O líder da Volta a Espanha, Sepp Kuss, afirmou na terça-feira, no segundo e último dia de descanso na prova, que não queria que os seus dois companheiros na Jumbo-Visma e líderes da equipa à partida para a presente edição da prova, Jonas Vingegaard e Primoz Roglic, deixassem de se competir ao máximo para permitir-lhe manter a camisola vermelha até à última pedalada da Vuelta em Madrid, no próximo domingo. O norte-americano disse, literalmente, que não queria ofertas e nem sequer se referia ao facto de o seu 29.º aniversário, na terça-feira, coincidir com o dia da etapa considerada a mais exigente da terceira semana da Vuelta, que terminou no temível Alto do Angliru. De qualquer modo, como se o seu pedido, realmente, tivesse tido destinatário(s), Kuss teve de tudo menos prendas de anos de Vingegaard e Roglic, que o deixaram para trás na parte final da íngreme subida asturiana, quando os três já lideravam a corrida destacados da concorrência. Deslealdade a quem foi fiel e profícuo companheiro daqueles nas respetivas vitórias, nas voltas a França e a Itália esta temporada. Todavia, Kuss recorreu-se do talento e da abnegação que lhe permite amiúde ser decisivo nos êxitos daqueles e restringiu o prejuízo na meta a 19 segundos, e a apenas oito a vantagem com que segura a camisola vermelha após a 17.ª etapa para Vingeggard, que a conclui na roda de Roglic. No final da jornada, aquele a quem chamam Águia de Durango manteve-se fiel a si próprio: modesto e servil aos seus consagrados líderes. «Trabalhámos muito bem juntos, eles [Vingagaard e Roglic] são dois grandes campeões. Queria a minha oportunidade, mas também estou disposto a trabalhar para eles», disse Sepp Kuss, sem mostrar o mínimo sinal de ressentimento. O vencedor da etapa e principal instigador do ritmo que fez ceder o companheiro de vermelho, Primoz Roglic, justificou-se… «Limitei-me a impor o meu ritmo. É estranho [deixar Kuss para trás], mas numa subida tão inclinada cada um vai o mais rápido possível e depois vê-se», declarou o esloveno igualmente no seu pragmático habitual, agora que reduziu para 1.08 minutos a desvantagem para Kuss e para 1.00 m para Vingegaard na classificação geral. Este último, que se limitou a seguir Roglic, foi-lhe mais fácil preferir um discurso conciliador. «Sinceramente, estou satisfeito por Sepp [Kuss] ainda estar de vermelho, gostaria mesmo que ele ficasse com a camisola e vencesse esta Volta a Espanha», disse habilmente o dinamarquês, que nunca esteve tão perto de vencer duas grandes voltas num ano (Tour e Vuelta). Hoje, mais uma etapa montanhosa, incluindo três contagens de 1.ª categoria, a última coincidente com a meta em La Cruz de Linares, nova oportunidade para se saber onde para efetivamente a hierarquia na Jumbo-Visma. CLASSIFICAÇÕESRIBADESELLA – ALTO D’ANGLIRU 124,5 KM17.ª ETAPA1.º Primoz Roglic (Esl/Jumbo-Visma) 3:15.56 h à média de 38,095 km/h2.º Jonas Vingegaard (Din/Jumbo-Visma) mt3.º Sepp Kuss (EUA/Jumbo-Visma) a 19 s4.º Mikel Landa (Esp/Bahrain) mt5.º Wout Poels (PB/Bahrain) a 44 s6.º João Almeida (Por/Emirates) a 58 s37.º Nelson Oliveira (Por/Movistar) a 15.14 m57.º Rui Costa (Por/Intermarché) a 18.45 m91.ºAndré Carvalho (Por/Cofidis) a 21.58 m144.º Rui Oliveira (Por/Emirates) a 26.06 m GERAL1.º Sepp Kuss (EUA/Jumbo-Visma) 60:34.21 h2.º Jonas Vingegaard (Din/Jumbo) a 8 s3.º Primoz Roglic (Esl/Jumbo) a 1.08 m4.º Juan Ayuso (Esp/UAE Emirates) a 4.00 m5.º Mikel Landa (Esp/Bahrain) a 4.16 m6.º Enric Mas (Esp/Movistar) a 4.30 m7.º Cian Uijtdebroeks (Bel/Bora) a 6.43 m8.º Aleksandr Vlasov (Rus/Bora) a 7.38 m9.º João Almeida (Por/Emirates) a 9.26 m10.º Stef Cras (Bel/TotalEnergies) a 12.02 m43.º Rui Costa (Por/Intermarché) a 1:50.40 h47.º Nelson Oliveira (Por/Movistar) a 1:54.55 h139.ºAndré Carvalho (Por/Cofidis) a 3:33.38 h149.º Rui Oliveira (Por/Emirates) a 3:50.37 h PONTOS1.º Kaden Groves (Aus/Alpecin) 228 pontosMONTANHA1.º Remco Evenepoel (Bel/Soudal) 91 pontosJUVENTUDE1.º Juan Ayuso (Esp/Emirates)EQUIPAS1.ª Jumbo-Visma 181:09.29 h