«Estou bastante feliz pela oportunidade. A natação foi a modalidade que pratiquei enquanto jovem, mas igualmente pela possibilidade em poder desenvolver o meu trabalho ao mais alto nível. E esse sempre foi um objetivo profissional», declarou Nuno Pina A BOLA sobre o enorme desafio que abraçou a 1 de abril e ao qual estará ligado até aos Jogos Olímpicos de Paris-2024 como fisioterapeuta da poderosa federação chinesa de natação. Nuno, de 31 anos, tem forte ligação à modalidade. Praticou-a ao longo de 16 anos, 10 a nível competitivo, e cresceu como atleta no Benedita e Sporting, tendo disputado as principais competições nacionais e meetings internacionais enquanto o irmão Guilherme, de 24, representou Portugal em dois Europeus, um Mundial, sendo ainda recordista nacional dos 1500 livres. Algum tempo depois de ter terminado a competição Nuno voltou aos cais das piscinas, mas então como fisioterapeuta da federação portuguesa, entre 2014 e 2019. Pelo meio fez ainda parte da equipa técnica do Comité Olímpico de Portugal (2018-2019) em eventos com os Jogos do Mediterrânio e FOJE. Isto depois da carreira ter também passado pelo hóquei do Benfica, entre 2014-2015 No entanto, após nas três passadas temporadas ter acompanhado a equipa de basquetebol do Sporting liderada por Luís Magalhães que conquistou um título de campeão da Liga, três Taças de Portugal, uma Taça da Liga e duas Supertaças, há poucos meses viu abrir-se uma oportunidade com a qual nem sonhara. Pina conta como tudo se passou. «Comecei por receber um link de facebook, enviando por um ex-estagiário meu, que dava acesso a uma publicação de um colega fisioterapeuta australiano. Conheci-o apenas de nome, pois tinha sido fisioterapeuta pessoal de um nadador internacional chinês de referência, Sun Yang», declara referindo-se ao campeão olímpico em três ocasiões, num total de seis pódios, e 11 vezes campeão do mundo em piscina longa, evento em que foi 16 vezes medalhado. Ex-recordista mundial dos 1500 livres, Sun treinou-se várias épocas na Austrália até a carreira começar a ficar ensombrada com suspeitas de uso de doping e a federação aquele país ter proibido que frequentasse as suas instalações. «Nessa publicação procuravam interessados para projeto com nadadores de elite. Hesitei em contactar, mas, após três dias, decidi enviar mensagem a perguntar por mais informações. O colega pediu então para enviar o meu currículo, ao qual respondi com o link do meu LinkedIn», vai contando. «Passados alguns dias recebi um e-mail para a oportunidade de trabalho na CSA [China Swimming Association, federação do país], onde solicitavam o envio do meu currículo completo, agora em inglês. Após ter terminado o processo de seleção tive informação que havia ficado com o lugar de fisioterapeuta da seleção chinesa de natação até aos Jogos Olímpicos de Paris 2024», salienta com orgulho. «Seguiu-se uma profunda reflexão e momentos de negociação, mas acabei por aceitar e aqui estou hoje, na China. Desde que aterrei no aeroporto de Pequim tenho sido muito bem recebido por parte de todos os elementos da equipa: desde dirigentes, treinadores, staff de saúde e performance e, surpreendentemente, pelo grupo de nadadores» vai revelando. «E, após quatro dias, comunicaram-me que ficaria responsável pelos denominados ‘key swimmers’, top-8 nadadores da seleção. No dia-a-dia acompanho este grupo em permanência, assumindo a componente de reabilitação física e trabalho de dryland - redução do risco de lesões e demais rotinas complementares fora de água». «Neste momento encontramo-nos em estágio na cidade de Jinan a preparar os próximos campeonatos nacionais que decorrerão na primeira semana de maio. Confesso que a adaptação à alimentação e comunicação diária têm sido, por enquanto, os principais desafios. São poucos os elementos da comitiva que falam inglês, mas a motivação tem ultrapassado as dificuldades», concluiu.
