É chover no molhado: depois do Rio, Oliveira repete diploma em Paris
Nélson Oliveira foi 7.º no contrarrelógio e conquista a primeira distinção de honra de Portugal; Evenpoel é campeão olímpico e Rui Costa fica no 35.º lugar
Aí está o primeiro diploma olímpico para Portugal! Depois das lágrimas de Catarina Costa pela manhã, o sorriso rasgado de Nelson Oliveira após concluir o contrarrelógio no 7.º lugar (+1.30,99m), que lhe permite igualar o resultado alcançado no Rio de Janeiro, em 2016.
O ciclista de Vilarinho do Bairo era o terceiro classificado quando terminou os 32,4 quilómetros no percurso montado em Paris, ficou logo a ideia que de o tempo podia valer um dos oito primeiros lugares, o que se veio a confirmar.
No final, a expressão de alegria de Oliveira não enganava. Afinal, tinha acabado de conseguir os dois objetivos que tinha traçado.
«Sabíamos que era importante não correr demasiados riscos, porque podíamos perder tudo. Felizmente, consegui chegar à meta são e salvo e alcançar aquilo que queria, que era levar para casa um diploma olímpico e, pelo menos igualar o resultado do Rio de Janeiro», disse aos jornalistas na zona mista.
«O sonho é sempre uma medalha, mas sabemos que há ciclistas melhores. Era difícil chegar ao pódio, ainda que não impossível. Mas o diploma, eu sabia que estava ao meu alcance e consegui», acrescentou, orgulhoso.
Aos 35 anos, em mais uma prova de que é um ciclista de enorme regularidade, Nelson Oliveira repetiu o resultado alcançado há oito anos, algo que diz só ser possível por ter as costas bem protegidas.
«Acho que o segredo é ser resiliente, e trabalhar sempre para manter o nível. Os anos vão passando, mas continuamos aqui e isso é bom sinal. Mas também sei que há um grande apoio por trás de mim, tanto a minha família, como os amigos, e da minha equipa. E é isso que também me ajuda a poder trabalhar todos os dias de igual forma», enaltece.
Realeza a ver o rei Remco ganhar
Quem também não se pode queixar de falta de regularidade é o novo campeão olímpico. O belga Remco Evenpoel (36.12,16m). O campeão do mundo da especialidade juntou à camisola arco-íris a conquista nas olimpíadas, ele que também já conquistou o título mundial de estrada.
E recorde-se que tem apenas 24 anos. Num dia que foi particularmente feliz para a Bélgica, que também arrecadou a medalha de bronze por Wout van Aert (+25,62s) – a prata ficou para o italiano Filippo Ganna (14,92s) -, nem a realeza faltou ao coroar dos dois ciclistas.
Instantes antes da conclusão da prova, a família real belga passou na zona mista, sob um enorme aparato de seguranças, para poder congratular Evenpoel e Van Aert, tal era a confiança de que algo bom estava para acontecer.
Quando a Rui Costa, o outro português em prova, terminou no 25.º lugar entre 34 participantes, gastando mais 2,47 minutos do que o vencedor. O antigo campeão do Mundo português, porém, não ficou desiludido com a prova, uma vez que aquela está longe de ser a sua especialidade, e há uma prova em que pode dar cartas no próximo sábado.
«A chuva tornava o percurso muito mais perigoso. E neste tipo de dias, o importante é ter prudência nas curvas e rotundas que havia ao longo do percurso. A estrada estava muito irregular, mas as minhas pernas até responderam bem. Não tive muito tempo a preparar esta disciplina, o resultado não é excelente, mas o mais importante é estar bem para a prova em linha», finalizou.