Conhecido em Angola por “rei dos pedais”, faleceu em Luanda, aos 58 anos, Justiniano Araújo, ciclista ainda detentor do maior número de títulos de campeão nacional de ciclismo do país: 13. Depois de ter participado num treino, entre Cidade do Kilamba-Catete-Cidade do Kilamba, sentiu-se mal e foi transportado para o hospital, onde, mais tarde, foi declarado o óbito. ‘Juti’ - como era conhecido pela família e amigos -, era o irmão mais velho de Carlos Araújo, diretor desportivo da Bai-Sicasal-Petro de Luanda, formação corre com regularidade nalgumas das provas portuguesas. Natural de Ndalatando (província de Cuanza-Norte), Justiniano começou a carreira desportiva… no futebol, e como guarda-redes: foi em 1977, na Académica Escola Social do Zangado. No ano seguinte (1978) enveredou em definitivo pelo ciclismo e, com 13 anos, começou a dar nas vistas na modalidade. Aos 17 anos, fez parte da seleção de Angola que participou nos II Jogos da África Central, o maior evento disputado no país. «Sem o ciclismo não consigo viver. O ciclismo é a minha vida. Espero viver muito tempo. E quanto mais tempo eu viver, mais vezes vocês vão ter de me aturar! Se Deus me ajudar, pretendo andar de bicicleta até aos 100 anos», escreveu o malogrado campeão, nas suas memórias. Dotado de excelente compleição física, Justiniano praticou diversas modalidades desportivas, participou em corridas de automóveis, praticou fisiculturismo… mas o ciclismo foi a sua paixão. Uma paixão para o qual arrastou alguns dos seus dez filhos, com destaque particular para Bruno Araújo, que em quatro anos consecutivos se sagrou campeão nacional, sempre pela Bai-Sicasal-Petro de Luanda. A presença da Bai-Sicasal-Petro de Luanda na Volta a Portugal foi um dos sonhos concretizados por Juti, na equipa dirigida pelo seu irmão, Carlos Araújo. Em 2022, Justiniano foi distinguido como a maior referência do ciclismo da nação, na Gala dos 47 anos da Independência de Angola, organizada pela Fundação Sagrada Esperança. A Ministra da Juventude e Desportos, Palmira Barbosa, salientou esta segunda-feira que o desporto angolano ficou mais pobre pela partida. «A sua contribuição e grandeza no ciclismo nacional será sempre reconhecida. Não apenas por estar envolvido no projeto Volta a Angola em Bicicleta e por participar em provas internacionais, como nos Jogos Pan-Africanos de Harare e Joanesburgo, ou por preservar a marca do atleta mais titulado do país por largos anos: antes, e sobretudo, por ter sido um dos principais percursores e dinamizadores do ciclismo», afirmou a governante, Palma Barbosa. Entre 2012 e 2016, Justiniano foi vice-presidente da Federação Angolana de Ciclismo (FACI). E concorreu, mais tarde, à presidência, mas foi derrotado pela atual presidente, Cremilda Rangel. 'Juti' foi sepultado no cemitério do Alto das Cruzes.