ENTREVISTA A BOLA «Planear é importante, mas é preciso planear e depois concretizar»
A BOLA entrevistou os dois candidatos à presidência do Comité Olímpico de Portugal. Depois de Laurentino Dias, antigo secretário de Estado da Juventude e do Desporto, chegou a vez de ouvir as ideias e propostas de Fernando Gomes, que recentemente deixou a liderança da Federação Portuguesa de Futebol
Fernando Gomes, 73 anos, entende que ainda tem mais para dar ao Desporto português, e após três mandatos superlativos na Federação Portuguesa de Futebol decidiu aceitar o repto de ser candidato a presidente do Comité Olímpico de Portugal. Na entrevista que se segue, há uma frase, vertida para título, que diz muito do que é a filosofia que Fernando Gomes quer transportar da Cidade do Futebol para a Travessa da Memória: «Planear é importante, mas é preciso planear e depois concretizar.
- Depois de três mandatos à frente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), muito conseguidos do ponto de vista financeiro, desportivo, patrimonial, e social, até - basta lembrar a pandemia e os incêndios -, e sendo vice-presidente da FIFA, o que é que o fez concorrer a presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP)?
- Trabalho desde os 18 anos, tenho 73, são mais de 50 anos de trabalho ininterrupto ao longo da minha vida e, realmente, depois destes 13 anos à frente da FPF, pode questionar-se o porquê da razão de tomar a decisão de me candidatar ao COP. E há um momento extremamente importante, que tem a ver como impulso que me é dado por aqueles que eram meus pares. Houve quatro presidentes de Federações que, em meados de setembro, me abordaram no sentido de saberem da minha disponibilidade para avançar para o COP. Mas foi só depois de atingir os objetivos fundamentais na FPF - a construção da Arena, a candidatura do Campeonato Mundo 2030, o apuramento para a fase final da Liga das Nações, e também o apuramento da equipa feminina para o Europeu – que nos reunimos, a 11 de dezembro, e ouvi da parte das Federações as razões que as levavam a incentivar-me a ser candidato ao COP. Obviamente, não foi uma decisão fácil, depois de 13 anos de tanta intensidade na FPF, mas, acima de tudo, aquilo que esteve subjacente à minha aceitação teve a ver com três princípios basilares.
- E esses são?
- O primeiro é que, sendo dirigente desportivo desde 1992, creio que com condições de competência verdadeiramente evidenciadas, senti que ainda tinha capacidade para dar o meu contributo a outro objetivo. Em segundo lugar, o enorme gosto, o enorme amor pela atividade desportiva e pelo desporto, e, neste caso concreto, pelo desporto em Portugal. E a terceira razão, fundamental em termos dessa minha ponderação, passou por ter sentido, ao longo destes últimos mandatos na FPF, a honra de servir Portugal. Durante os três mandatos, desenvolvemos um conjunto de iniciativas que projetaram, na Europa e no Mundo, o nome de Portugal para patamares que não tinham sido alcançados. Foram estas três vertentes que tiveram a ver com a minha decisão de avançar.
- Esse amor pelo desporto, que referiu, vem de quando?
- Comecei a praticar desporto com 13 anos, em 1965, e tive uma carreira ligada ao basquetebol durante cerca de 16 a 17 anos, até 1981. Depois entrei na minha vida profissional, desligado do desporto, mas regressei como dirigente em 1992. Mas o desporto sempre me fascinou e recordo que ia ver jogos de voleibol no antigo Liceu Dom Manuel, no Porto, ou de ir, com o meu irmão mais velho, à Serra da Estrela, ver o ciclismo...
- Como lembrou, a sua modalidade de eleição começou por ser o basquetebol, onde foi praticante de alto nível durante muitos anos. Depois passou pelo dirigismo no FC Porto, pelo meio foi presidente da Liga de Basquetebol, e só depois é que chegou à liderança da Liga de Clubes de futebol, primeiro, e à presidência da FPF, depois. Em todo este percurso, quais foram os seus contatos com o COP?
