Snooker Mundial: Ronnie entra a ganhar… cinco dias de folga

O inglês Ronnie O’Sullivan, de 47 anos, número um do ranking e heptacampeão mundial (2001, 2004, 2008, 2012, 2013, 2020 e 2022) é o primeiro e, para já, único qualificado para os oitavos de final do Campeonato do Mundo, prova maior da época 2022/23 da World Snooker Tour, cuja fase final, com 32 profissionais, se iniciou este sábado em Sheffield (Inglaterra), ao vencer o chinês Pang Junxu, de 23 anos, 35.º da hierarquia, por 10-7, no primeiro dos 31 encontros do Campeonato do Mundo a concluir-se.

No dia em que se tornou recordista em participações no Crucible – 31 seguidas, desde 1993, desempatando com o compatriota Steve Davis, hexacampeão mundial na década de 80 do século XX, que tinha também total de 30 -, o ‘Rocket’, que por 20 (!) edições chegou aos ‘quartos’, 13 às meias-finais e oito à final (ganhou sete, perdeu a de 2014, 14-18, ante Mark Selby), mostrou vir preparado, como dissera a A BOLA, para evitar ficar pelo caminho uma quinta vez na primeira ronda (e ficou-se pela segunda, os ‘oitavos’, noutras seis edições).

Ante um Pang que poderia ter ganho o primeiro ‘frame’ mas que acusou o momento e cujo jogo longo começou por trair, nem uma centenária mas o inglês, ante o estreante asiático, chegou a 5-0 e 6-1, antes de o chinês atenuar no final da sessão da tarde: 6-3.

À noite, a 75.ª vitória de O’Sullivan no Crucible e Campeonatos do Mundo - em 31 edições e 98 jogos – foi mais complicada do que chegou a parecer a 9-4. Ronnie veio com intenção de ainda voltar e chegar cedo a casa, em Londres, e venceu, à noite, os dois primeiros parciais, bem como o derradeiro antes do intervalo, ampliando para 8-3, e na pausa para 9-4.

Veio, então, a reação espetacular de Junxu, com três parciais de rajada, a relançar a dúvida quando chegou a 7-9 (‘breaks’ de 78, 70 e 73 pontos). O inglês pressentiu o perigo e fechou o jogo a 10-7, com entrada de 81 pontos no 17.º 'frame'… sem anotar nos 17 uma única centenária em 17 ‘frames’, Ronnie que chegou ao Mundial com 199, recorde no Crucible (o segundo melhor, John Higgins, tem 164).

Por aí se percebe a vitória de Ronnie no Mundial ser a que menos paga nas casas de apostas, onde é o favorito e quem menos rende a apostadores que arrisquem já no vencedor de 1 de maio: paga 4/1.

A vitória permite a Ronnie voltar a casa e descansar: em vez de 17 dias sob pressão, teve um… e terá agora cinco dias de pausa para descansar – uma prerrogativa só concedida ao campeão que defende a coroa -, antes dos últimos 11 de competição: só volta a jogar na sexta-feira, dia 21 (14.30 horas), com segunda sessão no sábado, dia 22 (14.30 horas) e terceira sessão no domingo, dia 23 (10 horas).

Ronnie só volta, pois, dentro de seis dias, para a primeira das três sessões dos ‘oitavos’ ante o vencedor do duelo entre o amigo chinês Ding Junhui, de 36 anos, 15.º da hierarquia – com quem, em 30 duelos, venceu 20, perdeu sete e empatou outros três (na Premier League) - e o iraniano Hossein Vafaei, de 28 anos, 18.º do ranking (diante de quem, em três jogos, O’Sullivan ganhou dois e perdeu um). Uma questão física, a frescura, que lá mais para diante na prova poderá - e costuma ter - a sua parte de preponderância nas longas ‘maratonas’ à mesa.

Nos outros jogos do dia – nenhum mais se concluiu -, destaque para o campeão mundial de 2015, o inglês Stuart Bingham, que diante do compatriota David Gilbert, esteve a perder 1-3, mas, com cinco parciais de rajada, virou e vai para a segunda e última sessão a liderar 6-3.

O mesmo resultado (6-3) averbaram o australiano Neil Robertson - campeão mundial em 2010 - ante outro caloiro chinês, Yu Wize, e o belga Luca Brecel ante o inglês Ricky Walden, num dia em que os cabeças-de-série, o ‘top 16’, vincaram a sua lei, e em que o galês Jak Jones foi, também na sessão noturna, a exceção que confirma a regra, ao terminar em vantagem sobre o inglês Ali Carter (5-4) .

Domingo, além da conclusão dos jogos de Carter e Jones, Neil com Yize e Bingham com Gilbert, olhar especial para a primeira das duas sessões do duelo de Ding Junhui e Hossein Vafaei, e para a estreia de Mark Williams, galês de 48 anos: o tricampeão mundial (2000, 2003 e 2018) medirá forças com o inglês Jimmy Robertson, durante a tarde (14.30 horas), numa das duas mesas montadas no Crucible.

O Mundial, prova maior e que encerra a temporada de 2022/23 da World Snooker, disputa-se no Crucible Theatre, em Sheffield (Inglaterra), desde este sábado e durante 17 dias, até 1 de maio. A prova é transmitida para Portugal (EuroSport).

A última edição (2022) foi ganha por Ronnie O’Sullivan (18-13 a Judd Trump na final), e o torneio distribui £2,395 M (€2,7 M) em prémios, das quais meio milhão de libras (€565 mil) ao campeão e £200 mil (€226 mil) ao finalista vencido.

Os jogos dos 16avos de final são disputados à melhor de possíveis 19 ‘frames’, em duas sessões (nove parciais na primeira, até possíveis dez na segunda): passam à ronda seguinte os primeiros a vencer dez (de 10-0 a possíveis 10-9).

Os oitavos de final, que se iniciam sexta-feira, dia 21 do corrente mês no ‘teatro dos sonhos’, já serão jogados em três sessões, à melhor de possíveis 25 parciais: seguem para os ‘quartos’ os primeiros a vencerem 13 ‘frames’ (de 13-0 a possíveis 13-12).

- '16avos’ do Mundial, este sábado (apurado a negro):

Ronnie O'Sullivan (Ing) - Pang Junxu (Chn), 10-7

Stuart Bingham (Ing) - David Gilbert (Ing), 6-3

Luca Brecel (Bel) - Ricky Walden (Ing), 6-3

Neil Robertson (Aus) - Wu Yize (Chn), 6-3

Ali Carter (Ing) - Jak Jones (Gal), 4-5

Jogos de domingo, 16avos de final:

Ding Junhui (Chn) - Hossein Vafaei (Ira) (1.ª sessão, 10 h)

Stuart Bingham (Ing) - David Gilbert (Ing), 6-3 (2.ª sessão, 10 h)

Mark Williams (Gal) - Jimmy Robertson (Ing) (1.ª sessão, 14.30 h)

Neil Robertson (Aus) - Wu Yize (Chn), 6-3 (2.ª sessão, 14.30 h)      

Luca Brecel (Bel) - Ricky Walden (Ing), 6-3 (2.ª sessão, 19 h)      

Ali Carter (Ing) - Jak Jones (Gal), 4-5 (2.ª sessão, 19 h)