Liam Broady deu o mote a festa dos britânicos que não poupam esforços e fazem gala de estar na queue, a famosa fila que leva pessoas a acamparem literalmente noites a fio por um bilhete do dia – agora já há um campo relvado nas imediações do All England Club para o efeito, mas no passado eram os passeios a servir de parque improvisado de campismo. Não só por ter sido um dos tenistas de Sua Majestade a chegar à terceira ronda, mas porque o fez impondo a derrota a Casper Ruud, número quatro mundial e o primeiro dos mais cotados cair no quadro masculino de singulares em Wimbledon. Mesmo sem a barba que, por tradição, o 142.º mundial costuma apresentar-se no All England Club, Broady apresentou um ténis mais batalhador do que o norueguês finalista de Roland Garros e, em 3.27 horas, despachou o campeão do Millennium Estoril Open por 6/4, 3/6, 4/6, 6/3 e 6/0, deixando o court central ao rubro com a entrada de um dos seus na 3.ª ronda. «Quando fui para a cama ontem à noite, pensava no que ia dizer caso ganhasse o encontro. É uma experiência aterradora e inebriante entrar e jogar neste court central. Wimbledon faz parte dos meus sonhos desde que tinha cinco anos», disse Broady com a voz embargada, depois de ter celebrado de braços no ar em direção à box onde esteve a irmã Naomi, também ela tenista, e mãe, alvo das boa-disposição do jogador que queria ser tratador de animais num jardim zoológico. «A minha mãe não gosta de me ver jogar e hoje de manhã [esta quinta-feira], disse-lhe para não se preocupar que esta semana já tinha ganho perto de 99.500 euros e que ela podia ficar descansada», contou, entre risos, o britânico que, afinal, já amealhou 150 mil euros cumprindo o sonho de jogar no central. «Se vou comprar algo para a minha mãe?! Não, mas vou deixá-la fazer-me o jantar de novo», provocou ainda o britânico de 29 anos após marcar encontro com o canadiano Denis Shapovalov. «É um dos melhores do mundo, sim. Mas porque não vencer outra vez?!», deixou no ar Broady. Casper Ruud vai ter de voltar a Wimbledon para contrariar a malapata da família. O n.º 4 mundial optou por não jogar torneios de relva antes da quinzena londrina, fazendo a transição da terra batida para a relva no golfe, tiro aos pombos ou nos concertos de The Weeknd em Oslo e Estocolmo. Mas já o pai Christian, seu treinador, nunca passou da ronda inaugural nas cinco vezes em que jogou na catedral do ténis.