Marcel Matz concedeu uma grande entrevista à BTV no rescaldo da vitória sobre o Sporting no play-off do Campeonato Nacional de voleibol. Em Portugal desde 2018/2019, foi chegar, ver e vencer: com a vitória sobre os leões, Marcel e os jogadores encarnados conquistaram um inédito pentacampeonato para o Benfica na modalidade. «Este ano foi muito difícil, o Sporting estava bem. O primeiro jogo do play-off era um jogo-chave para nós, vencer em casa, colocar pressão do lado deles. Faltou-nos capacidade para ganhar o jogo número 2, foi um jogo mal jogado da nossa parte. No jogo 4 estivemos mal de novo, sem conseguir aplicar serviços de qualidade para causar qualquer tipo de efeito na equipa deles. Conversámos sobre isso antes do jogo 5, que se o serviço não sai bem, fica impossível. Mas no jogo 5 colocámos uma pressão grande de novo aqui [na Luz] e não lhes demos chance, penso que merecemos ser campeões. Foi uma festa bonita, quem foi ao pavilhão acho que não esquece nunca mais.» O treinador brasileiro reconhece que «não tinha noção da dimensão do Benfica» antes de pisar solo lusitano, deixando também elogios à Liga portuguesa, que «não sabia que era tão forte». Questionado sobre o pentacampeonato, Marcel diz que «é uma bonita história», mas faz questão de partilhar os créditos: «É a história de uma modalidade que já vinha tendo sucesso antes de mim, com a liderança de José Jardim, e nós agora damos continuidade, continuamos a trabalhar ano após ano para tentar vencer. Não é nada fácil, mas é mérito de muita gente.» A equipa de vólei é uma das equipas mais acarinhadas no universo benfiquista, e o treinador brasileiro tem essa noção: «Nós respeitamos sempre todos os adversários, lutamos por todas as bolas, e acho que quem vai ao pavilhão percebe e sente uma identificação muito por causa disso, pela batalha que nós criamos ali. Identificam-se, e que bom que é que se identifiquem com os jogadores que estão em campo. Isso para nós é motivo de mais responsabilidade, mais trabalho para continuar sendo esse bom exemplo. Claro que os resultados nos ajudam, mas a postura dos jogadores, a postura da equipa quando joga, acho que é uma das coisas que mais é comentada pelos adeptos e acho que é o que eles mais gostam.» O foco do Benfica é muito claro. Internamente, nós queremos ganhar tudo. Temos investimento, estrutura física e capacidade para o conseguir e é o nosso objetivo principal, ganhar as competições internas. Para Marcel Matz, a receita que está na base do sucesso da sua equipa é «a seriedade no trabalho de todos». O treinador brasileiro refere que «não há distinções, não há menos responsabilidades ou mais responsabilidades, todos têm de fazer o que precisa de ser feito». Admite que «não é fácil para todos dar 100% todos os dias», mas que «alguns jogadores são muito fortes nesse sentido, e empurram os outros», aproveitando para lhes deixar um elogio: «São muito trabalhadores. É uma das virtudes que eles têm, são muito trabalhadores, independentemente do que tiverem pela frente, eles trabalham muito, e precisamos de confiar que o trabalho vai dar resultado.» Embora a academia de formação das águias seja alvo de elogios em diversas modalidades, para Marcel Matz, esta não é garantia para alimentar a equipa principal do voleibol do Benfica, que é «uma equipa de nível muito alto» que «tenta disputar a Liga dos Campeões e fazer coisas um pouco fora da curva». O treinador frisa que para a essa evolução continuar são necessários «jogadores de qualidade muito alta». Por ser preciso «ter em conta as características e capacidades físicas que o vólei exige, como a altura, que é algo que não é a principal característica do povo português», Marcel considera que «em função do nível da equipa do Benfica, se surgir um ou outro jogador a cada um, dois ou três anos já é sinal de que a formação está a resultar». Ainda assim, e com cinco campeonatos às costas (ou, tendo em conta as medalhas, ao peito), Marcel encara o futuro com otimismo e ambição: «O foco do Benfica é muito claro. Internamente, nós queremos ganhar tudo. Temos investimento, estrutura física e capacidade para o conseguir e é o nosso objetivo principal, ganhar as competições internas. Queremos também tentar conquistar a Taça Ibérica, a nova competição que surgiu o ano passado, e ir o mais longe possível na Liga dos Campeões. » Se por acaso sair do clube encarnado, o treinador brasileiro sabe que o projeto vai seguir vitorioso: «O Benfica é um clube centenário, então com certeza, depois do Marcel, alguém vai continuar a fazer história pelo Benfica. A equipa de vólei, tomara que pelo ecletismo que tem e pelo esforço do clube de manter as modalidades, tomara que continue por muito tempo e tenho a certeza que virá mais gente que vai continuar a escrever história.»