Depois da vitória dos dragões na Luz, no futebol, este sábado foi a vez de FC Porto e Benfica medirem forças no basquetebol, na Invicta. Com uma vitória, por 92-89 (22-38, 22-20, 27-19, 21-12), na Dragão Arena, em partida a contar para a 7.ª jornada do Grupo A da 2.ª fase, o FC Porto mantém-se imbatível há cinco rondas e isolou-se na liderança da Liga Betclic num momento em que faltam três jornadas para ficarem definidas as posições para o play-off. Curiosamente, a última vez que os azuis e brancos haviam sido batidos no campeonato tinha sido precisamente frente aos encarnados (99-75), quando visitaram a Luz na 2.ª ronda deste Grupo A. Foi um triunfo que ganhou força após o intervalo (44-58) e depois dos homens comandados por Fernando Sá terem chegado a deter uma desvantagem de 18 pontos (20-38) antes do termo do 1.º quarto (22-38) em que sentiram grades dificuldade para travar a rápida transição ofensiva dos visitantes e compensações nas trocas defensivas, assim como em travar os lançamentos de três pontos do adversário. Cinco neste período, quatro deles consecutivos, dois dos quais de Diogo Gameiro (9 pts, 2 ass). E se a diferença não era maior, muito se devia à ação de Brian Conklin (5 res), que no 1.º período converteu 10 dos seus 18 pontos. Com os donos da casa a registar demasiados turnovers até à ida para os balneários (10, acabaram com 15), a ação de Keven Gomes junto às tabelas (7 pts) e o segundo triplo de Max Landis (22 pts, 3 res), até então quase desaparecido e com dificuldades nas ações defensivas, reduziu o défice dos portistas a 9 (38-47) – desde o 18-26 que não perdiam abaixo das dezenas. No entanto, dois triplos de João Gomes (21 pts, 8 res, 2 ass), o qual chegou ao intervalo com 18 pts, tendo 3/3 em lanç. de 2 e 3/5 para lá da linha de 6,75m, tornaram a dilatar o fosso no marcador até aos 15 (43-58), com Terrell Carter (12 pts, 4 res) a dominar dentro da área e Aaron Broussard (15 pts, 6 res, 4 ass, 2 rbl) a darem uma ajuda. O Benfica dominava e controlava o rimo da partida, mas tudo mudou com a 2.ª parte. Os dragões regressaram mais pressionantes sobre o portador da bola e linhas de passe, o que ajudou a dilatar escassas 4 perdas de bola dos pupilos de Norberto Alves até ao descanso para um total de 15. Aquilo que até então tinha sido quase sempre uma diferença de mais de 10 pontos passou a ficar abaixo das dezenas e o Benfica deixou de surpreender o rival defensivamente em contrapé. A ajudar os locais, Carter cometeu cedo a terceira falta e foi para o banco. O poste, assim como Betinho Gomes, sofrendo maior pressão nas ajudas defensivas, viriam apenas a marcar, respetivamente, mais 2 e 3 pontos, enquanto do lado contrário Teyvon Myers (17 pts, 6 res, 2 ass) e Landis mostravam que a reviravolta no placard era possível, chegando à desvantagem de apenas 4 (71-75) perto do final do 3.º quarto. Sucessivos turnovers e falta de soluções ofensivas, apesar da rotação do técnico dos campeões nacionais, facilitaram o inevitável. Com Landis a assinar 10 pontos consecutivos a fechar um parcial de 11-0 (85-83), surgiu a primeira liderança do FC Porto (85-83) no encontro. O Benfica ainda viria a empatar a 85-85, mas nunca mais voltou a comando. Nova sequência de 6-0 (91-85) lançou, definitivamente, os nortenhos para a vitória, ainda que tenham apanhado um susto quando Terrell Carter (12 pts, 4 res, 2 ass) deixou o marcador a 91-89 com escassos 0,34s no cronómetro. O próprio base americano ex-NBA poderia ter levado o clássico a prolongamento, no entanto, falhou a 8s do apito final, assim como Broussard e Douglas erraram os lançamentos nos últimos 3s depois de Marvin Clark (13 pts, 5 ress, 3 ass) ter deixado tudo em aberto ao errar um dos dois lances livres (92-89) de que dispôs a 0,8s do fim. No outro jogo do Grupo A – esta noite Oliveirense e Ovarense encontram-se em Oliveira de Azeméis – o Sporting derrotou o Lusitânia por pesados 98-59. Já no Grupo B, o V. Guimarães bateu o Póvoa por 96-92, o Esgueira superou o CAB Madeira por 87-76 e o Imortal levou a melhor ao Sangalhos por 76-67. Reações Fernando Sá (treinador do FC Porto) «Penso que o público teve um papel fundamental. Sinto que foi a primeira grande vitória desta equipa. Percebemos que o público está cada vez mais envolvido, as expectativas estão mais altas e queremos essa responsabilidade. Relativamente ao jogo, ninguém ficou satisfeito com o primeiro período. Ainda por cima, tornou-se uma situação repetida, porque já no último jogo na Luz tinha acontecido uma situação semelhante. Virando para as coisas positivas, a forma consistente como fomos percebendo os problemas que o Benfica nos estava a colocar e corrigimos, sem nunca pormos em causa a nossa dignidade em campo, levou a que todos nos envolvêssemos. Melhorámos a intensidade defensiva, a defesa do bloqueio direto e a luta dos ressaltos. Num jogo em que não é normal para nós, já que só fizemos 19% de ‘triplos’, ganhar ao Benfica significa muito. Estou muito satisfeito, porque conseguimos ir buscar soluções diferentes e mostrámos que não estamos dependentes de ninguém nem de estruturas. Em termos ofensivos, estivermos bem. As opções foram bem tomadas. O Benfica joga muito em transição e em situações rápidas após ressalto defensivo. Na verdade, não estávamos à espera que acontecesse dessa forma, mas lá corrigimos e ainda fomos a tempo de recuperar. Basicamente, a diferença fez-se através da transição defensiva. Esta equipa tem várias soluções em termos coletivos e individuais. É fundamental não estar dependente de nenhum jogador. Uma das coisas que falávamos ao intervalo é que neste momento da época não estamos a lutar por estatísticas, mas por campeonatos. Não podemos estar preocupados com minutos ou cestos convertidos. Mesmo no banco e na bancada, há papéis importantíssimos para cumprir, tal como, por exemplo, o Charlon Kloof [que está lesionado] provou hoje numa intervenção feita no balneário ao intervalo.» Norberto Alves (treinador do Benfica) «A partida teve momentos diferentes, mas fomos superiores ao FC Porto na maioria do tempo e perdemos em alguns detalhes. Tivemos ‘turnovers’, aspeto que lhes deu lançamentos mais fáceis, e falhámos alguns ‘tiros’ perto do cesto e também em contra-ataque. Assim sendo, quando podíamos ter aumentado a distância, ela encurtou-se. Quando o jogo fica ‘encostado’, pode cair para qualquer lado. Mudou a fisicalidade [da primeira para a segunda parte] e não soubemos lidar bem com isso. Isso refletiu-se em algumas perdas de bola, que deram origem a contra-ataque. É evidente que isso os anima e falhámos alguns lançamentos perto do cesto e em corrida. Teremos de nos manter focados e unidos mais do que nunca. Sem querer explorar mais coisas, penso que este jogo provou que é muito importante estarmos unidos e focados.»