O ciclista da equipa britânica INEOS Grenadiers participou, no último domingo, no Critério de Saitama do Tour de França, no Japão, corrida de exibição para promoção da Grande Boucle naquele país, aproveitou para fazer um balanço da temporada finda. No rescaldo de 79 dias de competição, apesar da ausência de resultados relevantes, Bernal encara com otimismo o próximo ano, e desde logo com um objetivo ambicioso em mente: vencer a Volta a Espanha para aceder à elite de ganhadores das três grandes voltas: Jacques Anquetil, Felice Gimondi, Eddy Merckx, Bernard Hinault, Alberto Contador, Vicenzo Nibali e Chris Froome. Apesar da redobrada motivação, Egan Bernal ressalva o «calvário» por que passou nos últimos dois anos e que a oportunidade de continuar a viver o sonho já é uma dádiva, afirma o corredor, de 26 anos. «Ter recuperado deste acidente ao ponto de poder voltar a ser ciclista profissional de alta competição foi um acontecimento excecional, não sou eu que o diz, mas os médicos que me acompanharam, por isso, acima de tudo, estou grato e feliz por estar vivo e a competir, continuando a desfrutar deste sonho de infância que é ser corredor”, frisou Bernal. «No ciclismo pensa-se sempre em ser o número um e vencer o Tour de França, e eu também… antes do acidente… Mas podia ter morrido naquele acidente, acabei na cama de um hospital sem conseguir mover-me durante dias, e todas as coisas por que passei na reabilitação... Sei o quanto foi difícil. Tenho sorte de estar vivo. Quando acordei do acidente, não me perguntei se voltaria a ser ciclista ou não. Só queria voltar a andar e levar uma vida normal», recordou. Ao completar o Tour (na 36ª posição da geral) e a Vuelta (55ª) em 2023, Bernal certamente sofreu em cima na bicicleta, mas espera que colher os frutos da sua perseverança. «No final da temporada estava cansado mental e fisicamente. Mas creio que foi uma boa decisão fazer esse tipo de sequência, tendo em vista a próxima temporada, e dá-me confiança. Diverti-me mais na Vuelta do que no Tour. No Tour, estava no limite todo todos os dias. Depois de uma semana, estava completamente vazio e não consegui aproveitar a corrida. Mas na Vuelta, apesar de não ter conseguido grandes resultados, desfrutei. Consegui atacar várias vezes…», explica. «Acordo todos os dias a pensar que voltarei ao meu melhor. Tenho essa mentalidade, de que poderei ser um dos melhores do mundo outra vez, porque, senão, creio que simplesmente abandonaria o ciclismo. Para estar verdadeiramente feliz com minha carreira, tudo que preciso é vencer a Vuelta», anunciou Bernal. Para conquistar essa felicidade, o colombiano terá eventualmente de vencer algum – ou alguns - dos principais corredores da atualidade, como Jonas Vingegaard, Tadej Pogacar, Primoz Roglic, Sepp Kuss ou Remco Evenepoel. «São muito competitivos. Mas quando eu estava bem, em 2019 e em 2021, também sentia ser capaz de ganhar tudo. Não creio que eles [os melhores corredores do momento] tenham algo mais que eu não tinha antes do acidente. Não sei se será possível voltar a estar ao nível deles, mas é o que estou a tentar», conclui Bernal.