A forma da bola é a mesma: oval. O desporto, apesar de partilhar caraterísticas é, contudo, diferente, tal como o sonho, que é outro. Louis Rees-Zammit, 32 vezes internacional pelo País de Gales, seleção que representou no Mundial França-2023 e na qual marcou um ensaio na vitória contra Portugal (28-8), trocou, com estrondo, no passado mês de janeiro, o râguebi por uma experiência na NFL (futebol americano). Num repentino troca-pés e numa rara aceleração, duas das suas grandes armas em campo, Rees-Zammit, de 23 anos, ponta galês estrela do Seis Nações, que integrou o tour dos British & Irish Lions à África do Sul em 2021 deve fechar acordo esta sexta-feira com os Kansas City Chiefs, de Patrick Mahomes e Travis Kelce, atuais bicampeões do Super Bowl (2023 e 2024, além de conquistarem os anéis em 1970 e 2020). Após cumprir 10 semanas no International Player Pathway (IPP), em Bradenton, Flórida, programa criado em 2017 que abre as portas da NFL a jogadores internacionais de elite oriundos de outros desportos, do râguebi ao futebol australiano, impressionou olheiros e a transferência para a NFL está iminente.É através deste programa que o ex-jogador do Gloucester, da 1.ª divisão inglesa, se pode juntar, a partir de abril no campo de treinos dos Chiefs e lutar por integrar a seleção final onde será feita a escolha, já em agosto, de quem fará parte da equipa principal ou quem entra para as pratice squad (reservas). Esta última porta de entrada parece ser a mais plausível para o antigo jogador de râguebi, num ano em que os astros parecem alinhar-se a favor de Rees-Zammit. Tudo porque as equipas podem, a partir da próxima temporada, contratar para as reservas uma vaga extra vinda do programa IPP. Mas não só. Há ainda a mudança de regras, nos kickoffs, que pode facilitar a vida e a adaptação ao desporto que costuma parar a América, e grande parte do mundo, durante a noite de Super Bowl.O caminho pode vir a ser longo, mas a hora e o dia para que o sonho de criança se possa realizar, assumido pelo próprio, pode estar restes a acontecer. «Não tem a ver com o râguebi, é antes a minha ambição de realizar o meu sonho de jogar na NFL», confessou no site do clube inglês na hora da despedida, em janeiro. «Em pequeno, o meu pai [jogou futebol americano] fez-me de mim um grande fã da NFL...foi o desporto que crescemos a amar», sublinhou o galês que vê nesta decisão a «altura certa para realizar outro objetivo profissional de jogar futebol americano nos Estados Unidos». «Estas oportunidades não surgem frequentemente», rematou.