- Esses contatos dão-se, fundamentalmente, aquando da minha entrada na FPF. Mas deixe-me recuar um pouco, relativamente àquilo que acabou de dizer, porque, efetivamente, em termos de dirigismo desportivo, comecei em 1992. Era um tempo em que eu e os meus ex-colegas do basquetebol nos juntávamos às terças e quintas-feiras, para lançar umas bolas e conviver um pouco, e, nessa altura, soubemos que o Futebol Clube Porto iria acabar com a ‘nossa’ secção, por dificuldades financeiras. Eu e os meus colegas, após um desses treinos, começámos a dizer, que não podíamos deixar acabar o basquetebol no clube e fomos falar com o presidente, para lhe transmitirmos que iríamos tomar conta da gestão da modalidade. Na altura, recordo-me perfeitamente, que nos foi dito: «vocês sabem quanto é que o basquetebol custa? O orçamento da secção anda à volta de 50 mil contos. O clube, só dá mil contos por mês para a modalidade, e vocês têm que arranjar os outros 40 mil, se quiserem tomar conta.» Aquilo foi um choque, na altura, mas depois, de alguma ponderação, decidimos avançar e, no dia 13 de março de 1992, entrámos pela primeira vez na secção de basquetebol e tomámos conta da modalidade, apesar das grandes dificuldades de obter meios financeiros para equilibrar e sustentar a própria secção. Mais tarde, em 96, foi-me solicitado que tomasse conta das modalidades do clube, que na sequência da constituição da SAD do Futebol tinham alguma autonomia. Nessa altura fiquei como Diretor-Geral do Clube, com a responsabilidade de Diretor-Geral de todas as modalidades, do basquete, do futebol da formação, do andebol, do hóquei em patins, da natação, do bilhar, do boxe, portanto todas essas modalidades ficavam debaixo da minha alçada. Em 2000 fui convidado para assumir o cargo de administrador do Conselho da Administração da SAD. Mais tarde, os clubes pediram-me que asumisse a a liderança da Liga de basquetebol, onde estive cerca de um ano e meio. Quando saí do FC Porto, em 2010, para foram os clubes novamente a convidarem-me para assumir a Liga de Clubes de Futebol, e mais tarde os clubes da Liga pediram-me para ser candidato à FPF.
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- E é a partir daí que se fortalece a sua relação com o COP...
- É aí que se dá o primeiro grande contato com o movimento olímpico, sem deixar de referenciar que, mesmo antes, já havia um conhecimento pessoal, e até alguma interação com o professor José Manuel Constantino. Quando cheguei à FPF acabei com a prática de voltar as costas a todo o movimento desportivo nacional. Lembro-me perfeitamente que, nesse momento, duas grandes decisões foram tomadas por mim. Uma, foi aderir a um movimento que, na altura, tinha sido criado, que visava repensar o desporto. Quem me contactou foi o PauloFrischknecht, mas também faziam parte, entre outros,o Pedro Moura, o Jorge Viegas, o Luís Sénica e o Vicente Araújo. Era um conjunto de modalidades, do âmbito do movimento olímpico, que estavam a discutir o pensamento relativamente ao futuro. A outra foi tomar a decisão de voltar ao seio da Confederação de Desporto de Portugal (CDP). O Dr. Gilberto Madaíl tinha tirado a FPF da CDP e o Dr. Carlos Paula Cardoso contatou-me, disse-me que teria muito gosto que o futebol voltasse, e de imediato acedemos e reentrámos nesse processo.
- E a relação com José Manuel Constantino?
- A seguir, em 2012, houve eleições para o COP e começou a perspectivar-se a candidatura de José Manuel Constantino. Recordo-me perfeitamente, como se fosse hoje, das primeiras conversas com ele, tidas por mim e pelo Dr. Hermínio Loureiro, que era meu vice-presidente na FPF, onde nos disponibilizámos para apoiar um movimento para que o professor José Manuel Constantino fosse eleito presidente do COP. Foi um processo difícil, porque começou muito tarde, e havia já um candidato muito forte no terreno, Marques da Silva, e recordo perfeitamente a nossa envolvência, enquanto dirigentes do futebol, nessa primeira eleição do professor Constantino. Esse foi o nosso primeiro momento de aproximação, de interligação com o COP. Já eleito, José Manuel Constantino fez muita questão que o futebol estivesse presente, e desde a primeira hora, na sua Comissão Executiva, e nos dois primeiros mandatos esse lugar foi ocupado por Hermínio Loureiro, e no terceiro – e reconheço que pressionámos muito o professor Constantino a recandidatar-se - o elemento da FPF para fazer parte da Comissão Executiva foi Pedro Dias. Posso dizer que a partir da nossa entrada, em 2011, início de 2012, na FPF, alterou-se substancialmente a relação com o COP e com o com o movimento federativo, que no passado praticamente não existia e a partir daí teve uma ação muito forte.
