Portugal estreia-se esta tarde frente à Suécia no primeiro jogo do main round do Mundial de andebol. Em Oslo, sede da comitiva portuguesa, a expetativa é grande para mais um teste, desta vez frente a um rival que entrará em campo com menos um ponto, mas com o conforto de ter um histórico bastante mais favorável (7-1) no que ao confronto direto em jogos oficiais diz respeito. Mas não é o passado que alimenta a Seleção Nacional, recheada de novos talento, e um capitão orgulhoso do percurso imaculado até ao momento. «O histórico não é bom, mas já os vencemos e sabemos e acreditamos que podemos voltar a fazê-lo. Independentemente do adversário que temos pela frente, acreditamos que podemos discutir o resultado. Não será diferente com a Suécia», promete Rui Silva. Aliás, o central confia mesmo que esta mentalidade pode ser uma das chaves para um caminho de sucesso que a equipa quer trilhar nesta edição do Mundial, que se realiza em três países em simultâneo: Noruega, Dinamarca e Croácia. «Como País, creio, e como grupo, de certeza, fomos construindo e cimentando a ideia de que podemos vencer qualquer adversário, não entramos com o histórico em campo e sabemos que temos a nossa oportunidade. Por isso, estamos dispostos e prontos para tudo», revela o jogador do FC Porto. Sem querer olhar para trás, o atleta de Guimarães apoia-se, contudo, na persistência para justificar esta mudança de atitude. «A verdade é que a experiencia é algo positivo e isso acaba por aparecer. A evolução que os atletas têm coletivamente nos seus clubes e o crescimento individual, acaba por refletir-se no que fazemos durante o jogo. Há dois anos acreditamos que o podíamos fazer e agora ainda mais. Temos um ambiente e um espírito de gripo muito saudável e muito forte e isso também é determinante», elogia o capitão da Seleção. Para chegar ao main round no primeiro lugar, a Seleção Nacional derrotou com naturalidade os Estados Unidos, com mais dificuldade o Brasil e com uma ótima lição de resiliência a Noruega, a jogar em casa, num pavilhão com 11 mil pessoas. «Com esta vitória frente à Noruega, entramos mais confiantes porque temos quatro pontos, conquistados em casa do adversário. Mas já fizemos outros grandes resultados, em outras situações, e não podemos ficar iludidos. Temos de seguir em frente, com os pés bem assentes na terra», avisou o internacional português. No main round, ao contrário do que aconteceu na fase de grupos, Portugal começa a enfrentar, teoricamente, as equipas mais fortes – Suécia, Espanha e Chile. Um ordenamento que para Rui Silva não altera os planos do conjunto luso. «Encaramos os jogos da mesma forma que faríamos se a ordem diferente. São tudo seleções difíceis, por isso é que chegaram até aqui e cada jogo tem a sua importância. Já tivemos a experiencia contrária e não correu bem. É indiferente, temos jogar, vencer para alcançar aquilo que mais queremos que é chegar aos quartos de final. E acredito que vamos ser felizes», justifica bem disposto e rejeitando a ideia de que a meta signifique falta de ambição. «Temos de ter os pés na terra», repete. «Creio que estamos mais comprometidos e focados se formos de objetivo em objetivo, passo a passo. Podemos fazer melhor? Podemos, acredito que sim, mas vamos passo a passo», pede cauteloso. Quanto às ausências do grupo – Miguel Martins, suspenso por doping, e Alexandre Cavalcanti lesionado – as palavras são de conforto, sem mais comentários. «Causa sempre sentimos ambíguos. Estamos a falar de atletas que estão connosco há muitos anos, que lutaram para chegar a este momento, causa um sentimento de tristeza, claro. Mas infelizmente o desporto é mesmo assim e tem um lado bom, numa perspetiva diferente, é que as ausências permitem que apareçam outros valores, no nosso caso igualmente excelentes jogadores, que podem encaixar-se no grupo e acrescentar coisas novas. É o nosso caso», rematou. E se Rui Silva fosse o treinador para a estreia no main round, o que diria aos seus companheiros de equipa? «Diria para sermos nós próprios, que vamos ter momentos menos bons e que temos de saber viver com eles e aguentar. Temos de acreditar em nós, porque se o fizermos, se estivermos unidos, conseguiremos tudo.» Está dada a palestra.