Messias Baptista: «Não é exagerado pensar em medalhas no Mundial» (vídeo)

Canoagem Messias Baptista: «Não é exagerado pensar em medalhas no Mundial» (vídeo)

MAIS DESPORTO27.06.202321:00

Passaram quatro dias desde que viveu o sonho nos Jogos Europeus de ouvir A Portuguesa, estando ele no lugar mais alto do pódio, mas Messias Baptista, vencedor em K1 200 em águas polacas, ainda se emociona quando recorda o momento, embora esteja focado em defender os três títulos nacionais no próximo fim de semana em Montemor-o-Velho e em cumprir a meta a que se propõe nos Mundiais de velocidade, a realizar em agosto: garantir vagas olímpicas para os Jogos de Paris-2024.

«Já estou em casa, mas continuo a tentar estar mim. Ainda é surreal, um sonho ter ouvido o nosso hino por mim, comigo no lugar mais alto do pódio. Naquele preciso momento senti que não havia ninguém melhor do que eu», comentou a A BOLA o canoísta de 24 anos, aproveitando os «poucos dias que consegue estar em casa», em Vila do Conde, com a voz a ficar embargada.

«Ontem [segunda-feira], estive a rever a gravação da regata na televisão e a cerimónia do pódio e fartei-me de chorar. Sempre me emocionei a ouvir o nosso hino, é algo que nos define como povo, como país, quando era júnior ou nos sub-23 e via os meus colegas a subirem ao lugar mais alto do pódio. Agora que fui eu - e naquele momento senti-me mais português do que nunca - não importa se sou natural de uma cidade grande ou não, sou português!», exultou o canoísta olímpico do Benfica que cortou a linha de chegada no K1 200 em 36,845 segundos, relegando o sueco Petter Menning (a 0,334 s) e o letão Roberts Akmens (a 0,344 s) para os restantes lugares do pódio.

Com uma medalha de prata nos Mundiais de 2021, em K2 200 fazendo tripulação com Francisca Laia, Messias Baptista tem o próximo Campeonato do Mundo em mente, pois entre 23 e 27 de agosto próximo será em Duisburgo, na Alemanha, que as vagas olímpicas vão estar em disputa.

O vilacondense granjeou um diploma olímpico com o oitavo lugar nos Jogos de Tóquio-2020, em K4 500, integrando a tripulação de Emanuel Silva, João Ribeiro e David Varela. E esta medalha de ouro, mesmo não sendo referente a um triunfo em disciplina olímpica, simboliza confiança reforçada para o K2 500 com João Ribeiro, com quem subiu ao lugar mais alto do pódio na Taça do Mundo de Poznan o ano passado e ao terceiro degrau em Racice.

«Não é nada exagerado pensar em medalhas no Mundial. É inegável que este título europeu, mesmo não sendo distância olímpica, é uma motivação enorme para o Mundial e para [Jogos] Paris. Ajudou muito, pois aconteceu depois de um dia de enorme frustração com o K2 500 [a dupla foi 4.ª a 15 milésimos de segundo do bronze]. Passei do sentimento de frustração completa para o êxtase. No Mundial vou competir em K2 500 com o João e aguardo ainda pelas decisões da direção técnica da Federação para saber quem vai integrar o K4 que, ainda assim, é o principal objetivo no Mundial, pois desdobra as vagas para os Jogos. Independentemente das decisões, vou lutar pelo pódio», assevera Messias, confiante. «Nós temos mostrado sermos capazes e não somos os únicos a acreditar, pois as tripulações dos outros países também reconhecem que têm de contar connosco.»

Brincalhão de serviço, o olímpico sempre aceitou bem a graçola de ser o messias da canoagem, quando começou a partilhar os caiaques com atletas que cresceu a idolatrar. Aliás, a imagem de Emanuel Silva e Fernando Pimenta a receberem a prata olímpica nos Jogos de Londres-2012 despertou em Baptista, então com 12 ou 13 anos, a vontade querer ser ele protagonista de história semelhança. «Cresci a olhar para eles e para o João [Ribeiro] como atletas de outro mundo. Inspiraram-me e agora já espero ser eu, um dia, a inspirar os mais novos. É natural, creio», assume o canoísta que chegou a ser atleta-residente no CAR de Montemor-o-Novo, enquanto estudava Ciências e Tecnologias.

«Congelei a matrícula no primeiro ano para apostar na canoagem e está a dar frutos», ressalvou. De volta ao ninho em Vila do Conde, são, todavia, mais as horas passadas nas águas do Mondego em estágio ou a competir, como vai acontecer no próximo fim de semana no Nacional de velocidade em linha.

«Vou para defender os meus três títulos em K1 200 metros, em K2 500 com o João [Ribeiro] e em K4 500 com o Fernando Pimenta, o João Ribeiro e o Kevin Santos», avisou, em jeito de remate.