- O facto da FIFA não reconhecer como datas FIFA os Jogos Olímpicos não é um handicap para o futebol no movimento olímpico? Lembro-me de estar no Rio de Janeiro em 2016, e de os treinadores queixarem-se muito...
- Há uma questão extremamente importante na análise global. Uma parte significativa dos direitos recebidos pelo Comité Olímpico Internacional (COI) tem muito a ver com o futebol, mas há um problema que passa por ajustar o calendário às datas de realização dos Jogos Olímpicos relativamente às competições nacionais e internacionais. Isso torna praticamente inviável que os clubes libertem os melhores jogadores para as seleções que vão disputar os Jogos. Isso aconteceu connosco em 2016, ano em que nos sagrámos vice-campeões europeus de sub-21, e dessa equipa não havia nenhum jogador disponível para os Jogos do Rio de Janeiro. Recordo-me perfeitamente, do que eu próprio, o professor Constantino, o Rui Jorge e o Humberto Coelho, fizemos no sentido de tentar encontrar jogadores para formar uma equipa, e acabámos por ter uma segunda ou terceira escolha no Rio.
- No primeiro jogo, Portugal ganhou à Argentina 1-0. Na conferência de imprensa, o treinador argentino queixou-se que tinha ido para os Jogos sem 30 dos melhores jogadores, e eu disse-lhe, ‘olhe, tem toda a razão, mas o treinador português diz que venceu sem 50 dos seus melhores jogadores’. E era verdade.
- No início da presidência da FIFA de Gianni Infantino, esse foi um tema que levei para ser discutido, e objetivamente nunca houve possibilidade de haver um consenso e uma disponibilidade dos próprios clubes.
- Um pouco aquilo que se está a ver agora relativamente ao próximo Mundial de Clubes...
- A nossa seleção de sub-21 vai disputar a fase final do Europeu em junho, e um número significativo de jogadores vão estar a disputar esse Campeonato do Mundo nos Estados Unidos. É um tema que estará sempre sobre a mesa e no caso concreto dos Jogos Olímpicos lá irá continuar. Dentro deste ecossistema de competições e calendários, acho extremamente difícil que o cenário possa vir a ser alterado.
- Enquanto Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, lidou durante quatro anos com Passos Coelho, durante oito anos com António Costa e durante um ano com Luís Montenegro. Quero saber como é que foi esta interação, se houve alguma diferença ao longo desses anos.
- Tenho muito boas memórias da vivência com essas personagens políticas do nosso país. Lembro-me, no caso concreto do Passos Coelho, da importância de uma resolução de Conselho de Ministros para que nós pudéssemos construir a Cidade de Futebol. Os ministros Miguel Relvas e Luís Marques Guedes, que foram inexcedíveis na concretização dos objetivos da FPF. Mais tarde, tive uma excelente convivência com o primeiro-ministro António Costa: lembro-me da importância dessa relação para ajudar o futebol a não cair no precipício dos tempos do Covid, por exemplo. Também foi extremamente importante quando tivémos a possibilidade de trazer duas finais da Liga dos Campeões para Portugal, em 2020 e 2021, e quero realçar a proximidade e o diálogo com os ministros Tiago Brandão Rodrigues e Ana Catarina Mendes, que culminou com a assinatura do protocolo para a reabilitação do Estádio Jamor. Mais recentemente, com o primeiro-ministro Luís Montenegro e o ministro dos Assuntos Parlamentares, com a tutela do Desporto, Pedro Duarte, foi, estabelecida uma relação de proximidade e cooperação. O mesmo pode dizer-se da relação com o Presidente Cavaco Silva numa fase inicial, e depois com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
- Qual o perigo de partidarizar o Desporto?
- Nunca o devemos fazer. Temos de ter a capacidade suficiente de estabelecer os nossos níveis de independência e equidistância, sabendo que, objetivamente, nos temos de relacionar, quer com o Partido A, B ou C. Foi o que fiz na FPF e é o que me proponho fazer quando tiver a felicidade e a oportunidade de liderar o COP.
