Ganna vai preparar Paris 2024 no Giro e Tour

Ganna vai preparar Paris 2024 no Giro e Tour

CICLISMO14.10.202318:14

O italiano Filippo Ganna (Ineos) com 27 anos, duas vezes campeão do mundo de contrarrelógio em 2020 e 2021, já definiu parte do seu programa para a próxima temporada, dando prioridade à luta pelas medalhas nos Jogos Olímpicos Paris 2024. 

Olhando para o percurso do Giro de 2024, constata-se que vai ter um início que satisfaz os gostos de quem quer espetáculo desde os primeiros dias, com o regresso das estradas brancas de terra batida, dois contrarrelógios, para especialistas, frações intermináveis nas altas montanhas em Livigno e Monte Pana, seguidas de uma curta, no coração dos Dolomitas e finalmente uma espetacular e dupla passagem por Grappa, incisiva mas não temível ou traumáticas. 

Exposta desta forma Volta à Itália do próximo ano parece uma joia lapidada. No entanto a quando se analisa a construção do percurso, descobre-se aos poucos a obra feita na parte negativa, ignorando duas pequenas joias como San Marino in Grania a Monte Sante Marie que poderiam ter impacto transversal numa etapa que apresenta 12 km ondulados, que permitem aos corredores atingir velocidades alucinantes, optando a organização (RCS) por tiradas mais simples e sem grande sentido.

Admitindo a possibilidade de estarem presentes alguns dos melhores ciclistas que integram os nomes de Pogaçar, Van Aert, Thomas, Almeida, Mas, Roglic, Evenepoel e Kuss, Filippo Ganna já deixou bem claro que quer ganhar medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e que tanto a Volta à Itália como a Volta à França servirão de preparação; «É evidente que vou lutar para que durante alguns dias consiga envergar a camisola rosa, mas a prioridade são os Jogos Olímpicos, sabendo que tenho de perder uns quilos antes da partida do Giro em Turim. Ainda temos que estudar o calendário com a equipa, mas admito não competir em algumas clássicas, todas as outras provas irão ser secundárias e servirão de abordagem. O Giro está em plena preparação e pretendo enfrentá-lo da melhor forma possível, gerindo bem a força física, que será certamente um excelente banco de testes», concluiu Ganna numa improvisada conferência imprensa em Turim.    

Os percursos das três grandes voltas (Giro, Tour e Vuelta), devem a médio prazo ser tema de debate entre equipas, ciclistas, organizadores de corridas, UCI e Comissão de Estrada, permitindo um maior equilíbrio de forças, que permitirá colocar mais competitividade e por consequência despertar um maior numero de seguidores nas estradas e nos meios de comunicação social.

Esta situação que nos parece atrativa e bem delineada, já foi debatida por diversas vezes em A BOLA, onde defendemos o ciclismo de ataque, valorizando as nossas principais competições, Volta o Algarve, Volta a Portugal, Volta ao Alentejo, Troféu Joaquim Agostinho, Grande Prémio JN, Grande Prémio Abimota e outras competições que merecem lugar de destaque na galeria do ciclismo português, no qual se inclui o extinto Porto – Lisboa ou as clássicas são do agrado dos portugueses. Naturalmente que somos acérrimos defensores da luta contra a dopagem, assim como criticamos a forma em que muitas das táticas utilizadas no ciclismo português se encontram desatualizadas, essas sim fazendo lembrar os primórdios da modalidade no nosso país, começando por saber se nove equipas Continentais serão o numero ideal para a realidade nacional, quando se verifica que o problema maior passa pelo ciclismo de formação, que tem tido por parte da Federação Portuguesa de Ciclismo com  um notório e crescente apoio, que a curto prazo irá dar os seus frutos.