Em 1903 A Volta à França (Tour) foi a primeira competição por etapas na história do ciclismo. Depois de se terem realizado corridas com largas distâncias como o Paris – Brest – Paris com 1.200 km em 1891, ou o Bordéus – Paris com 576 km, o jornalista Géo Lefévre idealizou criar uma competição por etapas que percorresse grande parte do território francês. Apresentou o projeto a Henri Desgrange então diretor do jornal desportivo L’Auto, que achou interessante a ideia, embora com vários problemas de infraestruturas, financiamento, alojamento de corredores, organização e a deslocação entre as cidades. Em janeiro de 1903 foram abertas as inscrições para uma prova de seis etapas com 2.428 quilómetros e 20.000 francos em prémios a realizar em maio. Apenas 15 corredores responderam ao anúncio, obrigando a organização a mudar a data da corrida para julho e melhorando os prémios, aumentado para 60 o número de participantes. Em 19 de julho de 1903 realizou-se a 1.ª etapa da Volta à França, com partida de Montgeran nas proximidades de Paris, devido à proibição das autoridades em autorizar corridas nas ruas da capital, que teve final em Lyon depois de percorridos 476 km. O percurso incluía as cidades mais importantes como Paris, Marselha, Toulouse, Bordéus e Nantes, com os corredores a competirem durante a noite, tendo entre cada etapa três dias de descanso para recuperar do esforço despendido que chegavam às 20 horas em cima da bicicleta. O vencedor de três etapas e da geral foi o francês Maurice Garin, que completou a prova a uma média de 25 km/h, recebendo como prémio 6.075 francos que deixou o segundo classificado, Lucien Pothier a 2.59,21 h, com apenas 21 corredores a chegarem ao fim. O êxito de audiências foi um sucesso com etapas que chegaram a ter cem mil espetadores e o diário a subir as tiragens de forma impressionante, chegando a ser vendidos 40.000 exemplares. Foi assim o começo do Tour porque tudo o resto faz parte da história. A edição de 1904 foi marcada por vários escândalos, levando à expulsão dos quatro primeiros classificados por terem utilizado a linha de caminho-de-ferro. O período anterior à I Grande Guerra é apontado como uma época de heróis, que percorriam em média diariamente cerca de 400 km, situação que parece assombrosa dado o modesto equipamento técnico existente na altura e a má qualidade das estradas. Em 1905 realizou-se a primeira subida a Ballon d’Alsace a 1.171 metros de altitude na cordilheira de Voges. Cinco anos depois realizou-se a primeira subida ao Tourmalet nos Pirenéus, para em 1911 se iniciar as primeiras subidas aos Alpes. Naquela época o destaque foi para o belga Phillippe Thijs vencedor de três edições do Tour, ciclo que foi interrompido pela primeira guerra mundial em 1914, que obrigou à suspensão da corrida durante quatro anos. O número de etapas foi aumentando gradualmente, 11 em 1905, 15 em 1910, 18 em 1925 e 24 em 1931, também a quilometragem foi aumentando até chegar aos 5.500 km. Logo nas primeiras edições o Tour visitou países vizinhos de França, em 1905 houve etapas na Alemanha, no ano seguinte em Espanha e Itália, para mais tarde chegar à Suíça em 1913, Bélgica e Luxemburgo em 1947, Mónaco em 1952, Andorra em 1964 e em outros países fronteiriços como Holanda, Inglaterra e Irlanda. Em 1933 foi introduzida a camisola para o melhor trepador e bonificações para os que passassem nos primeiros lugares nas contagens de montanha. Em 1936 Jacques Goddet substituiu Henri Desgrange na direção da corrida francesa, cargo que ocupou até 1987, sendo favorável às inovações técnicas nas competições, introduzindo a classificação por pontos, assim como o prólogo no primeiro dia de competição. Segunda metade do século XX Em 1957 realizou-se a primeira reportagem televisiva e no ano seguinte transmissões em