O abandono de Remco Evenepoel da Volta à Itália deixou profundas marcas a Soudal-Quick Step, com o médico Toon Cruyt nada satisfeito com o protocolo do Covid-19 inadequado da organização da corrida, a afirmar. «Conferências de imprensa numa pequena sala cheia de gente, isso não é possível e o resultado está à vista». Toon Cruyt acompanhou de perto a situação de Evenepoel. «Remco está muito infeliz. O atleta fez tantos sacrifícios, mas por negligência e falta de profissionalismo da organização ele teve que deixar o Giro quando era líder. Basta ver o que aconteceu nos primeiros dias. Um conferencia de imprensa em uma pequena sala, cheia de gente. Isso deixa-me com raiva. É a crónica de uma morte anunciada, porque antes do Giro surgiram infeções na Jumbo-Visma, foi um grande aviso nada foi feito». Cruyt também falou sobre o abandono de Filippo Ganna; «A organização tinha que ser questionada, poderia ter realizado as conferências de imprensa por videochamada, mas isso aparentemente era impossível. Não estou a dizer que as infeções de Remco e Ganna poderiam ter sido evitadas, mas a possibilidade de a exposição podia ter sido reduzida. Esses problemas também poderão ocorrer no Tour e na Vuelta, por isso deverão existir protocolos claros». Sobre a saúde de Remco Evenepoel, o médico da equipa foi claro; «Fisicamente está bem, na medida em que não teve mais do que um resfriado sério. Mas isso é mais do que suficiente para manter alguém fora da corrida». O ciclistas testou positivo num exame de rotina e foi o único entre ciclistas e funcionários: «Ele também foi o único que teve muitos contactos desprotegidos com outras pessoas. Temos que esperar e ver se haverá outros casos positivos dentro da equipa. Se Remco infetou outras pessoas, essas infeções levarão alguns dias a revelarem-se. Tem sido politica da equipa durante toda a temporada testar ao menor sintoma. Os riscos após a infeção são muito grandes para serem ignorados. Não podemos dizer que Remco não sofreu da doença, Os valores foram claramente mais baixos do que nos dias anteriores. Não podemos minimizar isso, ele também pode ter infetado outros colegas». No decorrer da conferência de imprensa no dia de descanso, Geraint Thomas afirmou que Remco Evenepoel o tinha informado da situação depois de conhecer o resultado positivo: «Fiquei chocado, disse-me que ia desistir e desejou-me sorte. Conversámos um pouco sobre as más notícias. No principio pensei que ele estava a brincar. Primoz Roglic também tinha feito isso, mas aquele tweet confirmou a notícia e ainda assim foi uma surpresa. É um duro golpe para o Giro e uma deceção para mim, mesmo que pareça estranho. Eu estava realmente ansioso para lutar com todos». Sobre a camisola rosa acrescentou: «É uma honra ser um líder, mas não é assim que você quer algo assim. Vou defender a maglia rosa com orgulho». Sobre a corrida o ciclista britânico disse:«Não esperava ser líder no primeiro dia de descanso. Normalmente estou no meu melhor na terceira semana e espero que desta vez isso também aconteça. O segundo contrarrelógio foi melhor que o primeiro, espero continuar a crescer, sexta-feira será um verdadeiro teste na chegada a Crans Montana». Questionado sobre Geoghegan Hart e Primoz Roglic concluiu: «Eu sou o líder mas Geoghegan Hart está muito perto e somos cinco no top 13, podemos jogar várias cartas. Tudo ainda está equilibrado e não temos medo dos outros ciclistas. O que Roglic já conseguiu é fenomenal, ele é esperto, no sábado disse-me que tinha problemas nas pernas. Nas ele andou muito bem naquele dia e disse-lhe no contrarrelógio. Ele riu porque joga com esses jogos mentais. Almeida, Vlasov, Caruso e Kamna são ciclistas que lutam pelos primeiros lugares, principalmente o português por ser um ciclista muito constante. O Giro acabou de começar e cresci como de costume. Não sinto muita pressão ou expetativa, só tenho que arriscar».