Volta a Itália: Thomas ofereceu camisola rosa a Bruno Armirail

Ciclismo Volta a Itália: Thomas ofereceu camisola rosa a Bruno Armirail

CICLISMO20.05.202319:20

Não foi pela chuva e pelo mau tempo adverso que continua a massacrar o pelotão, que a classificação geral da Volta à Itália tem o francês Bruno Armirail (Groupama-FDJ) como novo líder, porque até ele sabe tratar-se de uma situação a prazo e longe de pensar em conseguir estar no pódio final em Roma daqui por uma semana. Campeão nacional de contrarrelógio, título conseguido em junho do ano passado em Cholet, ao registar menos 24 segundos que Rémi Cavagna, Armirail com 29 anos realiza o sonho de liderar uma grande volta por culpa da guerra tática entre as equipas, com a Ineos-Grenadiers a abdicar de defender a camisola rosa de Geraint Thomas.  

Devido ao desenvolvimento da corrida nos últimos dias e fazendo uma antevisão das inúmeras dificuldades que se advinham na etapa de domingo e principalmente na próxima semana, com quatro chegadas em altitude, a opção dos diretores desportivos foi colocar a responsabilidade em Armirail, como poderia ter sido em qualquer outro ciclista. Feita a leitura dos nomes que faziam parte da fuga e verificando que nenhum tem pernas para se manter entre os melhores, a formação britânica decidiu que era o dia certo, para deixar fugir o primeiro lugar e oferecer a camisola rosa.    

Com o desgaste a acumular-se nos cinco companheiros de Thomas, e verificando que Jumbo-Visma, UAE-Team Emirates, Team DSM, Bahrain-Victorious e Bora-Hansgrohe, não tomam a iniciativa e reservam energias para os combates nas montanhas dos Dolomitas, a decisão bem ou mal tomada foi ao encontro dos objetivos da equipa.

«Estamos felizes por esta situação. Hoje foi uma etapa tranquila antes de um dia muito importante como será amanhã, desde que não existissem ciclistas perigosos para a classificação, a fuga tinha pernas e cabeça para andar e ganhar muito tempo. Foi uma etapa complicada em termos de clima, prefiro que se corra de forma conservadora para economizarmos energia. As duas ultimas semanas foram muito difíceis devido ao clima, amanhã temos mais uma etapa difícil pela frente. No final, Armirail leva a camisola rosa depois de ter anulado os mais de 18 minutos que tinha para Thomas. Acho que é uma situação perfeita para nós», afirmou o diretor desportivo da Ineos, Matteo Tossato. Sobre se o cenário foi discutido antes da etapa começar, adiantou:

«Com certeza. Sabíamos que era a oportunidade para perder a camisola rosa. Esta manhã tínhamos um plano claro. Os ciclistas estavam focados na chegada, o importante é recuperar e dormir bem para amanhã, principalmente comer e beber não gastar energias e descansar por causa do clima. O frio faz com que os ciclistas gastem mais energias. Amanhã vamos estar atentos desde o início, pode ser uma grande etapa e com decisões imprevisíveis».

O filme da 14.ª etapa percorrida entre Sierre e Cassano Magnago com 194 km tem como principal argumento a fuga de 29 ciclistas, que perante a chuva e vento foram ganhando tempo ao pelotão que chegou à meta com mais 21,11 minutos. Resultado que demonstra a liberdade que foi dada aos fugitivos e o marasmo que se viveu no pelotão, que pelos vistos e segundo  a Ineos-Grenadiers foi planeado e cumprido.  

No grupo da frente e a 55 km da meta, isolaram-se Ballerini (Soudal), Oldani (Alpecin), Rex (Intermarché) e Skujins (Trek), que nos últimos 500 metros tiveram a companhia de Denz (Bora), Bettiol (Education), Gee (Israel) e Maryrhofer (DSM). No sprint prevaleceu a ponta final do alemão Nico Denz, que enriqueceu o palmarés repetindo a vitória conseguida dois dias antes na chegada a Rivoli. «Tive a oportunidade de integrar a fuga mas com Trek, Israel e Movistar a terem vários ciclistas a certa altura pensei que tínhamos perdido porque não conseguíamos reduzir a diferença. Quando o grupo da frente abrandou, pensei que era o tudo ou nada para vencer outra vez. Quando Bettiol começou o sprint dei tudo e fui a todo o vapor até à meta. Claro que estou feliz num dia muito difícil, quando descemos Simplon Pass, estava um frio de rachar, tinha três casacos vestidos e bebi chá quente, no final foi uma questão de atitude e determinação», afirmou Nico Denz.

Com toda esta liberdade dada pelo pelotão, João Almeida tal como todos os que estavam na frente desceram um lugar na geral, o ciclista português ocupa a 4.ª posição mas manteve as diferenças para Geraint Thomas e Primoz Roglic.   

14.ª ETAPA SIERRE - CASSANO MAGNAGO 194 KM

1.º Nico Denz (Ale/Bora-Hansgrohe) 4.37,30 h à média de 41,946 km/h

2.º Derek Gee (Can/Israel-Premier Tech) mt

3.º Alberto Bettiol (Ita/EF Education-EasyPost) mt

4.º Laurenz Rex (Bel/Intermarché-Wanty) a 1 s

5.º Davide Ballerini (Ita/Soudal-Quick Step) mt

6.º Toms Skujins (Let/Trek-Segafredo) a 4 s

7.º Marius Mayrhofer (Ale/Team DSM a 10 s

8.º Stefano Oldani (Ita/Alpecin-Deceuninck) a 20 s

9.º Andrea Pasqualon (Ita/Bahrain-Victorious) 50 s

10.º Mirco Maestri (Ita/Eolo-Kometa) mt  

39.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates) a 21,11 m

CLASSIFICAÇÃO GERAL

1.º Bruno Armirail (Fra/Groupama-FDJ) 56.17,01 h

2.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos-Grenadiers) a 1,41 m

3.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo-Visma) a 1,43 m

4.º João Almeida (Por/Emirates) a 2,03 m

5.º Andreas Leknessund (Din/Team DSM) a 2,23 m

6.º Damiano Caruso (Ita/Bahrain) a 3,09 m

7.º Lennard Kamna (Ale/Bora) a 3,33 m

8.º Thymen Arensman (Ned/Ineos-Grenadiers) a 4,26 m

9.º Laurens De Plus (Bel/Ineos) a 4,49 m

10.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ) a 4,54 m

PONTOS

1.º Jonathan Milan (Ita/Bahrain-Victorious)

MONTANHA

1.º Davide Bais (Ita/Groupama-FDJ)

JUVENTUDE

1.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates)

EQUIPAS

1.ª Bahrain-Victorious 168.23,58 h

2.ª Israel-Premier Tech a 7,03 m

3.ª Jumbo-Visma a 29,00 m