvou match point a caminho do segundo de Portugal na eliminatória.
O sentimento de Machado, que tantas vezes se levantou de punho em riste para dar alento aos jogadores, aplicou-se a Nuno Borges (89.º) que inaugurou a eliminatória do Grupo I Mundial a ganhar ao austríaco Jurij Rodionov (109.º) com 7/6 (7-4), 3/6 e 6/3. Foram 2.09 horas em que o maiato de 26 anos acusou a pressão, mas soube dar a volta por cima.
«Consegui, de alguma maneira, extrair o melhor de mim. Nunca se sabe em dias destes… Estou muito feliz por ter alcançado esta vitória», resumiu Borges numa breve entrevista em court, após o ponto inaugural que permite à Seleção Nacional sonhar com a primeira vitória sobre a Áustria, dado ter perdido as quatro anteriores: no Porto (1987) e em Guimarães (2016) como anfitrião, e em Mayrhofen (1986) e Wels (1999), como visitante.
«Consegui, de alguma maneira, extrair o melhor de mim. Nunca se sabe em dias destes… Estou muito feliz por ter alcançado esta vitória»
«O Nuno também fez um excelente encontro. Teve mais oportunidades, podia ter sido um pouco mais simples, mas a Taça Davis é mesmo isto. O público aguenta muito bem o seu jogador, não o deixa desmoralizar. Provavelmente se tivesse sido noutro contexto, o Rodionov não teria voltado tão facilmente ao encontro», resumiu Machado.