João (-81 kg) conquista a segunda medalha no Circuito Mundial e quer ir aos Jogos, mas prefere não olhar para o ‘ranking’ de qualificação olímpica
«Como é que me sinto? Aliviado por ter ganho esta medalha. Feliz, mas, acima de tudo, aliviado pois não sei como está o ranking[de qualificação olímpica] — não me cabe a mim ver isso e nem gosto», afirmou João Fernando (-81 kg) a A BOLA pouco depois de garantir o bronze no Grand Prix da Áustria, na Tipz Arena, em Linz, ao derrotar o ucraniano Mykhailo Svidrak (30.º do ranking) com dois wazaris. O último a 50s do fim. Êxito que acontece após, na véspera, Maria Siderot (-52 kg) ter igualmente subido ao último degrau do pódio na 5.ª etapa do Circuito Mundial 2024.
«Tenho um objetivo, mas, para já, é chegar ao pódio em cada prova. Acho que ainda não é suficiente [para se qualificar para os Jogos]. Sinceramente, também prefiro não saber. Pelo menos andei para a frente e são pontos [350] que entram para o ranking. É melhor do que as últimas três competições, que haviam corrido bastante mal. Estava numa fase má. Hoje foi um bom dia. Espero ter mais», desabafou Fernando, de 24 anos, que terá segurado não só o 32.º lugar no ranking mundial, como o 26.º de apuramento para os Jogos de Paris-2024 e que o tem, virtualmente, mantido em posição de se qualificar pela quota continental.
CAMINHO PARA O BRONZE
João Fernando (-81 kg, 32.º do ranking)
Dominik Druzeta (Cro, 159.º), vitória por ippon - 1.34m Mihail Latisev (Mda, 23.º), vitória por wazari - 7.10m Madi Amangeldi (Kaz, 151.º), vitória por ippon - 3.58m Bernd Fasching (Aut, 112.º), vitória por wazari - 4.00m Antonio Esposito (Ita, 19.º), derrota por ippon - 1.53m Mykhailo Svidrak (Ucr, 30.º), vitória por ippon - 3.10m
Pódio -81 kg: 1.º, Antonio Esposito (Ita); 2.º, Pawel Drzymal (Pol); 3.º, João Fernando (Por) e Joji Togo (Jpn).
Foi a segunda medalha no Circuito depois do bronze no Grand Prix de Zagreb-2022. Em 2023 quedou-se por três ocasiões a uma vitória no pódio, desta feita não. «Este tem um sabor diferente porque é um grand prix. Nos outros fiquei perto mas eram grand slams, o que faz alguma diferença. Mas é bom», diz com sinceridade o prata no Euro júnior de 2019, que evita falar muito sobre o apuramento olímpico e o sonho dos Jogos. «Só espero que tenha sido o primeiro de mais. Não quero ficar pela quota, quero maior segurança e integrar o grupo. Mas lá está, para não me stressar muito, vão vejo como estou», reforça.
A única derrota do sportinguista aconteceu na meia-final contra o italiano Antonio Esposito (19.ª) que o derrubou aos 2.07m do fim, vindo depois a ganhar a final, também por ippon, face ao polaco Pawel Drzymal (50.º). «Gostei que as projeções tenham saído, mas não sinto que tenha estado ao mais alto nível em nenhum dos combates. Sobretudo naqueles em que projetei cedo, depois senti dificuldade em gerir a vantagem. Acabou por correr bem e quase sempre estive no controlo da luta, mas pus-me em perigo algumas vezes», analisou João que, na 2.º ronda, foi obrigado a 7.10m para ultrapassar o moldavo Mihail Latisev (23.º), um dos adversários mais complicados além de Esposito e Svidrak.
Masculinos Sexta-feira -60 kg: Emerson Silva, não classificado (0 v-1 d) Sábado -73 kg: Otari Kvantidze, não classificado (1 v-1 d) -81 kg: João Fernando, 3.º classificado (5 v-1 d) Domingo -100 kg: Jorge Fonseca, I. Bozbayev (Kaz)
Selecionadores: Marco Morais e Pedro Soares
«Foi um dia bom porque projetei muito, mas também tenso nos combates. Ia relaxado para eles, confio nas minhas capacidades, e evitei erros que havia cometido nas últimas provas. Mas foi contra o moldavo que senti que estava num dia concentrado», conta.
Judoca do Sporting volta ganhar bronze no Grand Prix da Áustria e depois de ter visto o resto da época em risco por causa de uma lesão no joelho e problemas pessoais. Agora está de novo na corrida aos Jogos de Paris-2024, sonho pelo qual não quer deixar de lutar
E o que foi diferente em relação ao Grand Prix de Portugal e os slams de Paris e Tashkent? «A atitude. A base está na concentração. De resto, em termos de preparação física não senti grandes distinções. A cabeça é que fez a diferença», concluiu.