Nacional de Clubes volta a ser em piscina curta
Nos masculinos Benfica interrompeu um reinado do Sporting que durou nove títulos consecutivos em onze anos pois em dois a prova não se disputou devido à pandemia

Nacional de Clubes volta a ser em piscina curta

MODALIDADES12.09.202320:56

Diretor desportivo da FPN, José Machado, explica os porquês do regresso aos 25m com 16 clubes, passados 10 anos de longa, e admite um certo fracasso num dos objetivos pretendidos. Temporada de absolutos terminará mais cedo do que é habitual.

Dez anos e oito edições depois – em 2019/20 e 2020/21 não se realizou devido à pandemia – o Nacional de Clubes da I Divisão, provavelmente a mais eletrizante e ensurdecedora competição do calendário, onde o valor das segundas figuras numa equipa tem um peso acrescido, deixa de acontecer em piscina longa e volta a ser disputado em curta. E em dezembro. 

Esta é a principal novidade para a temporada 2023/24, que a nível de absolutos, e devido aos Jogos de Paris-2024, terminará mais cedo, entre 12 e 14 de julho, com o campeonato nacional, no Jamor. 

«Confirmo, o Nacional de Clubes da I Divisão volta a ser em piscina curta – os outros já eram – e em vez de serem 12 equipas serão 16 e cada clube faz-se representar por um nadador por prova, em vez de dois. O limite de atletas é o limite das provas e cada um continua a poder participar em três distâncias individuais e todas as estafetas », declarou a A BOLA o diretor desportivo da federação de natação José Machado. 

O evento, que tem como campeões Benfica em masculinos e Sporting nos femininos, decorrerá em Felgueiras entre 21 e 22 de dezembro, depois dos Nacionais de curta. No entanto, pelo meio, haverá ainda outra competição. «Vamos ver se este ano conseguimos manter de pé aquela prova de piscina de 50m em Coimbra porque será uma hipótese dos nadadores poderem integrar a preparação olímpica ainda com os critérios de 2023. Os de 2024 já serão mais puxados», conta José Machado. «Mas os nacionais em piscina de 25m irão coincidir com o Europeu de curta [Bucareste, 5-10 dez.]», acrescenta.

Que seja novamente em dezembro percebe-se, trata-se do final da temporada de piscina curta. Mas porquê regressar ao Nacional em 25m, tanque em que já havia decorrido entre 2003/04 e 2012/13? «O ter-se passado para a piscina de 50m foi uma tentativa de aproveitar o Nacional de clubes com vista à obtenção de marcas para grandes competições internacionais. Mas desse ponto de vista foi um fracasso», admite o diretor desportivo da FPN. 

«Não resulta porque os atletas têm de nadar mais provas e muitas vezes nem conseguem competir naquela que é a especialidade deles… Portanto, do ponto de vista desportivo não era uma grande vantagem», vai justificando. «Do ponto de vista da festa e competitividade, é preferível a piscina curta».

«A questão de se colocar dois nadadores por prova na I Divisão era também uma tentativa de alargar a participação a mais atletas com esse objetivo que referi, mas ao voltarmos a um nadador o entendimento é que seja mais fácil para quem está de fora perceber os contornos da classificação». 

«E para isso que isso aconteça iremos fazer outra alteração. Como acontecia no passado, a ordenação dos clubes na distribuição das pistas nas quatro sessões [duas em cada dia], começa com a classificação da época anterior. Nas restantes três sessões vai-se alterando consoante a classificação que tivermos nesse campeonato», explica. «Assim será mais fácil perceber quem é que está em que lugar».

Recordo-me que havia bastantes treinadores que se queixavam que lhe era muito difícil contar com dois nadadores de valor para cada prova, portanto, penso que esta alteração seja de agrado dos clubes? «Houve um consenso alargado por parte do clubes. As propostas de alterações foram passadas para as associações e até era mais abrangente, mas foi modificada depois de ter passado pelo crivo de todas as associações. Os clubes puderam ser ouvidos, por isso creio que esta terá sido a vontade da maior parte deles. Se alguém não esteve de acordo, não se manifestou. Os que o fizeram foi a favor desta alteração», garante Machado.

Desde há alguns anos havia também uma certa discussão e protestos por haver, na I Divisão, quem trouxesse estrangeiros, alguns, por vezes, até mais que os seus próprios nadadores, que na realidade não competem em Portugal. Apenas cumprem as três competições antes exigidas para irem ao Nacional. Alguns justificavam que não tinham atletas suficientes, mas agora que volta a apenas ser necessário um por prova...

De alguma forma houve alterações às regras da participação de estrangeiros? «As regras são as mesmas, a dificuldade é que é um bocadinho maior no caso da I Divisão porque se não forem atletas que já nadaram em Portugal têm menos tempo para conseguirem cumprir as tais três competições antes. O único limite que existe de estrangeiros são para os extracomunitários», salienta.

Quanto aos restantes campeonatos, para além do de curta, Coimbra irá receber o individual Open entre 4 a 7 de abril, enquanto o Jamor volta a ser o palco do nacional absoluto entre 12 e 14 de julho. 

«A época vai terminar mais cedo para os mais velhos. Trocámos a ordem com os mais novos pois também se trata do final de um ciclo olímpico. Não interessa estar a sobrecarregar», conta. 

Significa que será antes dos Jogos Paris-2024 [a natação pura decorre de 27 de julho a 9 de agosto]. É para que os nadadores olímpicos portugueses ainda possam ir ao Nacional? «Só por eventual motivo de preparação. Os Jogos começam duas semanas depois, por isso o Nacional permite a participação dos qualificado, se assim o entenderem», concluiu.

Recorde-se que, neste momento, Portugal conta com quatro nadadores qualificados para os Jogos na capital francesa: Camila Rebelo (Louzan, 200 costas), Diogo Ribeiro (Benfica, 50 e 100 livres, 100 mariposa), João Costa (V. Guimarães, 100 costas) e Miguel Nascimento (Benfica, 50 livres).