direto, com fragmentos das etapas. Nesse ano com apenas 23 anos o francês Jacques Anquetil conseguiu a sua primeira vitória no Tour, demonstrando uma clara superioridade sobre os principais adversários. Anquetil foi o primeiro corredor que ganhou por cinco vezes o Tour, quatro das quais consecutivas entre 1961 e 1964, destacando-se nas provas de contrarrelógio e a progressiva adaptação às etapas de montanha. Um dos principais adversários foi o espanhol Federico Bahamontes, excelente trepador, conhecido como a “Águia de Toledo” sendo em 1959 o primeiro espanhol a vencer La Grand Boucle. Durante a década dos anos sessenta estiveram em destaque, o italiano Felice Gimondi primeiro na geral em 1965, e o francês Raymond Poulidor apelidado como o eterno segundo. Em 1969 as seleções nacionais foram substituídas por equipas profissionais patrocinadas por empresas, surgindo nesse ano aquele que ainda hoje é considerado o melhor corredor da história, o belga Eddy Merckx que foi o vencedor. Merckx conhecido como “O Canibal” devido à insaciável sede pelas vitórias, iniciou um impressionante ciclo de triunfos em 1969, 1970, 1971, 1972 e 1974, igualando o feito de Jacques Anquetil, possuindo o recorde com 34 vitórias em etapas em igualdade com Mark Cavendish que ainda se encontra no ativo., o reinado e Merckx foi interrompido pelo triunfo de Luís Ocaña em 1973, na qual o belga não participou. Depois da época de Merckx, os triunfos de Bernard Thevenet e Lucien Van Impe antecederam o domínio de Bernard Hinault que igualou as cinco vitórias de Anquetil e Merckx, dominando desde os finais dos anos setenta até meados dos anos oitenta. Da época de Hinault destacam-se corredores como o holandês Joop Zoetmelk, vencedor em 1980 e segundo em outras seis edições, o francês Laurent Fignon primeiro nas edições de 1983 e 1984. Em 1986 Greg Lemond converteu-se no primeiro ciclista não europeu a proclamar-se vencedor do Tour, feito que repetiu em 1989 e 1990. Dos finais dos anos oitenta destacam-se as vitórias do irlandês Stephen Roche em 1987 e do espanhol Pedro Delgado em 1988, assinalando-se a presença massiva de corredores de todo o mundo, especialmente da América, destacando-se os colombianos Luís Herrera e Fábio Parra. Em 1991 iniciou-se o domínio do espanhol Miguel Indurain, que foi o primeiro corredor a conseguir cinco vitórias consecutivas entre 1991 e 1995. O grande domínio de Indurain deixou na sombra outros grandes ciclistas como Richard Virenque e Tony Rominger entre outros. Em 1996 o dinamarquês Bjarne Rijs venceu a Volta à França, terminando com o reinado de Miguel Indurain, contudo, Rijs confessou anos mais tarde que se tinha dopado com EPO no período de 1993 a 1998, mas não lhe foram retiradas as vitórias. Em 1997 o jovem alemão Jan Ullrich subiu ao lugar mais alto do pódio depois de ter sido segundo em 1996, destacando-se como um excelente contrarrelogista, defendendo-se muito bem nos outros terrenos que lhe permitiu conseguir uma vitória com grande superioridade. No ano seguinte o alemão era apontado como o grande favorito, numa etapa de montanha que passou pelo Col du Galibier e terminou em Les Deux Alpes, Marco Pantani cortou a meta com mais de oito minutos de vantagem e conquistou a camisola amarela. O italiano manteve a posse de cinco camisolas até ao final do Tour, resistindo aos ataques de Ullrich que voltou a ser segundo. Nesse ano rebentou o escândalo de doping com a equipa Festina que envolveu todos os seus corredores incluindo Richard Virenque, sendo a formação francesa expulsa do Tour. Chegados ao século XXI De 1999 a 2005 o vencedor foi o americano Lance Armstrong. Em 23 de agosto de 2012 a Agência Antidopagem dos Estados Unidos (USADA) decidiu retirar os sete títulos do Tour por dopagem, além de o suspender definitivamente para a prática