- Há uma percepção, na opinião pública, de que as outras modalidades não gostam do futebol. É a realidade, ou estamos perante um mito?
- A cultura desportiva do nosso país assenta, sistematicamente, sobre o futebol, havendo nas outras modalidades o entendimento de alguma desconsideração. Ainda recentemente obtivemos quatro medalhas nos Europeus de Atletismo de pista curta, e esses sucessos tiveram escassa visibilidade nas primeiras páginas dos jornais. Daí derivará, necessariamente, alguma menor capacidade de aceitação da sobreavaliação do futebol, em detrimento das restantes modalidades, que realizam um trabalho intenso durante toda a época, em situações, muitas vezes, difíceis, para ultrapassar as condições de treino, de instalações desportivas, e poderem desenvolver a sua atividade. Deve haver uma maior aproximação na valorização dos feitos, independentemente da modalidade. Isto numa sociedade que, objetivamente, se centra no futebol.
- Caso seja eleito, o que é que se propõe fazer para prosseguir e, depois, inovar, relativamente ao legado de José Manuel Constantino?
- As nossas propostas são perfeitamente claras. Definimos que o foco e o centro da nossa atenção tem de ser o atleta, em diversas vertentes, que vão passam pelo apoio financeiro, logístico, pela criação da retaguarda necessária para que a preparação desses atletas seja a mais adequada e a melhor possível, para serem atingidos os objetivos. Existe uma centralidade da nossa preocupação relativamente ao atleta. Da mesma forma, o acautelamento do pós-carreira desse atleta tem de ser feito ainda durante a sua carreira desportiva, criando condições que ele possa vir a desenvolver um conjunto de competências e de aquisição de outras ferramentas que possam ajudá-lo a integrar-se na vida ativa profissional, para que quem durante tanto tempo representou o clube e a seleção e deu tanto a Portugal também ter alguma contrapartida e algum benefício por essa situação. Do nosso ponto de vista, é importante criar uma articulação com as próprias modalidades, no sentido de estabelecer condições em cada uma, tendo em conta o que são modalidades coletivas e individuais, que têm formas e condições completamente diferentes para desenvolver as suas atividades.
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- E quanto a financiamento?
- Sabemos que não é só a questão do dinheiro que vai tornar mais capaz todo o trabalho que é necessário levar a cabo; mas também sabemos da importância de haver meios financeiros que sustentem a atividade das próprias Federações. E, por isso, da nossa parte, entraremos em diálogo permanente com as entidades governativas, porque o financiamento da atividade desportiva está muito baseado naquilo que é o financiamento público, que deve ser repensado. Há uma parte que deriva do orçamento de Estado, outra da distribuição dos jogos sociais e das apostas desportivas, - que é a base do financiamento do IPDJ -, mas, sinceramente, parece-nos que há espaço para que algumas dessas áreas sejam reformuladas e permitam um incremento do financiamento das modalidades. Também é preciso acrescentar financiamento privado, ao financiamento público, algo que deve ser feito através do COP, que possui uma marca muito forte, fortíssima até, no tecido empresarial português. É preciso trazer parcerias para dentro do COP, para o desenvolvimento de ações concretas que possibilitem promover ainda mais Portugal.
- É aqui que entra a questão do mecenato desportivo? Alguns passos já foram dados no passado, no sentido de melhorar aquilo que é o mecenato desportivo, mas acho que ainda há espaço para poder fazer ainda mais e criar condições para que mais empresas venham a apoiar o COP.
- Essa tem sido uma grande diferença entre aquilo que acontece em Portugal e aquilo que acontece no estrangeiro, onde as empresas que apoiam o desporto recolhem benefícios de outra ordem, nomeadamente fiscais, que em Portugal não lhes são dados.
- Está no nosso programa canalizar os nossos esforços nesse sentido, para haver uma revisão da lei de mecenato em Portugal.
- O governo de Luís Montenegro, agora demissionário, prometeu para 2025-2028 uma verba adicional de 65 milhões de euros para o Desporto, que seriam canalizados através do COP. Teme que, perante a conjuntura política, essa medida possa voltar atrás?
