António Morgado dinamitou a corrida do Campeonato do Mundo de fundo de sub-23, mas acabou por rebentar no momento crucial de definição da prova. Entre os 70 e os 60 quilómetros da meta, já dentro do exigente circuito final em Zurique, o corredor português atacou duas vezes, causando as primeiras movimentações entre os favoritos ao pódio, em que se incluía, mas pouco mais adiante viria a ceder decisivamente, quando o suíço Jan Christen se isolou a 50 quilómetros da chegada, causando a seleção definitiva no pelotão. Morgado não conseguiu seguir no grupo perseguidor do líder e afundou-se na classificação, concluindo a prova na 20.ª posição, a quase cinco minutos da frente (4.56), o melhor dos portugueses em competição. Christen, que é companheiro de equipa de António Morgado na UAE Emirates, viria a ser alcançado a cerca de 10 quilómetros do final, e também ficou fora das medalhas, após ultrapassado pelo alemão Niklas Behrens, que surpreendeu ao conquistar o ouro. Não menos espantoso, o eslovaco Martin Svrcek levou a prata, batido ao sprint pelo gigante germânico, de 1.95 metros, que corre pela equipa norte-amricana Lidl-Trek, e o bronze foi para o belga Alec Segaert. Pouco atrás de António Morgado, Daniel Lima foi o segundo melhor corredor da Seleção Nacional na prova, na 22.ª posição, a 5.05 minutos. «Sentia-me mesmo com boas pernas e comecei a achar que poderia estar na discussão da corrida. Tentei surpreender de longe. No entanto, com a chuva, senti muito o frio. As pernas como que congelaram», explica António Morgado em declarações citadas pela Federação Portuguesa de Ciclismo. «Dei tudo o que podia, não tenho arrependimentos», reforçou o corredor de 20 anos. «Numa corrida destas, o segredo está em guardar energia para os momentos decisivos. Aí consegue-se fazer a diferença. Com outra calma, o António poderia ter conseguido outra classificação», reconheceu o selecionador nacional José Poeira.