da modalidade. A decisão foi posteriormente ratificada pela Union Cycliste Internationale (UCI), que decidiu deixar em branco os títulos correspondentes a essas edições. Em 2006 o vencedor foi o espanhol Óscar Pereira, depois da desclassificação de Floyd Landis por doping. No ano seguinte Alberto Contador impôs-se num Tour marcado por casos de doping, que deixou de fora Alexander Vinokourov, enquanto o dinamarquês Michael Rasmussen foi retirado pela sua equipa (Rabobank) quando faltavam quatro etapas para o final e se encontrava de camisola amarela. Em 2008 a Astana onde militava Contador não foi convidada devido aos casos de doping no ano anterior que envolveram Vinokourov. Apesar do madrileno estar ausente, outro espanhol de nome Carlos Sastre terminava em primeiro na geral, numa vitória que começou a desenhar-se nas etapas de montanha, principalmente num ataque desencadeado no Alpe D’Huez onde conseguiu ganhar dois minutos a Cadel Evans segundo classificado. A estas vitórias há que juntar a conseguida por Alberto Contador em 2009 na Astana, onde a supremacia foi evidente na alta montanha em Arcalis e Verbier e no contrarrelógio em Annecy, no ano que se registou o regresso de Lance Armstrong com 38 anos, provocando uma enorme tensão entre os dois líderes da equipa do Cazaquistão. Em 2010 Alberto Contador voltou a ser o primeiro depois de um apertado contrarrelógio em que deixou Andy Schleck em segundo lugar apenas a 39 s. Um positivo com 50 picogramas de “clembuterol”, ao que se dizia por ter ingerido carne de vaca contaminada, tendo competido até à decisão final do TAS. Nesse período venceu o Giro de Itália e foi quinto no Tour, para posteriormente ser penalizado e destituído dos títulos com a vitória no Tour a ser atribuída a Andy Schleck. Em 2011 o australiano Cadel Evans foi o vencedor depois de bater Andy Schleck num contrarrelógio em Grenoble. Em 2012 o vencedor foi o inglês Bradley Wiggins, seguido do seu companheiro de equipa e gregário Chris Froome, sendo o primeiro corredor do Reino Unido a proclamar-se campeão. Em janeiro de 2013, Lance Armstrong possivelmente o melhor corredor de todos os tempos, depois de sofrer uma grande pressão por parte dos seus antigos companheiros, confessou e admitiu numa entrevista a Oprah Winfrey que os sete Tours que venceu entre 1999 e 2005 são fruto de dopagem, proferindo frases como; «Foi uma grande mentira que resultou perfeita durante muito tempo». «Sim dopei-me, o conto de fadas não era verdadeiro». Uma vez feita a confissão por Armstrong, a UCI aceitou a decisão da USADA e retirou todas as vitórias conseguidas pelo homem que mais êxitos conseguiu como mentiroso e batoteiro no mundo do ciclismo. Recordes e curiosidades - Vencedores de 8 etapas num único Tour; Xerris Pelissier em 1930, Eddy Merckx em 1970 e 1974 e Freddy Maertens em 1976 - Total de vitórias em etapas: Eddy Merckx e Mark Cavendish 34 - Dias com a camisola amarela; Eddy Merckx 69 - Vitórias finais: Lance Armstrong 7 entre 1999 e 2005, posteriormente retiradas - Pódios: Raymond Poulidor com 8, três segundos e cinco terceiros - Maior diferença entre os primeiros na geral: 1952 Fausto Coppi deixou Stan Ockers a 28,17 m - Menor diferença entre os primeiros da geral: 1989 Greg Lemond deixou a 8 s Laurent Fignon - Camisola verde dos pontos: Peter Sagan 7 vezes - Camisola da montanha: Richard Virenque 7 vezes - Contrarrelógio mais rápido: Greg Lemond em 1989 percorreu 24,5 km à média de 54,545 km/h - Etapa em linha mais rápida: Mário Cipollini em 1999 percorreu 194,5 km à média de 50,355 km/h - Tour mais rápido: Lance Armstrong em 2005 à média de 41,654 km/h - Vencedor mais velho: Fermin Lambot com 36 anos, 4 meses e 2 dias em 1922 - Em 1924, os irmãos Pelissier que eram os mais populares em França, disseram ao famoso jornalista