Os batoteiros e viciados no doping não param de surpreender e enganar companheiros de profissão e laboratórios no combate ao uso de substâncias proibidas, no caso concreto o ciclismo e, descobriram um novo método de dopagem, embora arrisquem a saúde no decorrer do processo. Neste caso trata-se de uma hemoglobina 40 vezes mais potente que a hemoglobina humana e originada num verme marinho. Denominada por Marina Arenicola, trata-se e um verme com incrível capacidade de absorver oxigénio, pois passa muito tempo enterrado ou debaixo de água. A uma investigação cientifica iniciada em 2007 e discutida pela primeira vez em 2014, seguiu-se outro estudo em 2020 em tempos de covid e este ano no decorrer da Volta à França, houve contactos de um ciclista do Tour com o médico responsável pela investigação. Quarenta vezes mais oxigénio Segundo estudos realizados por Franck Zal, criador do Hemarina, o referido verme pode incorporar 40 vezes mais oxigénio com moléculas 250 vezes menores. Mas, no caso em questão, a droga criada é indetetável nas análises a que tem sido sujeita em diferentes laboratórios e na Agência Mundial Antidopagem (AMA). Há poucos dias Zal, que instalou as suas explorações num areal marinho nas Ilha de Noirmoutier, ao largo da Costa Vendeia, no Oceano Atlântico, iniciou a criação com fins médicos, incluindo transfusões. Nada de mais. A questão é que foi constatado que a hemoglobina funciona perfeitamente em animais e foram confirmados testes efetuados em humanos em 2016. No desporto, acredita-se que seja utilizada já há alguns anos, principalmente em esquiadores e ciclistas. Franck Zal, entretanto, reconheceu que a sua medicação tem sido solicitada por academias e atletas de todo o mundo. «Fomos contactados por pessoas que sabem que se trata de doping. A molécula é quase idêntica aos glóbulos vermelhos humanos, por isso são quase indetetáveis, especialmente em microdoses», disse o cientista em declarações à Rádio Canadá, em Toronto, no decorrer da última temporada. O assunto voltou a ser tema de discussão depois de uma reportagem do jornal L’Equipe, em que um ciclista estrangeiro que participou na última Volta à França abordou Zal, afirmando que queria o referido produto. A partir daí o pesquisador diz estar em contacto com a AMA para desenvolverem em conjunto um teste capaz de detetar a substância. Hemoglobina em pó dura 5 anos. Hemoglobina em pó dura cinco anos «Recebemos diversas solicitações diretas de atletas ou academias, que queriam saber como obter a substância. Para complicar ainda mais, a hemoglobina em questão é um pó e pode ser escondido mais facilmente do que uma bolsa de sangue e também pode durar cerca de cinco anos», vai contanto cientista. «Na prática é um medicamento perfeito e há dois anos que vários especialistas se preocupam, insistindo que o passaporte biológico deve ser modernizado e que esta substância poderá vir a ser detetada, mas, acima de tudo, deve ser identificado por testes antidoping no máximo quatro a oito horas após a ingestão porque, caso contrário, não deixa vestígios e a utilização nem sequer é detetável. Também fiquei a saber da sua possível utilização em cavalos de corrida», revelou ainda o clínico. «Esta super-hemoglobina pode ser liofilizada e armazenada por muito tempo sem necessidade de cuidados especiais e transportada com grande facilidade», concluiu o médico especialista, que não se limitou a registar os contatos recebidos como informou os agentes da OCLAESP, polícia francesa especializada no combate à fraude desportiva. Já está à venda na Europa Os produtos da Hermarina encontram-se atualmente a ser examinados pelas comissões competentes em matéria para uso humano direto como transportador de oxigénios de medicamento. Embora ainda falte a aprovação, de um conservante contendo hemoglobina marinha destinado a procedimento de transplante, obteve recentemente a classificação CE que permite a sua comercialização e é, portanto, vendido e encontra-se disponível na Europa. Porém, até agora não foram publicados quaisquer dados sobre a administração, o que evidentemente complica a administração de M101 em humanos, o que evidentemente complica a tarefa dos investigadores antidopagem.