A basquetebolista americana Brittney Griner partilhou pormenores sobre o tempo em que esteve presa na Rússia, em 2022, depois de detida num aeroporto a entrar no país com cartuchos com óleo de canábis. Primeiro foi detida e só foi julgada mais de 130 dias depois. Devido à paragem na WNBA com as Phoenix Mercury, Griner jogava na primeira liga russa quando foi detida num aeroporto de Moscovo em fevereiro de 2022. Na entrevista conta que foi ela a fazer a mala à pressa, depois de acordar tarde. Na revista, reparou que tinha os cartuchos com óleo de canábis, legais no Arizona. Declarou-se culpada das acusações, foi condenada a nove anos de prisão e enviada para uma colónia penal. A sua libertação foi concedida depois de o governo dos EUA ter feito um acordo com a Rússia em troca do traficante de armas russo Viktor Bout. «Por vezes não recebíamos papel higiénico. A pasta de dentes estava fora de prazo há 15 dias. Não cabia na cama, as minhas pernas ficavam de fora», conta sobre o tempo de detenção antes de ser julgada.Depois do julgada, foi transferida para a colónia no norte do país, IK2, onde trabalhava a cortar tecido para uniformes militares.A descrição é quase literária. «É muito frio. É um campo de trabalho, não há descanso. Quando entramos na cela, há uma casa de banho. Tem um pequeno lavatório frágil com uma fuga e depois imagine-se uma camada de pó, sujidade, manchas de sangue. Só sujidade», contou Griner na canal americano ABC.«Tinha duas t-shirts, dois pares de camisolas, um par de sapatilhas. Rasguei uma das minhas camisolas e usei-a para me limpar, como papel higiénico no buraco sujo no chão, com fezes por todo o lado. Foram momentos em que me senti mais suja e menos que humana», referiu ainda, contando porque cortou o cabelo: «Teve ser. Tinha aranhas por cima da minha cama a fazer ninhos. As pontas dos 'dreadlocks' congelavam e estava sempre molhadas, estava sempre com frio e doente.» «O meu coração saiu-me do corpo», recordou sobre o momento em que as suas malas foram revistadas no aeroporto. «Pensei que a minha vida tinha acabado. Culpa minha. Nas primeiras semanas [detida], quis suicidar-me mais do que uma vez. Só queria acabar com aquilo.»A jogadora contou ainda que lhe ordenaram que escrevesse uma carta ao Presidente russo Vladimir Putin: «Obrigaram-me a escrever uma carta. Estava em russo. Tive de pedir perdão e agradecer ao chamado grande líder. Não o queria fazer, mas ao mesmo tempo queria regressar a casa.»Griner voltou depois a jogar pelas Phoenix Mercury em maio de 2023 e não pretende voltar a jogar no estrangeiro. Vai lançar em breve o livro 'Coming Home'/'Voltar a casa'.