Albert Londres que levavam nas mochilas, cocaína, estricnina, e algumas pastilhas que eram para a dieta diária dos corredores no Tour. - Três corredores morreram durante a corrida. O espanhol Francisco Cepeda num acidente no Col du Galibier em 1935, o inglês Tom Simpson que faleceu por esgotamento devido ao consumo de anfetaminas na subida do Mont Ventoux em 1967 e o italiano Fabio Casartelli num acidente nos Perinéus em 1995. - O filme francês “Amélie” foi baseado na vitória de Bahamontes no Tour de 1959. - Em 1933, as etapas de montanha tiveram enorme repercussão junto do público que a organização decidiu criar o prémio da montanha. - No Tour de 1990 durante uma fuga e quando faltavam duas etapas para o final, Miguel Indurain que era o virtual camisola amarela, foi obrigado a parar para esperar pelo chefe de fila Pedro Delgado. - No Tour de 1920 os primeiros sete classificados foram todos belgas. - Em 1966 foram efetuados os primeiros controlos antidoping que originaram uma greve por parte dos corredores. - Em 1955 foi pela primeira vez utilizado o photo-finish. As quatro camisolas do Tour A camisola amarela do Tour foi estreada em 1919, depois da forçada paragem da competição devido à Grande Guerra Mundial que se desenrolou entre 1914 e 1918. A cor amarela foi uma homenagem às páginas amarelas do jornal L’Auto que organizava a competição, que anos mais tarde se converteu no atual L’Equipe. O primeiro corredor a envergar a camisola amarela foi Eugéne Christophe, serralheiro de profissão que venceu a primeira etapa percorrida entre Grenoble e Genebra, com o belga Firmin Lambot a ser o vencedor final. Além da cor amarela, existia outro distintivo composto pelas letras HD, que correspondiam a Henri Desgrange, fundador da corrida. Estas letras foram retiradas em 1984, para regressarem em 2003 e surgirem em destaque no ano do centenário. Além desta camisola existem outras que definem os líderes das diferentes classificações. A branca com bolinhas vermelhas premeia o rei da montanha, cuja primeira classificação data de 1933 em que o vencedor final foi o espanhol Vicente Trueba. A camisola verde teve a sua origem em 1953 sendo atribuída ao melhor velocista. Nos primeiros anos os corredores eram penalizados por não terminarem nas primeiras posições, pelo que o que menos pontos possuía envergava a camisola verde. Em 1959 o sistema foi alterado com a atribuição de pontos aos primeiros nas etapas, para no final o que obtivesse a melhor pontuação fosse o vencedor, situação que se mantém em vigor. A camisola branca teve a sua origem em 1968, com uma ideia diferente da que existe atualmente, em virtude de premiar o melhor posicionado na classificação combinada, que incluía a geral por tempos, pontos e montanha. Em 1975 os organizadores mudaram o critério, passando a camisola a ser envergada pelo corredor com menos de 26 anos e melhor posicionado na classificação geral. Volta à França 2023 A 110.ª edição da Volta à França que se vai disputar entre 1 e 23 de julho, compartida de Bilbao e final em Paris, apresenta um percurso no qual a montanha estará como habitualmente em destaque, poderá no entanto afirmar-se que as brutais chegadas em altitude são este ano em menor quantidade, com apenas três, na 6.ª etapa em Cauterets-Cambasque, num dia em que o pelotão enfrenta duas contagens de 1.ª cat. no Col d’Aspin e na meta, uma de categoria especial no Tourmalet e outra de 3.ª cat. nos primeiros quilómetros. Na 13.ª etapa no Grand Colombier, com a meta no final da subida com 14,4 km e na 15.ª em Saint-Gervais Mont-Blanc, numa jornada com três contagens de 1.ª cat., (Col de la Forclaz de Montmin, Col de la Croix de Fer e na meta), a que se junta uma de 3:º cat. e outra de 2.ª cat. No total, a Volta à França apresenta 6 contagens de cat. Especial, 13 de 1.