A Volta à Itália conhecida na linguagem do ciclismo por “Giro d’Itália”, vai disputar-se entre 6 e 28 de maio, com partida de Fossacesia Marina, situada na província de Chieti na região de Abruzzo e final junto ao Coliseu em Roma, a 106.ª edição tem 21 etapas com 3.487,2 quilómetros, três contrarrelógios, muita montanha e dois dias de descanso. Depois do primeiro contrarrelógio o pelotão ficará na região de Abruzzo para mais duas longas etapas, segue-se a primeira chegada em altitude no Lago Laceno, três dias depois surge o final em Campo Imperatore (1.ª cat.), situado no maciço mais alto dos Apeninos, finalizando a primeira semana com o contrarrelógio em Cesena com 35 quilómetros. Na segunda e terceira semana o percurso exige o máximo dos corredores, com passagem pelos Alpes e Dolomitas, etapas de alta montanha com finais em Crans Montana, Monte Bondone, Val di Zoldo e Tre Cime Lavaredo, a que se juntam jornadas de média montanha e traiçoeiras, com um contrarrelógio decisivo no Monte Lussari, num percurso direcionado a ciclistas versáteis e que possuam uma boa equipa para as etapas mais complicadas. Entre as 22 equipas que completam o pelotão existe um valioso numero de candidatos, João Almeida, Remco Evenepoel, Primoz Roglic, Aleksandr Vlasov, Geraint Thomas, Lennard Kamna, Tao Geoghegan Hart, Hugh Carthy, Thymen Arensman, Rigoberto Uran, Jay Vine, Gino Mader, Damiano Caruso, Jack Haig, Thibaut Pinot e Felix Gall. Nos primórdios do Giro e à media que ganhava destaque e popularidade, o pelotão expandia-se e começava a ter a participação de ciclistas de outras nacionalidades, sendo considerada a seguir à Volta à França, a segunda corrida mais importante do mundo, com passagem pelas montanhas famosas que inclui os Alpes, Apeninos e Dolomitas. A realização da Volta à Itália foi inspirada na Volta à França e no sucesso que o jornal L’Auto obteve. A sua realização foi sugerida pela primeira vez ao editor da Gazzetta dello Sport, Tutto Morgagni, que enviou um telegrama ao proprietário do jornal, Emílio Costamagna e ao editor de ciclismo, Armando Cougnet, sugerindo a sua realização. Naquela época, o Corriere della Sera, planeava realizar uma corrida de bicicletas, depois do sucesso obtido com a realização de uma corrida de automóveis. A Gazzetta dello Sport a atravessar dificuldades económicas e após o sucesso do Giro da Lombardia e Milão - San Remo, o proprietário decidiu avançar com o Giro de Itália, anunciado em 7 de agosto de 1908 e realizado em maio de 1909. Como os organizadores não tinham 25.000 liras, necessárias para realizar a corrida, consultaram Primo Bongrani, administrador do Banco Cassa di Risparmio e amigo dos organizadores. Os esforços de Bongrani foram bem sucedidos, conseguindo dinheiro suficiente para pagar os custos operacionais. O prémio em dinheiro foi patrocinado por um casino em San Remo, até o Corriere della Sera, doou 3.000 liras para promover a corrida. No dia 13 de maio de 1909, 127 ciclistas iniciaram o primeiro Giro de Itália, na Loreto Place em Milão, com a corrida a ter oito etapas com 2.448 quilómetros mas apenas 49 a chegaram ao fim, com vitória de Luigi Ganna, seguido de Carlo Galleti e Giovanni Rossignoli que completaram os lugares de honra. A edição de 1912 foi a única que não teve classificação individual, apenas existindo a classificação coletiva que teve por vencedor o Team Atala. A partir de 1914 o formato passou de classificação por pontos para classificação por tempos, no qual o que somasse o menor tempo era o vencedor da corrida. Devido à I Guerra Mundial, o Giro foi suspenso entre 1915 e 1918, Costante Girardeno foi o vencedor do primeiro Giro depois da guerra em 1919. A figura dominante da década de 1920 foi Alfredo Binda que ganhou cinco Voltas à Itália, a primeira em 1925, em 1927 ganhou 12 das 15 etapas, seguiu-se 1928, 1929 e 1933. Em 1930 foi convidado pela Gazzetta dello Sport, que lhe ofereceu 20.000 liras para ser menos dominador, o que ele recusou. Em 1936 surgiu Gino Bartali que venceu a Volta à Itália em 1936, 1937 e 1946, a que juntou quatro segundos lugares. Em 1940 o domínio de Bartali foi colocado à prova, no ultimo Giro antes da II Guerra Mundial, foi derrotado pelo companheiro de equipa Fausto Coppi, com apenas 20 anos. A rivalidade entre Bartali e Coppi intensificou-se depois da guerra. Bartali venceu o seu último Giro em 1946, Coppi registou cinco vitórias, 1940, 1947, 1949, 1952 e 1953, tornando-se o primeiro ciclista a vencer o Giro, Tour e Vuelta no mesmo ano, o que aconteceu em 1952. O primeiro estrangeiro a vencer a Volta à Itália foi o suíço Hugo Koblet em 1950. Ninguém dominou na década dos anos 50, Fausto Coppi, Charles Gaul e Fiorenzo Magni, venceram dois Giros cada, o mesmo aconteceu nos anos 60, Jacques Anquetil venceu em 1960 e 1964, Franco Balmamion foi primeiro em 1962 e 1963. Eddy Merckx foi a figura dominante na década de 1970, registou a primeira vitória em 1968, seguiu-se 1970 e de seguida 1972, 1973 e 1974. Em 1969 quando envergava a camisola rosa de líder, foi impedido de começar a 17.