«A Federação decidiu que nenhuma mulher vai ao Europeu, é um desrespeito»
Francisca Laia lamenta que o critério apresentado pelos responsáveis da canoagem portuguesa seja «investimento e futuro»
Francisca Laia, canoísta olímpica portuguesa, lamentou nesta terça-feira que a Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) tenha abdicado de levar atletas femininas ao Europeu que se arranca em Szeged na quinta-feira.
«Este ano, por razões alheias à minha vontade, não participarei no Campeonato da Europa. O mais preocupante, porém, é o facto de a FPC ter decidido que nenhuma atleta feminina fará parte da competição, enquanto cinco homens representarão o país», escreveu nas redes sociais.
De acordo com a atleta que participou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, a justificação dada pela entidade que gere a canoagem lusa é desrespeitosa.
«Questionada sobre esta escolha, a FPC justificou-se mencionando critérios de investimento e futuro, pelo que objetivamente é forçoso concluir que a equipa feminina não é merecedora do mesmo apoio e recursos. Este raciocínio não só é insustentável como também revela um profundo desrespeito pelo potencial e dedicação das atletas femininas, acrescentou.
Francisca Laia defende que a decisão «é um retrocesso inadmissível» e promete lutar contra ela. «Esta é uma batalha que não posso nem vou evitar, pois é minha obrigação enquanto atleta e mulher», acrescentou.
«Como mulher comprometida com a luta pela igualdade de género no desporto, é com profunda deceção e frustração que me confronto com uma completa exclusão de atletas femininas nesta importante prova», lê-se ainda na nota emitida pela atleta de 30 anos.
«Se a qualificação para o Campeonato da Europa estava condicionada à qualificação para os Jogos Olímpicos, é legítimo questionarmos: por que razão há recursos disponíveis para enviar um K4 masculino, e não para uma única atleta feminina?», questiona ainda.