Quando, em junho, depois da parada da celebração do título, saiu de Boston para vir para Lisboa, já sabia que os Celtics estavam interessados em renovar consigo ou foi apenas mais tarde?— Não, não se chegou a falar nisso. Primeiro porque ainda não estava na altura. Mas tinha a ideia de que Boston queria que eu ficasse. Não só pelo contrato [standard] que assinámos mesmo antes do play-off, mas pela forma como fui tratado e fui recebido estava de consciência tranquila. — E quanto tempo depois é que os Celtics mostraram o interesse que passasse a free agent para que renovasse?— Mesmo na altura do final do período moratório para agentes livres [1 a 6 de julho]. Foi logo ali no dia em que abriu a free agency, Não demorou muito tempo. O Luke [Kornet, poste dos Celtics] foi assinar e eu fui logo a seguir. — Abriu o período de free agent e abriu-se um sorriso na sua cara?— Foi!— Digo isto porque ainda hoje sorri quando fala desta renovação. Sabes bem que sermos desejados, não é?— Sim, é sempre bom sentir-se desejado e especialmente numa equipa tão boa como esta. Como havia sido tão bem recebido não queria abrir hipóteses para outras equipas nem nada disso. A partir do momento em que me apresentaram a proposta foi tudo muito rápido para chegarmos a um acordo. — Porque só disputou os dois primeiros dos cinco jogos dos Celtics na Summer League de Las Vegas? Teve algum problema de lesão ou foi uma questão de gestão? — Não, foi uma questão de gestão. A equipa disse que é para não jogar mais. Eles não me deixaram jogar mais. Eu queria jogar, mas não me cabe a mim decidir. — E estava contente com as médias: 21 pontos, 8,5 ressaltos?- É Relativo. 20 pontos na Summer League não é a mesma coisa do que 20 pontos na NBA, mas estava feliz com isso.— E este verão vai trabalhar para ter os 20 pontos na regular season da NBA?— Olha, vamos ver. Espero é que sim.— E agora qual é o plano, vai participar em campos de verão e especiais para trabalho de poste?— Sim, o plano é esse. Fazer um bocado de trabalho de poste para mim. Treinar um bocado para estender o jogo exterior. Ser um bocado mais versátil defensivamente. E ser um jogador cada vez mais impactante dentro de campo. Ter muitas validades é o que te mantém dentro do court, do que ser especialista só em uma área do jogo. Por isso pretendo expandir o meu jogo e ser o mais versátil possível. — Há um local de treino de postos, quem quer estar na NBA, que é o campo do Hakeem Olajuwon, em Houston. Gostaria de poder ir lá evoluir? É um tipo de movimento que lhe agrada aquilo que ele ensina lá?— Pode-se dizer que sim. Já vi vídeos dele a ensinar, vi vídeos deles a treinar, é basicamente uma como uma segunda natureza para ele e creio que seria bastante benéfico para mim. — E tem ideia de como vai ser o anel de campeão dos Celtics? Sabe se os jogadores tiveram direito a alguma opinião no design?— Não faço ideia mesmo. Não sei quem está a escolher aquilo e ainda nem sequer decidi em que dedo é que vou colocar o anel, mas esperemos que seja bom. — É você que decide o dedo para o qual quer que lhe façam o anel de campeão?— Sim, sim. — E deram-lhe uma data limite para decidir?— Quando voltar para Boston, aí vamos escolher em que dedo é que faço e devem ter uns protótipos. — Ficou surpreendido por tão cedo depois de terem ganho o título da NBA a equipa ter sido posta à venda? Acha que apanhou toda a gente desprevenida?— Diria que sim. Eu não esperava. Mas temos um dirigente top, excelente, que tomou conta da equipa durante bastantes anos. Meteu-a num patamar elevadíssimo e esperemos que o próximo dono continue a fazer um bocado o mesmo. — Tem falado ao longo da época, já conversámos sobre isto, com o seu treinador, o Joe Mazzulla, sobre futebol. Ainda não o desafiou a vir a Portugal para ver um jogo do Benfica, que é o seu clube de eleição.- Por acaso falei com ele sobre futebol. Um dos jogadores favoritos dele é português, o Bernardo [Silva]. Seria bom ele vir, mas ainda não o convidei. Mas vai acabar por vir. Tive alguns dos outros treinadores aqui, ex-colegas estão cá e outros estiveram cá e adoraram. Espero que quem quiser vir [visitar Portugal], fale comigo que eu ajudo. — Durante os Finals conversei com um ou outro dos seus colegas de equipa e perguntava-lhes se já os havia convidado a visitar com os teus colegas de equipa e perguntava ainda nada. E eles respondia: Se ele me convidar?— Pois, eu convido, mas é o paleio de sempre. Dizem que vêm, depois não vêm à última da hora. Mas vai haver um dia que irão vir. — A sua imagem, fisicamente, de quando chegou à NBA para hoje, é notório que, estás muito mais forte. Sei que tem de fazer uns fatos novos, porque o corpo já não cabe dentro dos fatos antigos. Sentes que hoje em dia és um jogador muito mais poderoso?— Sim, diria que sim. Mesmo no ginásio, os pesos que tenho feito ultimamente têm vindo a aumentar e esperemos que continue a ser assim e que num futuro próximo seja cada ainda mais forte, porque é algo fundamental para o meu jogo. Especialmente sendo um poste e ter de apanhar com jogadores tão pesados, tão fortes, é preciso ter um bocado mais de massa. E ainda estou no caminho. — Quando estava a festejar a vitória no balneário disse: vou fazer a à tuga e vou refundir esta garrafa de champanhe. E acabou por guardá-la e ao pé da sua roupa, que era para não ser gasta. Porquê o quis fazer, para a abrir em algum sítio especial?— Não, foi mais como recordação. É uma garrafa única. Edição especial, com o símbolo dos Celtics. Queria guardá-la como uma boa recordação para um dia mais tarde poder lembrar-me deste campeonato. — E guardou destas [A BOLA apresentou-lhe outra de edição especial da Michelob que andavam no balneário]?— Não, não guardei dessas. Sim senhor. Obrigado.— Quer ficar com ela? É da conquista do título.— Sim, fico com ela. Lindo. Top! Obrigadão.