ª etapa, num dos escândalos mais controversos da competição. Foi acusado de doping, entretanto a UCI decidiu suspender a decisão, mas a organização não permitiu que o ciclista belga alinhasse à partida, Felice Gimondi que tinha sido primeiro em 1967 viria a ser o vencedor, feito que repetiria em 1976. O americano Andrew Hampsten foi o primeiro não europeu a vencer o Giro em 1988, o primeiro sul americano foi o colombiano Nairo Quintana em 2014. O espanhol Miguel Indurain, vencedor de cinco voltas à França, ganhou dois Giros consecutivos em 1991 e 1992. Ivan Gotti em 1997 e 1999, Marco Pantani em 1998, os três venceram no mesmo ano o Giro e Tour. Os ciclistas que venceram por duas vezes no século XXI foram, Gilberto Simoni em 2001 e 2003, Paolo Savoldelli em 2002 e 2005, Ivan Basso em 2006 e 2010, Alberto Contador em 2008 e 2015 e Vincenzo Nibali em 2013 e 2106. Em 2020 a corrida devido à pandemia covid-19 foi transferido para outubro, João Almeida que terminou em quarto lugar na geral, andou 15 dias com a camisola rosa de líder, o triunfo pertenceu a Tao Geoghegan Hart, sendo o segundo ciclista britânico a vencer a competição. Egan Bernal em 2021 foi o segundo colombiano vencedor e Jai Hindley em 2022 o primeiro australiano a ganhar a Volta à Itália. A Itália é o país que detém o maior número de vitórias, soma 207 pódios com 69 primeiros, 66 segundos e 72 terceiros lugares, segue-se Bélgica com sete vitórias, França seis, Espanha quatro, Rússia e Suíça com três. A camisola rosa é o símbolo de líder da Volta à Itália, a cor foi escolhida porque o jornal que criou a competição era e ainda é impresso nessa cor, a sua estreia aconteceu a 10 de maio de 1931, o italiano Learco Guerra teve o privilégio de ter sido o primeiro corredor e envergá-la. Eddy Merckx vestiu por 78 vezes a camisola de líder, recorde que ainda se mantém, segue-se Alfredo Binda com 61 e Francesco Moser com 57 etapas vestido de rosa. O italiano Mário Cipollini detém o recorde de vencedor de etapas com 42, segue-se Alfredo Binda 41, Learco Guerra 31, Costante Girardeno 30 e Eddy Merckx 25. O recordista de participações é Wladimiro Panizza com 18, seguido de Pierino Gavazzi com 17, Roberto Conti, Franco Bitossi, Aldo Moser e Andrea Noé com 15. Três ciclistas venceram a Volta à Itália por cinco vezes, Alfredo Binda, Fausto Coppi e Eddy Merckx. Na edição de 2023 nenhum ciclista em atividade venceu mais do que uma vez a Volta à Itália, Nairo Quintana, Chris Froome, Richard Carapaz e Egan Bernal, estão no ativo mas não vão alinhar à partida. ETAPAS 06/05 1.ª Etapa Fossacesia Marina - Ortona (CRI) 19,6 km 07/05 2.ª Etapa Teramo - San Salvo 202,0 km 08/05 3.ª Etapa Vasto - Melfi 213,0 km 09/05 4.ª Etapa Venosa - Lago Laceno 175,0 km 10/05 5.ª Etapa Atripalda - Salerno 171,0 km 11/05 6.ª Etapa Nápoles - Nápoles 162,0 km 12/05 7.ª Etapa Cápua - Campo Imperatore 218,0 km 13/05 8.ª Etapa Terni - Fossombrone 207,0 km 14/05 9.ª Etapa Savignano sul Rubicone - Cesana (CRI) 35,0 km 15/05 Descanso 16/05 10.ª Etapa Scandiano - Vieareggio 196,0 km 17/05 11.ª Etapa Camaiore - Tortona 219,0 km 18/05 12.ª Etapa Bra - Rivoli 179,0 km 19/05 13.ª Etapa Borgofranco d’Ivrea - Crans Montana 207,0 km 20/05 14.ª Etapa Sierre - Cassano Magnago 193,0 km 21/05 15.ª Etapa Seregno - Bérgamo 195,0 km 22/05 Descanso 23/05 16.ª Etapa Sabbio Chiese - Monte Bondone 203,0 km 24/05 17.ª Etapa Pergine Valsugana - Caorle 195,0 km 25/05 18.ª Etapa Oderzo - Val di Zoldo 161,0 km 26/05 19.ª Etapa Longarone - Tre Cime di Lavaredo 183,0 km 27/05 20.ª Etapa Tarvisio - Monte Lussari (CRI) 18,6 km 28/05 21.ª Etapa Roma - Roma 135,0 km Total 3.487,2 km EQUIPAS - 22 AG2R-Citroen (Fra) Alpecin-Fenix (Bel) Arkéa-Samsic (Fra) Astana Qazaqstan (Kaz) Barhain-Victorious (Brn) Bora-Hansgrohe (Ale) Cofidis (Fra) EF Education-EasyPost (Usa) Groupama-FDJ (Fra) Ineos-Grenadiers (Gbr) Intermarché-Circus-Wanty (Bel) Jayco-Alula (Aus) Jumbo-Visma (Hol) Movistar (Esp) Soudal-Quick Step (Bel Team DSM (Ned) Trek-Segafredo (Usa) UAE-Team Emirates (Uae) Eolo-Kometa (Ita) Green Project-Bardiani-CSF (Ita) Israel -Premier Tech (Isr) Team Corratec (Ita)