Remco Evenepoel deixou o hotel às 08.20 h e numa viatura da Soudal-Quick Step iniciou a viagem de regresso a casa na Bélgica, o assessor de imprensa, Phil Lowe, informou os jornalistas à porta do hotel que nada mudou; «Remco Evenepoel está com covid e vai voltar a casa. Os outros companheiros de equipa permanecem na Volta à Itália. A equipa realizou ontem cerca das 19.30 h um teste normal antes do dia de descanso, como acontece com regularidade e o resultado foi o que todos conhecem. É uma situação corrente, não testámos porque existissem alguns sintomas, porque não existia nenhum. Vamos levar algum tempo para chegar a conclusões e saber como Remco foi infetado, veremos quando pode voltar a correr». Segundo Phil Lowe, o ciclista manteve-se calmo quando soube da notícia; «Esta situação já se vive na equipa desde que chegou o covid há três anos, daí termos que lidar com a situação e seguir em frente. A decisão foi tomada pelo ciclista, pela equipa e também pela corrida, porque queríamos imediatamente controlar a situação para que não se espalhasse ainda mais o vírus dentro do grupo ou do Giro. Como Remco reagiu? Permaneceu calmo e à noite ainda conseguiu sorrir novamente. Acho que ele aceitou e compreendeu a situação. A atmosfera estava inicialmente um pouco deprimida, mas depois tudo acalmou. Não vamos culpar ninguém nem dizer que o Giro poderia ter feito mais, ele poderia ter ficado infetado em qualquer lugar e não podemos fazer uma cerca com 200 quilómetros. Pode ter acontecido numa subida ou no aeroporto», concluiu. Até agora a organização da Volta à Itália ou a UCI não impuseram qualquer regra sobre o covid-19, Clément Russo, Giovanni Alleoti, Nicola Conci, Ramon Sinkeldam, Filippo Ganna e Rigoberto Uran, também abandonaram a corrida por terem dado positivo com covid-19. Todos os protocolos sobre o covid-19 introduzidos em 2020 pela UCI foram eliminados. Utilização de máscaras, distanciamento social e testes rápidos antigénio, deixaram de ser obrigatórios, as equipas decidiram realizar testes internos para controlarem de perto a situação. No domingo a Soudal-Quick Step realizou um teste de rotina não obrigatório e apesar de Remco Evenepoel ter dado positivo, ele deveria ter sido autorizado a permanecer na Volta à Itália. O campeão do mundo poderia ter ficado no hotel isolado até segunda-feira à noite para ver como se sentia e só então tomar uma decisão. «A saúde está em primeiro lugar. Nunca sabemos o que está sob a pele. Desejo a melhor recuperação ao Remco e espero que todos respeitem a nossa escolha e privacidade. Remco voltará mais forte», afirmou Patrick Lefevere, diretor geral e responsável pela equipa. Para o virologista belga, Marc Van Ranst, o covid-19 em Evenepoel estará em fase inicial; «Remco não apanhou o vírus na bicicleta, mas num local com pouca ventilação, como a sala de imprensa na partida. Acho que estará num período inicial, espero que os testes tenham sido feitos corretamente e que não tenha sido um falso positivo. Covid-19 já não tem o poder que tinha anteriormente e os desportistas sentem menos efeitos. Isso mostra mais uma vez que Evenepoel é um grande atleta, talvez isso explique porque no contrarrelógio rendeu menos que o esperado. Foi tomada uma decisão certa para a sua saúde, provavelmente o vírus ainda mora na equipa. Não podia continuar a competir porque poderia afetar o músculo cardíaco». No inicio deste mês a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou o fim da pandemia provocada pelo covid-19, que causou milhões de mortos em todo o mundo. A quase totalidade das restrições foram eliminadas, situação que foi extensiva ao ciclismo, com a UCI a cancelar todos os protocolos estabelecidos em 2020, quando em plena crise o ciclismo foi uma das primeiras modalidades a retomar a atividade em agosto. Os testes antigénicos foram introduzidos como obrigatórios desde a Volta à Itália de 2020 para uma triagem imediata, que se complementavam pelos testes moleculares de PCR em caso de dúvida ou positividade. As equipas e organizadores de corridas uniram-se em 2020, 2021 e 2022, e num esforço gigantesco lutaram para garantir a segurança, desde os autocarros, às viaturas de apoio, quartos de hotéis e estruturas devidamente higienizadas. A situação foi atenuada esta temporada face aos indicativos que a pandemia estava em vias de extinção, a verdade diz precisamente o contrário como se verificou nos dias que antecederam o início da Volta à Itália e no decorrer da primeira semana. Remco Evenepoel foi o terceiro ciclista a abandonar a Volta à Itália quando envergava a camisola rosa de líder, anteriormente tinham sido Eddy Merckx em 1969 e Marco Pantani em 1999, ambos por casos de doping.