«É bom conhecer o mundo inteiro, mas há sacrifícios»

Bodyboard «É bom conhecer o mundo inteiro, mas há sacrifícios»

MODALIDADES10.09.202413:30

Parte 2 - O francês Pierre-Louis Costes enamorou-se pelas ondas portuguesas, mas foi o coração que o fez trocar de país, onde está há 10 anos. Bicampeão mundial, venceu o Sintra Bodyboard Pro Fest e olha para o tri

Pierre-Louis Costes mergulha nas memórias. «A minha vida de bodyboarder começou em Marrocos», país com o qual assume ter uma ligação. «Aos nove anos, a minha família mudou-se para Marrocos, por motivos profissionais e ficámos três anos. Recebi a minha primeira prancha de prancha de bodyboard no Natal desse ano e o meu amor, a minha paixão pelo desporto e pelas ondas começou aí», destacou Pierre-Louis Costes.

O país do Magrebe foi a porta de entrada para a primeira passagem por Portugal, em 2001. «Marrocos, por motivos familiares e financeiros, não correu bem e regressámos a França num autocarro pago pela Embaixada. Passámos por Portugal e ainda me lembro de sair numa estação de serviço e a moeda [escudos] ser diferente», gracejou.

Voltaria a águas lusas pouco tempo depois, mas para competir: «Com a seleção francesa, sub-14 ou sub-16, na Costa da Caparica, tinha 14 anos, em 2004.»

De lá, para cá, passaram duas décadas e leva mais de metade da vida de prancha debaixo do peito. «Tive a sorte de ser patrocinado cedo, aos 14 anos apanhei o primeiro avião sozinho, desde os 15 que a minha profissão é competir no Circuito Mundial e aos 18 comecei a ser profissional», revela.

«É a parte boa, claro, conhecer o mundo inteiro, mas há sacrifícios, estar longe da família, não foi fácil», reconheceu.

Com uma carreira de sucesso e vida rotinada a nível competitivo e de treino em França, mudou-se para Portugal. «A adaptação correu muito bem, as pessoas acolheram-me muito bem, na água e fora, a família da minha esposa, os portugueses são pessoas muito queridas e facilitaram muito a mudança de vida», frisou.

«Foi muito positiva. Não sabia na altura se ia ter saudades de França ... tenho de vez em quando..., mas em termos de ondas, a qualidade é muito maior e nem vou falar da meteorologia. Na altura não conseguia ver, mas hoje sou muito grato por ter acontecido e devo muito a Portugal», constata.

Bodyboard: «Devo muito a Portugal»

10 setembro 2024, 12:50

Bodyboard: «Devo muito a Portugal»

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Este ano venceu o Sintra Pro e o triunfo na Praia Grande abre-lhe perspetivas de voltar a ser campeão do mundo. «Há sempre essa hipótese. É possível ainda», remata quem continuará no ativo até ter a paixão pelo que faz e o corpo permitir.

«Sou sincero, o mar, o desporto é a minha vida, a minha paixão. Mas é difícil manter a longevidade», alertou. «Há as lesões, a partir dos 30 anos comecei a tê-las, a cabeça começa a ficar um pouco maluca, a competição não é fácil. É uma luta contra ti, sempre, muitos sacrifícios, mas claro que também há coisas muito boas», destaca.

«Vou tentar manter o ritmo, o físico e o mental, até não querer mais», antecipa. «Ainda tenho prazer nisto e provavelmente abandono no dia que deixar de ter. Mas vai ser difícil perder esse gosto», finalizou Pierre-Louis Costes.

Sintra Pro, etapa sempre cumprida em nome da mãe

Pierre-Louis Costes compete no Sintra Pro «desde os 14 anos, ano de 2004». Para o francês a etapa é especial e a quarta vitória (2012, 2015, 2022 e 2024) reveste um renovado lado pessoal: «É uma vitória num sítio que tenho uma ligação emocional.»

Explica quem passou a ter hipótese de voltar a ser campeão mundial. Em 2022, dez anos depois da primeira vitória, terceira no curriculum, dedicou o triunfo na Praia Grande à mãe, falecida em fevereiro desse ano.

«A minha mãe, sempre apoiou a minha carreira e a primeira e única vez que assistiu a um evento do Circuito Mundial foi o Sintra Pro, em 2012. Em 2022, quando ganhei outra vez, dez anos depois, não consegui parar de pensar nela e foi normal dedicar-lhe essa vitória», disse.

Na hora de mais um triunfo, a ligação maternal volta a ser o centro do mundo. «É uma etapa muito especial e esta foi [mais] uma vitória bastante emocional», reforçou. «Há uma conexão muito emocional com o Sintra», concluiu.