- Essa medida foi anunciada no final do ano passado, e pelo que é do nosso conhecimento, foram dados passos tendentes a estabelecer e protocolizar o acesso do COP, a esses 50 milhões, porque os outros 15 milhões são para o Comité Paralímpico. É óbvio que não tendo sido possível, até à data de hoje, criar condições para que esses protocolos tivessem sido assinados visando o acesso às verbas, em função desta instabilidade política, não vou deixar de dizer que não temo que possamos vir a ter um problema de não acesso a esse financiamento. É preciso analisar em que ponto de situação essa decisão está corporizada do ponto de vista documental, e em termos dos vistos das diversas entidades, nomeadamente do Tribunal de Contas. Mas não posso deixar de manifestar a minha profunda preocupação relativamente a essas verbas. -
- Já falou com todas as Federações e entidades que têm direito a voto nas eleições do dia 19?
- Como já disse, tive uma reunião com quatro Federações a 12 de dezembro e decidi avançar para o COP oito dias depois. Tenho a consciência de que parti tarde, mas há um sentido ético de que não abdico. Não podia, enquanto presidente da FPF, utilizar o tempo da FPF para fazer a campanha que é necessária neste tipo de processos. Fui tendo contatos, fora das horas de trabalho, muitas das vezes aos fins de semana, para desenvolver o nosso programa eleitoral, que apresentámos no dia 18 de fevereiro, e durante esse trajeto falei com as Federações, nomeadamente as olímpicas, já que precisava do apoio de pelo menos nove para me poder apresentar a votos. Depois de ter acabado o meu tempo na FPF, a 21 de fevereiro, dediquei-me, de alma e coração, a contatar todas as entidades. À data de hoje haverá três, quatro Federações não olímpicas que não contatei pessoalmente, tendo falado também com aquelas entidades externas que são do universo do COP, como as associações de direito desportivo, o CNID, e outras.
- Como caracteriza a sua relação com a Rosa Mota?
- Infelizmente a Rosa Mota, pelos problemas de saúde por que passou, não pôde estar de início nesses contatos, mas nestes últimos tempos tenho tido o privilégio e a felicidade da própria Rosa Mota de ter colaborado e participado comigo em muitas destas reuniões. Foi das pessoas que mais me incentivou e me fez ver a importância que a minha experiência e contatos podiam ter para o COP. Tenho uma visão muito participativa, ouvindo todos, para que todos possam, eventualmente, transmitir as suas ideias, dentro deste princípio de cooperação, também poderem ajudar-nos a completar o programa que anunciámos. No dia 20, depois de termos tido a felicidade de ser eleitos, uma das primeiras medidas será chamar todos os representantes das Federações para, em conjunto, e depois de termos em conta o nosso programa eleitoral, definirmos o programa para o próximo mandato. Poso dizer que foi esta a metodologia seguida na FPF e mais de 90% do nosso programa foi cumprido durante os três mandatos.
- Vê Portugal como um país de Desporto, ou ainda temos um longo caminho a percorrer?
- Sabemos que estamos na cauda da Europa relativamente aos índices de prática desportiva. Ultimamente tem havido um esforço muito grande das diversas modalidades, no sentido do incremento da prática, elevando a atividade ao nível escolar, com medidas concretas. Portugal é um país desportivo, e tem condições excelentes para a prática e para o desenvolvimento desportivo. Existe uma lacuna enorme, a que não podemos deixar de atender, relativamente àquilo que são os equipamentos desportivos, à renovação dos Centros de Alto Rendimento (CAR), e eventualmente à criação de outros que, em função da dimensão e da necessidade da própria modalidade, haja necessidade de concretizar. Mas, acima de tudo, aquilo que entendo dentro deste ecossistema desportivo, é que entre a atuação do COP, de outras instituições ligadas ao desporto, como a CDP, o Comité Paralímpico, na interligação com as entidades governamentais que têm a responsabilidade, nomeadamente a Secretaria de Estado de Desporto, da Saúde e da Educação, e interligando isto com a escola e com as autarquias, temos todas as condições para acrescentar e realçar a necessidade da procura de talento. Temos que procurar talento nos nossos jovens para que possamos ter uma representação melhor ao nível desportivo, enfatizando a necessidade de alargar a base da prática desportiva. Quando estiver no COP, ouvirei as Federações, os atletas, os treinadores, os juízes, no sentido de, a partir daí, agregar tudo numa perspectiva comum para o desenvolvimento do desporto em Portugal. Planear é fundamental, mas não basta. É preciso planear e depois concretizar.