Se o que o Benfica desejava no encontro que marcou o arranque do play-off da Liga Betclic masculina 2022/2023 era deixar um aviso de quanto está preparado para defender o título e, ao mesmo tempo, nem dar esperança ao Póvoa de uma surpresa, então Norberto Alves conseguiu o duplo objetivo. Com uma arrasadora vitória por 97-46 (24-16, 20-12, 28-8, 25-10), as águias ficaram a um triunfo das meias-finais, estando o Jogo 2 dos quartos de final, decididos à melhor de três, agendado para sábado, na Póvoa de Varzim. Os escassos 46 pontos dos nortenhos é a menor pontuação sofrida pelos encarnados na temporada, superando os 55 que o mesmo adversário registara quando visitou a luz na 9.ª jornada da fase regular (63-55), em novembro. Aliás, ao intervalo (44-28), o Benfica já tinha alcançado outro máximo da época, pois nunca sofrera tão pouco após os dois primeiros quartos. Bem, na verdade, nos dois quartos seguintes foi ainda melhor: 18! Mas a tarde de surpresas não se fica por aqui A diferença final de 51 pontos é também outro recorde dos lisboetas. A anterior eram 49 e datava da penúltima e 9.ª jornada da 2.ª fase do Grupo A, a 22 de abril, quando foram a Ovar surpreender a Ovarense por 66-115. No entanto, o descalabro de hoje na Luz aconteceu de uma forma foi tão repentina como o inesperado resultado. Com visitantes a apoiarem bem o jogo interior no poste Christopher Tawiah (4 pts, 4 res) e no lançamento do extremo Cameron Oloyitan (11 pts), durante os primeiros 6 minutos os pupilos de José Ricardo não só aproveitaram um ritmo mais pausado dos campeões para discutirem a liderança como, num triplo de Sherwood Brown (7), chegaram a comandar por 5 (11-16). Parecia que haveria emoção de play-off. Engano! A segunda falta de Tawiah e uma aparente limitação física de Brown que só foi utilizado 10m, obrigou o técnico a ter de mexer no cinco mais cedo do que, certamente, desejava, e com a rotação do banco as fraquezas do Póvoa ficaram a descoberto junto às tabelas, assim como na finalização. O que se seguiu foi o primeiro abanão que dificilmente permitira que o Póvoa voltasse a entrar na luta. Entre os últimos 4.22m do quarto inaugural (13-0) e os primeiros 1.40m do início do 2.º período (4-0) os poveiros sofreram um parcial de 17-0(!) que transformou a vantagem de 11-16 na desvantagem de 28-16. Sem o peso de Tawiah pela frente, Terrell Carter (6 res, 3 ass, 4 rbl), com 5/5 em lançamentos de 2 até ao intervalo, converteu 13 dos seus 15 pontos, enquanto Toney Douglas (13 pts, 2 res, 2 ass, 4 rbl) deu uma ajuda com a eficiência de 3/3 em triplos. Esperava-se que no regresso dos balneários os poveiros, pelo menos, dessem um ar da sua graça e mostrassem porque, desde que há duas épocas subiram à Liga, têm passado ao play-off. Mas não. O Benfica surgiu mais rápido, a jogar em transição como gosta, e tudo se complicou. No arranque do 3.º quarto o Póvoa tornou a ficar sem marcar 3.30m (54-28) e quando finalmente registaram 4 pontos (59-32), sofreram novo parcial de 13-0 (72-32), com o aniversariante Ivan Almeida (12 pts, 2 res, 3 ass) e João Gomes (14 pts, 2 res, 2 ass) a juntarem-se à festa com dois triplos cada. José Ricardo sabia que não havia nada a resolver e retirou as principais figuras de campo. Norberto Alves fez o mesmo e daí até ao apito final a única duvida que restou foi se o Póvoa chegaria aos 50 e o Benfica aos 100. Nenhum conseguiu tais marcas, mas a diferença de 51 foi a maior de toda a partida.