Quando o Dream Team subiu ao pódio nos Jogos de Barcelona-1984 para receber a medalha de ouro conquistada na estreia olímpica de jogadores da NBA, muitos pensaram que as superestrelas Michael Jordan, Charles Barkley e Magic Johnson levavam a bandeira dos Estados Unidos em volta dos ombros por puro americanismo e para vincar o domínio que haviam tido sobre todos adversários. Puro engano. Havia uma história por trás da situação. Com contratos comerciais pessoais com marcas de equipamentos, os basquetebolistas da NBA não queriam surgir equipados com o logo da Reebok, rival da Nike e Converse, num momento que seria emitido para todo o mundo e gravado para a posteridade. Por isso tentaram não vestir o fato de treino ou só mesmo o blusão. Porém o Comité Olímpico dos EUA informou-os que estavam, também sob contrato, obrigados a irem ao pódio formalmente equipados como acontecia com toda a comitiva americana. Houve momentos de fricção, mas tudo acabou por se resolver facilmente. A maioria dos 12 elementos do Dream Team abriu as bandas do blusão de tal maneira que o logo da Reebok deixou de se ver, no entanto, Jordan, Barkley e Magic foram mais longe e levaram uma bandeira para ajudar a cobriu tudo. Ora, o blusão que Michael Jordan então usou ficou na posse do vice-presidente para as comunicações da NBA e vice-presidente para as comunicações de basquetebol da NBA Brian McIntyre durante 31 anos, o qual o levou a um leilão da Sotheby’s que começou em maio e que acabou agora arrematado por 1,512 milhões de dólares (1,388 milhões de euros). Pouco depois de sair do pódio, Jordan dirigiu-se a McIntyre, um velho conhecido que também estava ao serviço da USA Basketball, e ofereceu-lhe o blusão. Cruzando-se os caminhos de ambos frequentemente, passados dois anos McIntyre quis devolver o blusão a MJ, mas este recusou e até o autografou e fez uma dedicatória: «Para Brian, obrigado por tudo, Michael Jordan». Os dois conheciam-se há muito. Brian McIntyre havia dirigido o departamento de marketing e de comunicação dos Bulls até pouco antes de Michael Jordan ser escolhido por Chicago na 3.ª posição do draft de 1984. Saíra porque o então commissioner Larry O’Brien – sim, esse mesmo a quem deram o nome ao atual troféu de campeões da NBA - o levara para Nova Iorque em 1981 para coordenar o departamento de comunicação da Liga onde se manteve durante mais de 33 anos e foi um dos homens de confiança de David Stern e mais tarde de Adam Silver. Por isso as vidas de McIntyre e Jordan cruzaram-se sucessivamente enquanto aquele foi jogador – Brian aparece junto à linha lateral numa das icónicas fotografias de Michael a voar desde a linha de lance livre no Concurso de Afundanços do All-Star – e até enquanto dono dos Charlotte Hornets. O respeito é mútuo e por isso, antes de ter colocado o blusão em leilão McIntyre, que justificou que já disfrutara dele e era mais fácil fazer isto do que deixá-lo aos filhos, perguntou a Jordan se este não se importava que o colocasse à venda. Mais uma vez Michael disse que não e o objeto seguiu para a Sotheby’s onde se pensava que poderia atingir 1 milhão de dólares. Foi um pouco mais…