Atletismo Portugueses querem ser bicampeões em Istambul
Inaugurada em 2012 para acolher os Mundiais indoor de atletismo, Atakoy Arena já foi palco de Jennifer Lopez, Sting, mas entre hoje e domingo será neste recinto, que foi cartaz de propaganda da candidatura de Istambul aos Jogos Olímpicos de 2020, que a maior comitiva portuguesa em Europeus de pista coberta, com 22 atletas, quer deixar marca.
Patrícia Mamona, que defende o título de campeã, a par de Pedro Pablo Pichardo e Auriol Dongmo, que hoje entram em cena no triplo salto e peso, respetivamente, ambiciona chegar mais longe do que as adversárias na caixa de areia. Quão longe é que a vice-campeã olímpica, cuja qualificação tem início amanhã, prefere manter para si. «Não vou dizer, é sempre surpresa. Lembro-me de, antes dos Jogos Olímpicos, ter escrito que ia fazer 15 metros e saiu. Agora tenho escrito, é segredo, mas sei que estou a valer muito mais do que 14,53 m», declarou à Lusa a atleta do Sporting, de 34 anos, referindo-se ao recorde nacional de pista coberta que remonta a 2021 e que, então, valeu-lhe o título europeu em Torun, na Polónia. Este ano em Pombal, nos Nacionais de clubes, Mamona saltou a 14,41 metros e foi terceira no Meeting de Madrid, etapa da World Athletics Indoor Tour Gold.
«Estou à procura de timings, já provei que estava bem e quero saltar mais. Quero conseguir o recorde pessoal que acho que está para sair. Mas não está garantido, é o que estou à procura e vou lutar por isso», reiterou a decacampeã nacional do triplo. «Estou sempre à procura de mais e mais», ressalva Patrícia Mamona.
Menos enigmático, Pedro Pablo Pichardo, campeão olímpico do triplo que abre hostilidades no concurso masculino a par de Tiago Pereira, garante que só vai pensar na prova hoje, sendo que a defesa do título é ambição indubitável, tal como a falta de simpatia pela pista coberta. «Não sou muito fã da época de inverno. Quando não gostamos, a preparação é mais longa. Quase nunca estou a 100% na época de inverno. É por isso que não nos focamos muito. O meu treinador é o meu pai, que é cubano. A nossa maneira de trabalhar é a pensar no verão. Sou português, mas o meu treinador ainda é cubano, tem metodologia diferente», defendeu Pichardo que chegou a Istambul só com uma competição, os Nacionais de Clubes, com a marca de 17,12 metros ao primeiro ensaio.
«Gostaria de ganhar as competições em que estarei presente e também gostaria de fazer um grande salto. Se é acima dos 18 metros, se é acima do recorde do mundo... um dos dois já me deixaria muito feliz. Em dois anos, fiquei pertinho, mas não consigo passar os 18 m. Fiz 17,98 m nos Jogos [Olímpicos de Tóquio-2020], 17,95 m no ano passado. Com uma das duas ficaria muito feliz», disse o saltador do Benfica que quer «ganhar sempre, sempre!».
Auriol Dongmo participa no peso com as compatriotas Jessica Inchude e Eliana Bandeira, com a responsabilidade de defender o título de 2021, o primeiro internacional como portuguesa. «Esta é a competição mais importante do inverno e tenho trabalhado muito para chegar bem. Tenho de lançar o mais longe possível, porque as adversárias são muito fortes. Vou dar o meu melhor, lançar o mais longe que conseguir», afirmou lançadora do Sporting nascida nos Camarões. «Claro que é uma responsabilidade. Já ganhei há dois anos, quero ganhar outra vez. Por isso, vou lutar para chegar lá», declarou a portuguesa inscrita com a segunda melhor marca (19,24 m).