«Sim, sou candidato à Confederação do Desporto de Portugal. Ou melhor, tenho essa intenção», afiançou João Paulo Rocha a A BOLA sobre o passo que irá dar esta quarta-feira (19 h), com apresentação oficial da candidatura no Amazónia Hotel Jamor, em Oeiras. Eleições que deverão acontecer em novembro de 2023. Antigo ginasta e treinador, assim como juiz internacional de artística masculina, João Paulo Rocha, de 61 anos, que entre 2012 e 2021, ao longo de três mandatos, liderou a Federação de Ginástica de Portugal, confirma assim os rumores que circulavam há algumas semanas sobre a possibilidade de avançar para o cargo desempenhado por Carlos Paula Cardoso desde 2002, num total de cinco mandatos. E o que o leva a dar esse passo? «Para além de uma reflexão que já dura há bastantes anos, de muitas conversas que tem havido com federações e face ao sentimento de insatisfação generalizado existente em relação ao défice de representatividade do movimento associativo desportivo, houve um grupo de federações que, recentemente, desafiou-me a avançar». «Depois de alguma ponderação considerei que tinha de o fazer. Caso contrário trairia tudo aquilo que afirmei ao longo de anos e trabalhei com colegas de federações nesse período. Basicamente a razão desta decisão é essa», justifica. Ainda que, há alguns anos, o Comité Olímpico de Portugal tenha passado a integrar federações não olímpias, o universo das federações representadas na CDP é ainda mais vasto, mas João Paulo Rocha faz questão de separar os dois mundos. «O universo das federações nesses dois organismos nem é a maior diferença. Até creio que nos dias que correm a diferença quantitativa não é assim tão grande. A função de cada um no sistema desportivo é que não é exatamente a mesma». «Há pontos de contacto e esses têm de ser explorados entre a Confederação, o Comité Olímpico e também o Paralímpico, mas sobretudo cada um tem é de cumprir a sua missão. A do Comité Olímpico e Paralímpico é preparar as Missões olímpicas. Essa é a sua missão». «A da Confederação é outra. É essencialmente de representação desportiva nos seus vários níveis. E o movimento associativo precisa de uma Confederação forte. Que defenda e também estimule a federações mais pequenas a desenvolverem-se, a conseguirem recursos… por aí fora. Como se costuma dizer, cada macaco no seu galho», acrescenta brincando. «O que é um facto é que aquilo que a confederação devia fazer não o tem feito. Passámos uma pandemia e não se ouviu a Confederação para nada, as federações aflitas e cada a tentar a resolver os problemas pelo seu lado. Esse foi mais um exemplo típico que na realidade a Confederação não é ativa», diz. Fotografia Sérgio Miguel Santos/ASF Mas não tem receio que nos últimos anos o COP tenha esvaziado um pouco a ação e o papel da Confederação? «Nenhum, nenhum.... Acho é que o COP foi obrigado, em determinados momentos, por ausência da Confederação, a assumir um protagonismo em certas áreas que não são exatamente o seu fulcro de ação. Mas foi obrigado a isso porque o movimento associativo desportivo assim o exigia». «Agora, se houver uma Confederação suficientemente forte, não há necessidade nenhuma de haver essas ações que vimos – também não foram muitas – por parte do COP a sair um bocado da sua matriz. Mas não tenho receio absolutamente nenhum», reforça o antigo líder federativo. «Não penso sequer que o COP tenha a ambição de engolir a Confederação. Creio que foi uma coisa que se falou durante alguns tempos, mas que não tem pés para andar. Tal seria matar uma parte importante da ação relativa àquilo que o movimento associativo precisa». Se bem me recordo, enquanto foi presidente da federação de ginástica foi quem decidiu tirar a FGP da Confederação [início de 2019]. Não foi assim? ‘«Sim. Em determinado momento sim.» «Isso foi na altura em que se achou, e não foi só a federação de ginástica, que a Confederação estava tão ao arrepio daquilo que era a sua missão que mais valia acabar e nascer outra coisa ao lado da forma certa», explica. «Não resultou, como é óbvio. Até porque, atualmente, a federação de ginástica já reintegrou a CDP. A federação de ténis de mesa também o havia feito e já voltou. Penso que o voleibol é que continua de fora e tem de se falar com a federação. Mas há outras». «O sentido de insatisfação, esse é que nunca desapareceu. Nem dos que estavam, nem dos que estiveram fora. Isso é que é mesmo preciso resolver», concluiu.