Terceiro classificado em 2021, segundo colocado em 2022, o lisboeta Frederico Figueiredo, de 32 anos (Glassdrive-Q8-Anicolor) é, por muitos apontado como o principal corredor luso a suplantar o seu chefe de fila na equipa, o uruguaio Maurício Moreira, e conquistar a tão ansiada vitória na 84.ª edição da Volta a Portugal em bicicleta, que se inicia na quarta-feira, dia 9 do corrente mês, com o prólogo, de 3,6 km, em Viseu. Uma prova em que, prometeu esta terça-feira, em exclusivo a A BOLA, que quer «agarrar a oportunidade com unhas e dentes». Uma responsabilidade que ‘Fred’ não enjeita e ambição que não esconde no remanso e tranquilidade do Grande Hotel do Luso, onde a equipa dirigida por Rúben Pereira se encontra alojada, a 80 km do palco das primeiras pedaladas da Volta-2023, o corredor nascido em Lisboa não enjeita e, na tarde desta terça-feira, véspera de se iniciar a Grandíssima, assumiu por inteiro e, em entrevista a A BOLA, com o conforto de olhar para o companheiro de equipa uruguaio como almofada de segurança da equipa: se não ganhar um, há o outro para duplicar as hipóteses de o triunfo voltar a ficar na equipa… e ‘em casa’. - Terceiro classificado em 2021, segundo lugar em 2022. Agora, é para ganhar? Em que lugar espera acabar esta Volta? - Agora, claro que a evolução natural é ser primeiro em 2023 [risos]. - O seu amigo, companheiro de equipa e vencedor em 2022, o uruguaio Maurício Moreira, estará de acordo? - Estava a brincar [risos]. O mais importante é que a nossa equipa, a Glassdrive-Q8-Anicolor, consiga levar de vencida esta Volta a Portugal. Isso é que conta. Seja por meu intermédio ou por qualquer outro ciclista. O fundamental é que a equipa consiga ganhar. - Mas ter os dois principais ‘galos’ candidatos ao ‘poleiro’ no mesmo ‘galinheiro’ não gera uma certa tensão entre vós, mesmo companheiros de equipa? - Para nós, enquanto companheiros de equipa, até é bom. Porquê? Retira-nos um pouco da pressão das costas. Para as outras equipas, aumenta, olhar para a nossa equipa e ver que temos, se calhar, até quatro ciclistas candidatos a disputar a vitória na Volta a Portugal. Para nós, o retirar-nos pressão das costas leva-nos a encarar a corrida com o máximo de tranquilidade possível, pois a Volta é uma corrida que mexe sempre com o coração, além das pernas. A estrada é que vai ditar. - No seu caso, sendo um dos principais candidatos, naturalmente, e a correr no seu País, isso aumenta o incentivo dos fãs estrada fora… mas também a responsabilidade. - Sim, em 2022 quando andei de ‘amarelo’, senti isso um pouco. Ouvir tantas vezes o meu nome falado por tantos, na berma e beira das estradas, em todas as terras, foi muito bom. Deram-me uma força e ânimo que conta muito, e muitas vezes são aqueles cinco por cento de psicologia que fazem a diferença. Isso conta muito, e é importante para Portugal ter um português a discutir a vitória. - Henrique Casimiro ou António Carvalho estão nesse lote de principais rivais portugueses? - Sim, mas também o Jesus Del Pino, o Vicente De Mateos. Há muitos candidatos à disputa da vitória. - Onde acha que se vai decidir esta Volta, nos sítios onde a estrada empina mais, Torres, Senhora da Graça e Larouco? A montanha será o principal adversário dos corredores? - Olhe, o primeiro adversário vai ser o calor, que vai apertar nas etapas na ‘fornalha’, na passagem pelo Alentejo e Algarve. Depois, iremos chegar à serra da Estrela, que irá ser o primeiro choque de tempos que irá trazer. A etapa da Guarda será muito dura, também. Depois, na segunda semana, vem a dureza, com o Larouco, a etapa que termina em Face muito dura também, a Senhora da Graça, e o contrarrelógio a acabar, no dia 20, que acaba na subida de Santa Luzia [Viana do Castelo]. - Passado um ano da Volta-2022, é o interlocutor ideal para nos resumir: o segundo sente-se, verdadeiramente, o primeiro dos últimos… ou não? - O segundo é sempre o primeiro dos últimos, nada há a esconder quanto a isso [risos]. Costumam dizer isso… e é verdade. Mas fiquei contente por ter sido o Maurício [Moreira] a ganhar. Não guardo rancor algum: fiquei, mesmo extremamente contente, depois do que ele tinha passado em 2021, em que hipotecou a eventual vitória na Volta com uma queda no contrarrelógio decisivo. Por isso, fiquei extremamente contente. Mas, como já disse muitas vezes, se puder ganhar uma Volta a Portugal é uma oportunidade que vou agarrar com unhas e dentes! Se não ganhar, há muitas mais pela frente, e outras que já ganhei. Sinto-me completamente realizado como ciclista. Agora se a puder agarrar, não a vou deixar fugir.