Jogos Paralímpicos: Já está! A 100.ª medalha de Portugal!
António Pedro Santos/LUSA

Jogos Paralímpicos: Já está! A 100.ª medalha de Portugal!

MODALIDADES07.09.202401:10

Sandro Baessa, no atletismo, conquistou a prata nos 150 metros T20, com recorde nacional, e depois, no judo, Djibrilo Iafa (-73 kg J1) assegurou o bronze com um 'wazari' a 58s do fim para a festa do centenário

«Quando ouvi o meu treinador [Jerónimo Ferreira] a gritar: ‘Já está!’, nem queria acreditar», declarou o judoca Djibrilo Iafa, de sorriso rasgado, após a conquista do bronze na categoria -73 Kg J1, cegos totais, nos Jogos Paralímpicos Paris 2024. Aquela que se tornou na primeira medalha de sempre de judo paralímpico, mas a 100.ª de Portugal (27+31+42) na história do evento e poucas horas após Sandro Baessa, no atletismo, ter garantido a prata nos 1500m T20.

Apenas nesta edição na capital francesa, que termina amanhã, a Missão portuguesa contabiliza seis pódios (2+1+3).

«O combate estava bastante dividido, ele estava sempre na defensiva, a fazer um judo para me bloquear o meu, mais mexido, e as técnicas que havia preparado com o meu treinador. Por isso tive que adaptar o meu judo. Estão cá os melhores do mundo, temos que nos adaptar às adversidades. Estou muito feliz e Portugal está de parabéns. Quase não ouvi o meu treinador durante o combate porque havia muito barulho [na Arena Champs de Mars], por isso tentei desligar-me de tudo e todos, e focar-me apenas no combate e no adversário», contou ainda Djibrilo sobre a decisiva luta frente ao brasileiro Harley Arruda, que ficou decidida graças a um wazari conseguido pelo atleta do Clube de Judo Total a 58s do fim.

Djibrilo Iafa carrega o treinador Jerónimo Ferreira na cerimónia do pódio António Pedro Santos/LUSA

Até então Iafa, que havia sido 9.º em Tóquio 2020, superara o turco Gokce Yavuz (ippon), perdeu ante o alemão Lennart Sassa (ippon), para depois, na repescagem, assegurar que tinha hipótese de sonhar com o 3.º lugar ao bater o francês Armindo Rodrigues, por ippon, em escassos 21s.

«Não foi só mérito meu, é também do meu clube [onde é treinado por Fernando Seabra], dos mestres, da minha PT Vanessa Costa, da federação, do Comité, de todos», fez questão de realçar Djibrilo que, a partir daí, e apesar de toda a felicidade passou a estar mais preocupado com a mãe. «Dedico esta medalha a Portugal inteiro, à minha família, e em especial à minha mãe. Coitada, acho que não conseguiu dormir. Quando sair daqui tenho de lhe ligar para a descansar».

Sandro Baessa assegurou o segundo pódio do atletismo em Paris-2024 António Pedro Santos/LUSA

No Stade de France, Sando Baessa, atribuía grande parte do sucesso para a prata conquistada nos 1500m T20 à estratégia que traçara para a prova em que bateu o recorde nacional ao registar 3.49,46m. Apenas superado pelo britânico Ben Sandilands, que fixou um novo máximo mundial de 3.35,40, e à frente do americano Michael Branningham (3.49,91), que ocupou o último degrau do pódio.

«Como não tenho tanta resistência como os meus adversários, o que procuro fazer é acompanhá-los o máximo possível. Depois, como sei que tenho uma boa ponta final, ataco. Sabia que nos últimos metros iria conseguir aproximar-me dos da frente e, quem sabe, ultrapassá-los. Mas depois senti que conseguiria apanhá-los», disse o atleta do Clube de Futebol de Oliveira do Douro, que não resistiu à emoção do momento. «Quando terminei entregaram-me a bandeira e fui logo ter com o Lenine [Cunha]. Eu que não sou uma pessoa de chorar, não consegui aguentar e comecei logo a chorar abraçado ao Lenine. É difícil de descrever, é um sentimento brutal», completou.

António Pedro Santos/LUSA

Tendo terminado em Tóquio-2020 em 12.º, Baessa somou em Paris a segunda medalha do atletismo paralímpico luso, depois do ouro de Miguel Monteiro no lançamento do peso F40, mas a 56.ª no historial da modalidade em Jogos Paralímpicos.

No 10.º dia de competição, destaque ainda para o 7.º lugar de Ana Filipe no salto em comprimento T20 (deficiência intelectual) ao alcançar 5,48m no terceiro salto (5,35, 5,42). Os três reservados às oito melhores da final foram todos nulos. No Rio-2016 Ana terminara em 9.ª e em Tóquio-2020 no 6.º lugar.

Na natação Tomás Carneiro ficou a 15 centésimos de passar à final dos 100 costas S10, onde foi 10.º com 1.04,66m. No atletismo Carolina Duarte apurou-se para a final de hoje dos 400m T13 com 55,99s, melhor marca das eliminatórias, e Norberto Mourão (55,59) e Alex Santos (54,87s), na canoagem, garantiram as meias-finais de 200m KL2 e 200m VL1, respetivamente.