Parabéns, João Almeida! Não se podia exigir mais ao ciclista português que mais uma vez se empregou a fundo e deu o máximo no descomunal contrarrelógio que definiu a geral na Volta à Itália, numa tremenda subida na qual Primoz Roglic (Jumbo-Visma) confirmou ser o mais forte e proclamar-se vencedor da Volta à Itália, com a diferença de 14 segundos para Geraint Thomas (Ineos), a segunda menor mas 106 edições já realizadas. O objetivo de João Almeida estar no pódio em Roma foi conseguido, o terceiro lugar constitui o quarto pódio de portugueses nas três grandes voltas, juntando-se ao imortal Joaquim Agostino, segundo na Volta à Espanha em 1974, terceiro na Volta à França em 1978 e 1979, a que junta o primeiro lugar no prémio da juventude, a segunda classificação secundária depois de Ruben Guerreiro ter sido em 2020, o vencedor do premio da montanha. «Ficar em terceiro lugar na Volta à Itália é muito bom e alcancei o meu objetivo. Também ganhei uma etapa, a camisola da juventude e estou muito satisfeito e ansioso pelo futuro. Espero que este seja apenas o começo» declarações de João Almeida no final da etapa que sobre o contrarrelógio avançou; «Empreguei-me a fundo, tentei dosear o esforço e não explodir. Acho que fiz uma boa subida, melhorando quilómetro a quilómetro e estou contente com isso. Primoz foi simplesmente incrível. Pensava que Primoz e Thomas fossem mais rápidos do que eu, estou feliz com o resultado e ansioso por terminar amanhã e a seguir ter um bom período de descanso». O contrarrelógio de João Almeida ficou marcado pela regularidade, sustentada no doseamento de esforço, que lhe permitiu registar o 3.º melhor tempo no ponto intermédio aos 10,8 km, 5.º no segundo aos 14,3 km, 3.º aos 18 km e na meta, gastando mais 40 segundos que Primoz Roglic e dois segundos que Geraint Thomas, mantendo o terceiro lugar na geral com menos 3,25 m que Damiano Caruso que foi o quarto classificado. A corrida de Primoz Roglic foi de menos a mais, depois de ter sofrido uma queda e passar por dificuldades em algumas etapas de montanha, onde Geraint Thomas poderia ter sentenciado a geral, mas tal não aconteceu. A experiencia de Roglic, vencedor de três Voltas à Espanha, foi determinante na fase crucial da Volta à Itália, impondo-se de forma concludente na difícil subida ao Monte Lussari, durante a qual nem uma avaria mecânica, impediu de terminar em primeiro lugar, numa etapa que obrigou a organização a utilizar meios logísticos nunca vistos numa corrida de bicicletas. «Tive boas pernas mas todos aqueles fãs deram-me muitos watts extras. Não se trata da vitória, mas sim as pessoas. Eu sabia que estava com boas sensações e boas pernas, mas todas aquelas pessoas a incentivarem-me deram-me força extra para conseguir ganhar», palavras de Roglic que sobre a avaria acrescentou; «Faz parte da corrida e nunca entrei em pânico, apenas coloquei a corrente no sitio e voltei a montar a bicicleta. A ultima etapa normalmente é uma formalidade, é mais um dia, a Volta à Itália só termina quando se cortar a meta em Roma, mas parece ser bom». Geraint Thomas afirmou não ter desculpas porque Roglic foi melhor; «Não quero arranjar desculpas, mas fazer um contrarrelógio com uma bicicleta normal é bastante estranho. Prefiro perder por esta margem do que ficar preso por dois segundos, isso seria mais azedo. Primoz destruiu-me e ele merce ser o vencedor. O problema mecânico não o impediu de ganhar tempo. Antes do Giro eu sonhava com a vitória, mas agora fico um bocado desconfortável. O ciclismo não tem vencedores antecipados e no final ganha sempre o melhor». A penúltima etapa, o contrarrelógio individual entre Tarviso e Monte Lussari na distância de 18,6 km, provocou como se esperava algumas importantes alterações na classificação geral começando pela mudança de camisola rosa que passou do corpo de Geraint Thomas para o de Primoz Roglic, Thibaut Pinot (Groupama) que ficou em 5.º lugar, Thymen Arensman (Ineos) e Andreas Leknessund (Team DSM), acabaram por subir uma posição, ao contrário de Eddie Dunbar (Jayco-Alula) que foi o mais penalizado e desceu dois lugares. 19.ª ETAPA TARVISIO - MONTE LUSSARI KM (CRI) 1.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo-Visma) 44,23 m à média de 25,145 km/h 2.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos-Grenadiers) a 40 s 3.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates) a 42 s 4.º Damiano Caruso (Ita/Bahrain-Victorious) a 55 s 5.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ) a 59 s 6.º Sep Kuss (Usa/UAE-Team Emirates) a 1,05 m 7.º Brandon McNulty (Usa/UAE Team Emirates) a 1,07 m 8.º Thymen Arensman (Ned/Ineos-Grenadiers) a 1,18 m 9.º Andreas Leknessund (Din/Team DSM) a 1,49 m 10.º Jay Vine (Aus/UAE-Team Emirates) a 1,53 m CLASSIFICAÇÃO GERAL 1.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo-Visma) 82.40,36 h 2.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos-Grenadiers) a 14 s 3.º João Almeida (Por/UAE Team Emirates) a 1,15 m 4.º Damiano Caruso (Ita/Bahrain Victorious) a 4,40 m 5.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ) a 5,43 m 6.º Thymen Arensman (Ned/Ineos-Grenadiers) a 6,05 m 7.º Eddie Dunbar (Irl/Jayco-Alula) a 7,30 m 8.º Andreas Leknessund (Din/Team DSM) a 7,31 m 9.º Lennard Kamna (Ale/Bora-Hansgrohe) a 7,46 m 10.º Laurens De Plus (Bel/Ineos-Grenadiers) a 9,08 m PONTOS 1.º Jonathan Milan (Ita/Bahrain-Victorious) MONTANHA 1.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ) JUVENTUDE 1.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates) EQUIPAS 1.ª Bahrain-Victorious 247.56,00 h 2.ª Ineos Grenadiers a 16,22 m 3.ª Jumbo-Visma a 30,40 m