Sporting e FC Porto: o jogo de todos os sonhos!
Leões e dragões decidem neste sábado o título de andebol; Leões têm a a possibilidade de empatar, aos dragões só a vitória vale o penta; A BOLA falou com dois jogadores que viveram situação idêntica
Deste sábado não passa! 27 jogos depois do início do campeonato, o título define-se num confronto entre Sporting e FC Porto, há vários anos as duas equipas mais fortes em Portugal.
De um lado os leões com um percurso quase imaculado de 26 vitórias e apenas uma derrota, precisamente contra o FC Porto, na primeira volta desta fase final. Um Sporting que procura voltar a conquistar um título que lhe foge desde 2018.
Do outro, os dragões em busca do pentacampeonato, numa época que teve mais momentos baixos do que é habitual na equipa portista, mas que pode acabar da mesma forma como terminaram 11 das últimas 14 temporadas: com festa azul e branca.
Para isso, a margem de erro da equipa de Carlos Resende é nula: é ganhar ou ganhar. Já o conjunto orientado por Ricardo Costa celebra o título com um empate ou uma vitória. A decisão joga-se a partir das 18 horas, no Pavilhão João Rocha, num daqueles jogos com que todos os jogadores sonham.
É dessa forma que nos é descrito por dois jogadores que já viveram uma situação semelhante, da última vez que Sporting e FC Porto discutiram o título entre si. Em 2015 o formato do campeonato era diferente e o campeão decidia-se em play-off.
Nesse ano, a final foi particularmente longa: foi preciso jogar a negra... que teve dois prolongamentos. No Dragão Arena, o FC Porto acabou a festejar o heptacampeonato, mas nem isso apaga as boas memórias do sportinguista Pedro Solha.
«Esses são jogos sempre com emoções ao rubro, em que adrenalina está ao máximo e dos quais sinto mais falta. É impagável esse sentimento. São os jogos que todos sonhamos jogar», resume o antigo ponta. «É o jogo dos campeões. É do melhor andebol que há, entre as melhores equipas portuguesas da atualidade», acrescenta Nuno Roque, central que festejou aquele heptacampeonato pelos dragões.
Outra coisa que deixa os dois antigos internacionais de acordo é a dificuldade em apontar um favorito. «Se tivesse mesmo de apostar, iria pelo FC Porto, pela maior experiência em momentos decisivos. Apesar de este ano não ter feito uma época à FC Porto, pode vir apanhar um rebuçado no último jogo frente a uma equipa que fez um campeonato imaculado, vive a sexta época à procura do título e joga em casa», descreve Roque.
«Vai vencer quem cometer menos erros. O Sporting tem o fator casa e foi a equipa mais consistente. Num campeonato normal estaria distanciado na frente. Com este formato, perdeu a vantagem, mas tem a seu favor o facto de jogar o melhor andebol em Portugal. Talvez seja um pouco mais favorito, mas o FC Porto é mais experiente e está mais habituado a este tipo de jogos», defende Solha.
«Uma equipa está a ser feita há três anos, o FC Porto tem muitos atletas a jogar juntos há muitos anos, não só no clube, mas na seleção também. Do outro lado está a irreverência dos jovens e toda a qualidade que esta equipa do Sporting tem trazido ao andebol português, e por isso é que estiveram a época toda em primeiro», acrescentou.
Roque, por seu turno, realça a importância de a equipa de Carlos Resende poder contar neste match point com Daymaro Salina e Victor Iturriza que estiveram lesionados durante muito tempo ao longo da época.
«O FC Porto ganhou moral ao vencer em casa, mas o Sporting tem feito campeonato e na Europa. O FC Porto chega a esta fase com jogadores recuperados de lesão, como Daymaro e o Iturriza, que podem fazer diferença porque trazem, peso, força e a mística do FC Porto. Só a presença deles impõe mais respeito», nota, não desvalorizando, contudo, a experiência acumulada pela jovem equipa leonina.
«Eles têm jogadores mais jovens, mas muito habituados a estes momentos. Mudam as idades, mas a experiência eles têm-na toda, além de um treinador que sabe ler e explorar os pontos fracos do adversário como poucos», acrescenta, ele que foi treinado pelo atual técnico sportinguista no FC Porto.
«Empate serve? Isto é andebol…»
Se é verdade que, como já foi referido, o Sporting joga com a possibilidade de fazer a festa com um empate, nem Nuno Roque nem Pedro Solha valorizam muito essa questão.
«As duas equipas entram para ganhar e dar tudo, e o jogo pode cair para qualquer lado. O empate basta ao Sporting, mas isto é andebol e não dá para jogar para o empate, que é um resultado pouco habitual», sublinha o antigo ponta, já retirado.
A mesma opinião tem o central de 37 anos, que cumpre a terceira época consecutiva no V. Setúbal, comparando ainda com o clássico de 2015.
«Aquele jogo não podia acabar empatado, como este. Por isso houve dois prolongamentos, num jogo que a dada altura se jogou mais com o coração do que com a razão. Este ano pode haver diferença porque o Sporting sabe que o empate lhe serve. Claro que no andebol não dá para jogar para o empate, mas nos últimos instantes pode dar jeito, caso haja uma vantagem curta», realça.
Certa é também a pressão que todos os intervenientes vão sentir. Mas isso faz-nos voltar ao início destas linhas: é para viver momentos assim que estes jogadores trabalham.
«Há pressão dos dois lados. Mas dentro de campo essas pressões acabam e ambas as equipas têm jogadores que gostam desses momentos de decisão», nota Nuno Roque.
«Pressionados estão sempre, porque as duas equipas jogam sempre para ganhar. Mas é uma boa pressão porque é nestes jogos que se podem ganhar títulos», refere Solha.
Ora, num pavilhão que vai estar cheio, espera-se um grande espetáculo de andebol. Todos os ingredientes estão reunidos. Será um jogo de alma e muito coração. O sonho também dos adeptos. Que comecem as emoções!