ª cat., 11 de 2.ª cat., 23 de 3.ª cat. e 17 de 4.ª cat., que totalizam 70 metas pontuáveis para o prémio da montanha. O único contrarrelógio que se corre na 16.ª etapa entre Passy e Combloux na extensão de 22,4 km, apresenta uma contagem de 2.ª cat. aos 18,9 km, num percurso para especialistas possantes. No pelotão com 22 equipas, destacam-se os nomes de Tadej Pogaçar vencedor em 2020 e 2021 e Jonas Vingegaard primeiro em 2022, a que se juntam, Wout Van Aert, Mads Pedersen, Adam Yates, Enric Mas, Jasper Philipsen, Thibaut Pinot, David Gaudu, Pello Bilbao, Mikel Landa, Joe Dombrovski, Sérgio Higuita, Jai Hindley, Rigoberto Uran, Richard Carapaz, Daniel Martinez, Tom Pidcock, Julian Alaphilippe, Giulio Ciccone, Mattias Skjelmose, Romain Bardet e Adam Yates, a que se podem juntar algumas surpresas. Portugueses no Tour Rui Costa (Intermarché), Nelson Oliveira e Ruben Guerreiro (Movistar, fazem parte da lista de pré-inscritos. Rui Costa vai para a 11.ª presença, tem como melhor resultado o 18.º lugar em 2012, venceu três etapas, uma em 2011 e duas em 2013, Nelson Oliveira corre o Tour pela sétima vez, tem como melhor resultado o 47.º lugar em 2015, Ruben Guerreiro vai para a terceira presença depois de ter sido 18.º em 2021 e desistido o ano passado. São 32 os portugueses que já competiram na Volta à França, Joaquim Agostinho marcou presença por 13 vezes, seguido de Rui Costa 10, Sérgio Paulinho 7, Nelson Oliveira, Acácio da Silva 6, José Azevedo e Fernando Mendes 5. As melhores classificações pertencem a Joaquim Agostinho, 3.º em 1978 e 1979, 5.º em 1971 e 1980, e José Azevedo 5.º em 2004 e 6.º em 2022. Os portugueses venceram 12 etapas, Joaquim Agostinho com 4 (duas em 1969 e uma em 1973 e 1979), Acácio da Silva com 3 (!987, 1988 e 1989, neste ultimo ano andou quatro dias com a camisola amarela), Rui Costa 3 (2011 e duas em 2013), Sérgio Paulinho 1 (2010) e Paulo Ferreira um (1984). José Azevedo fez parte de três equipas que venceram contrarrelógios por equipas (2022 pela Once, 2004 pela US Postal e 2005 pela Discovery Channel, o mesmo aconteceu com Sérgio Paulinho em 2009 pela Astana. Nas ultimas 20 Voltas à França, apenas em 2008 e 2018 não participaram ciclistas portugueses. Etapas do Tour 2023 ETAPAS 1.ª Etapa Bilbao – Bilbao 182,0 km 2.ª Etapa Vitória – San Sebastian 209,0 km 3.ª Etapa Amorebieta – Bayonne 187,5 km 4.ª Etapa Dax – Nogaro 182,0 km 5.ª Etapa Pau – Laruns 163,0 km 6.ª Etapa Tarbes – Cauterets-Cambasque 145,0 km 7.ª Etapa Mont-De-Marsan – Bordéus 170,0 km 8.ª Etapa Libourne – Limoges 201,0 km 9.ª Etapa Saint-Léonard-De-Noblat – Puy De Dôme 182,5 km Descanso em Clermont-Ferrand 10.ª Etapa Vulcania – Issoire 167,5 km 11.ª Etapa Clermont-Ferrand – Moulins 180,0 km 12.ª Etapa Roanne – Belleville-en-Beaujolais 169,0 km 13.ª Etapa Châtillon-Sur-Chalaronne – Grand Colombier 138,0 km 14.ª Etapa Annemasse – Morzine Les Portes du Soleil 152,0 km 15.ª Etapa Les Gets du Soleil - Saint Gervais Mont Blanc 179,0 km Descanso em Saint-Gervais Mont-Blanc 16.ª Etapa Passy – Combloux (CRI) 22,4 km 17.ª Etapa Saint-Gervais-Mont Blanc – Courchevel 166,0 km 18.ª Etapa Moutiers – Bourg-en-Bresse 185,0 km 19.ª Etapa Moirans-en-Montagne – Poligny 173,0 km 20.ª Etapa Belfort – Le Markstein Fellering 133,5 km 21.ª Etapa Saint-Quentin-en-Yvelines – Paris 115,5 km Total 3.402,9 km Equipas - 22 AG2R-Citroen (Fra) Alpecin-Deceuninck (Bel) Astana Qazaqstan (Kaz) Barhain-Victorious (Brn) Bora-Hansgrohe (Ale) Cofidis (Fra) EF Education-EasyPost (Usa) Groupama-FDJ (Fra) Ineos-Grenadiers (Gbr) Intermarché-Circus-Wanty (Bel) Israel-Premier Tech (Isr) Jumbo-Visma (Ned) Lotto-Dstny (Bel) Movistar (Esp) Soudal-Quick Step (Bel) Team Arkéa-Samsic (Fra) Team DSM (Ned) Team Jayco-Alula (Aus) TotalEnergies (Fra) Trek-Segafredo (Usa) UAE-Team Emirates (Uae) Uno-X (Nor)