«A seguir a Tóquio, mudei para melhor como skater e como pessoa»
Gustavo Ribeiro (IMAGO)

«A seguir a Tóquio, mudei para melhor como skater e como pessoa»

MODALIDADES23.04.202409:30

Paris-2024 não deve escapar a Gustavo Ribeiro, 3.º do ranking. Quem ir com o irmão gémeo e regressar de medalha no pescoço. Força mental e manobra na carteira.

Gustavo Ribeiro está praticamente com os dois pés nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. «É muito difícil, muito difícil não ir», reconheceu o 3.º do ranking mundial de skate street, considerando que são apurados os 20 primeiros da hierarquia, mais duas vagas reservadas ao país organizador, França e ao COI.

Em vésperas dos torneios de qualificação olímpica (Olympic Qualifier Series), em Xangai, na China (14 a 19 de maio), e Budapeste, na Hungria (18 a 23 junho), o skater português, de 23 anos, tem via aberta para voltar a desfilar na competição dos cinco anéis.

Gustavo não estará só nas duas últimas chamadas para Paris e terá a companhia do irmão gémeo, Gabriel. «Tal como em Tóquio, gostava que o meu mano se qualificasse», disse a A BOLA. Uma tarefa nada fácil para o atual 42.º do ranking após a conclusão do World Skateboarding Tour, no Dubai, no início de março.

«O meu mano tem de, pelo menos, fazer umas semifinais. Se conseguir, garante o top-20, perspetivou. Sinceramente, não sei onde o posso ajudar, a não ser apoiá-lo o máximo possível, em todos os momentos, campeonatos e treinos», detalhou.    

Treinar a mente, mudar o chip

O Gustavo de hoje,  3.º classificado na SLS Championship Tour, em San Diego (EUA), no passado fim de semana, não é o que concedeu uma entrevista à A BOLA em 2019, antes dos Jogos Tóquio-2020. «A partir do momento que o skate entrou nos Jogos, comecei a mudar um bocadinho a maneira de treinar, a focar-me na nutrição, a ser menos rebelde e mais disciplinado», admitiu.

«A partir de Tóquio comecei a ver as coisas de outra forma e a querer mudar para um melhor Gustavo, não só como skater, mas também como pessoa», reforçou.

Explica o porquê da mudança. «Interessa bastante o que é que treinas, mas acho que mais importante do que o treinar, é treinar a mente e de como vês as tuas coisas. Ando a focar-me bastante nisso», especificou.

Antes da estreia olímpica «o skate era hard e pouco mais», recorda. O tempo do skate pelo skate e a rebeldia é passado. «Comecei a trabalhar o mental performance. Aos meus olhos, é a chave número um», confessou o olímpico que iniciou a mental coach (academia da Red Bull) há três anos, após Tóquio-2020.

Ribeiro assumiu continuar sem treinador. O ter ou não ter é um tema fraturante. «Estou a morar nos Estados Unidos, mas o meu pai é o meu treinador, apesar de não estar muito tempo com ele. Treino um pouco sozinho, mas acho que no skate não é preciso um treinador a todo o momento, mas é óbvio que é importante, porque dá outras estratégias nas manobras», admita.

E por falar em manobras, Gustavo confessou ter uma na cartola. «Ando a treinar manobras de switch. Uso o pé ao contrário. Vale bastantes pontos, porque é do lado que não dá jeito», explicou. «Não há muita gente que consiga fazer isso. É um dos meus segredos, por isso não quero revelar muito mais», sorriu.

Fixa a conquista de uma medalha olímpica como objetivo para Paris-2024. «100 por cento. Já era para Tóquio, mas infelizmente tive uma lesão duas semanas antes», recordou. «Definitivamente uma medalha. Vai na cabeça e espero que volte ao pescoço», resumiu o skater de Almada.

E como é que se apresentará na capital francesa. «É o mesmo Gustavo de sempre, mas com uma perspetiva diferente. E com o meu irmão», finalizou, preparado para pisar o famoso Parc Urbain La Concorde, no coração da metrópole gaulesa. «O skate park é inacreditável, um sítio mítico. Já lá estive várias vezes, só me traz boas memórias e espero que continue a trazer», afirmou lembrando o 2.º lugar na etapa de Paris, na primeira paragem da Street League Skateboarding de 2024 e palco do JO Paris2024.